A Praia do Francês, no litoral sul de Alagoas, é um reduto de surfistas. Lembro-me da minha primeira viagem, em meados de '83, acompanhado do meu irmão Anderson e de um tio que hoje não surfa mais. Fomos num Fiat velho, com pranchas no teto em cima de uns colchonetes. Naquela época, pousada e restaurante era coisa de burguês. Levamos nossa barraca, armamos no coqueiral em frente ao pico e comíamos o que levamos de casa. Era surf o dia todo! Estávamos ali pra isso! Nem banho doce tomávamos!
O Francês era mágico. O mar verde transparente, aquelas ondas perfeitas e sem crowd, a areia branquinha e o coqueiral ao fundo faziam a nossa cabeça. Depois da minha primeira viagem, sempre que tinha possibilidade, largava-me pra lá. Fui várias vezes no ônibus da São Geraldo que saía de Aracaju à meia-noite e descia no entroncamento que dá acesso ao povoado, distante uns dois km, por volta das quatro da manhã. Foram várias viagens como essa, com vários amigos diferentes: Gilvan Lobo, Alberto Chocolate, Esdras, Sérgio Sessé, entre outros.
Numa dessas viagens, já com a minha esposa, passamos uns vintes dias, até que num final de semana que rolava um campeonato nordestino, uma birosca que servia almoço pra galera teve a comida estragada por uma bactéria que derrubou todos que comeram lá naquele dia. Foi uma parada sinistra! Dezenas de surfistas com infecção intestinal. Passei mal uns dois dias até que precisei ir ao Pronto-Socorro de Macéio já bem desidratado e fiquei por 24 horas tomando soro. Relativamente recuperado, voltamos para mais uma semana por lá. São muitas histórias do Francês, algumas de dias clássicos e outras bem cabulosas, como quatro dias de chuva dentro de uma barraca com três caras.
Nessa Semana Santa, voltamos lá depois de uns seis anos. Confesso que fiquei um pouco triste com o que vi: o desenvolvimento, a especulação, o comércio, o crowd intenso, tudo isso afasta aquela magia do lugar. Pra piorar, não deu onda! Apenas na sexta-feira santa ficou bonito. Foi bom rever alguns amigos: o Rei, que todo dia no final da tarde aparecia na praia pra ver seu pupilo quebrando as ondinhas; o Moabe, que disse que não estava surfando porque estava machucado; o Marcondes, que quase não reconheci de gordo, mas ainda quebrando tudo!
É uma pena que o desenvolvimento "destrua" certos lugares. Tenho certeza que na baixa estação, nos dias de semana, ainda possamos sentir naquela praia o que sentíamos há alguns anos, só não sei por quanto tempo. Vida longa ao Francês!!
Realmente Valdeck, o Francês era um paraíso, hoje é o desenvolvimento, a especulação, o comércio, o crowd intenso, tudo isso afasta aquela magia do lugar. mais o importante são as lembranças, as estórias e o mais importante de tudo isso, são as amzades que ficam.
ResponderExcluirAbraço
Verdade grande Valdeck!! Bons tempos de Francês...lembro que ia pra lá qd era guri e ficava numa expectativa gigantesca, parecia que estava indo pra Indonésia...Muito tempo não vou lá, pois já estava feio há coisa de 10 anos atrás....imagine hj! Uma pena!
ResponderExcluirVc falou do Marcondes,o cara desapareceu do cenário profissional tb né?!!...
É isso....gde abraço!