A música inspira o surf.

Sempre estiveram presentes na minha vida. Chegaram juntos e tomaram conta dos meus pensamentos, fazendo com que, a eles, tudo esteja relacionado.

O surf é o meu estilo de vida. Ele dita o meu ritmo. Um amor que perdura por quarenta anos e está cada vez mais sólido.

A música é essencial. Torna momentos marcantes e inesquecíveis pelo simples fato de estar presente.

Nessa trajetória, já percorremos milhares de quilômetros em busca das melhores ondas, sempre embalados pelo bom e velho Rock 'n Roll.

terça-feira, setembro 27, 2016

Jack White


Ícone é aquele que se distingue, que é símbolo de uma época, ídolo. Jack White é um ícone de nossa época. Compositor, cantor, músico, ator, produtor e empresário. Formou sua primeira banda em 1997, um duo com sua esposa à época, Meg White, na qual ela tocava bateria, ou melhor, surpeendia todos com suas performances sobre aquele instrumento, sobretudo com sua postura descompromissada e relaxada, e ele fazia todo o resto. Não era, nem é algo comum uma banda com apenas guitarra e bateria. De logo imagina-se um som vazio, ledo engano quando temos alguém como Jack White por trás.

"Jack White Acoustic Recordings 1998-2016" é uma compilação acústica que acaba de ser lançada pela Third Man Records, gravadora independente do próprio White que traz, de forma muito interessante porque respeita a linha do tempo do artista, uma releitura de toda a carreira desse talentoso musico com cara de vampiro, exímio guitarrista e cantor singular.

"Sugar Never Tasted So Good" foi sua primeira composição, data de 1996, foi lançada em 1997 como single e está no primeiro disco da banda, "The White Stripes", de 1999. Uma mistura de garage rock, blues e punk era o que eles faziam, algo no mínimo inusitado, contagiante e inédito, uma boa dose de oxigênio - ou lisergia - na música da época.

Não por acaso, é essa mesma música que abre essa compilação na qual o autor buscou juntar gravações antológicas, inéditas, ensaios, tanto da sua antiga banda, quanto dos seus trabalhos com outros músicos, seus projetos, suas outras bandas e sua carreira solo.


A banda "The White Stripes" durou até 2010, embora em 2006 Jack também já estivesse envolvido com a banda "The Raconteurs", e a partir de 2009 com a "The Dead Weather", tudo ao mesmo tempo, prova da sua notável capacidade, conciliando ainda seu trabalho solo.

"Apple Blossom", segunda música escolhida para a coletânea está no segundo disco da banda, "De Stijl", de 2000. Foi com ela que ele se apresentou pela primeira vez na TV americana. "I'm Bound To Pack It Up" vem na sequencia, e aqui percebemos uma roupagem Zeppeliana, enriquecida por um violino tocado por um tio de Jack, um ponto alto do disco.

"Hotel Yorba" tem a alma da "The White Stripes", apenas a voz marcante de Jack, batidas no violão e bateria punk são a tônica. "We're Going To Be Friends" eleva o nível, foi um sucesso da banda e aqui está linda, com Jack cantando de forma sublime. Se você estava de olhos fechados apenas sentindo essa música, continue assim, porque a próxima vai ainda mais fundo, "You've Got Her In Your Pocket" é uma bela canção apenas com voz e violão, quando podemos confirmar que às vezes menos significa mais.

Quem assistiu o filme "Cold Mountain" vai lembrar de "Never Far Away", música que está presente na trilha sonora. "White Moon" é tocada ao piano por Jack para Meg em um momento solene lá em 2005, pouco antes da sua separação. "As Ugly As I Seem" vai às raízes do blues do Tennesse, Jack dedilha seu violão e Meg toca a bateria com as mãos, nada mais rústico que isso. 


Quando vi esse disco me veio imediatamente em mente os projetos de Bob Dylan quando este faz seus "bootlegs oficiais" acústicos, e a próxima música reforça essa minha visão. "Honey, We Can't Afford To Look This Cheap" é tocada ao piano, a bateria acústica soa abafada e ouve-se no último minuto uns slides de guitarra que foram tocados por Beck. 

Apenas duas músicas dessa coletânea foram tiradas dos Raconteurs, ambas do segundo disco. "Top Yourself", que aqui aparece no estilo bluegrass, com banjo e violino, e "Carolina Drama", numa versão acústica intimista, com Brendan Benson tocando slide no violão, uns backing vocals maravilhosos de Karen e Kate Elson, violinos solando à vontade e Jack mandando ver na sua guitarra.

A partir daí começa a fase da carreira solo de Jack e a primeira é "On and On and On", uma música muito bonita onde ele canta "...só Deus sabe aonde estou indo...", o que demonstra sua inquietude e incertezas. "Blunderbuss" é a faixa título do seu álbum de 2012, do qual também vieram "Hip(Eponymous) Poor Boy" e "I Guess I Should Go To Sleep".

O disco encerra com três músicas do disco Lazaretto de 2014, com destaque para "Entitlement", onde Jack invoca os músicos de Nashville, onde tudo começou, de onde vieram suas influências, alguns de seus ídolos, a sua formação musical que aliada ao seu talento natural transformaram-no em um artista que hoje é reconhecido pelos mestres e idolatrado pelos fãs.


domingo, setembro 11, 2016

A polêmica WSL


O critério de avaliação do surf competição sempre foi subjetivo, embora essa subjetividade venha sendo diminuída tanto pela evolução e definição de regras claras como pela capacitação dos juízes. No entanto, é um tanto comum vermos julgamentos que contrariam tudo que aprendemos com o tempo. 

Não quero aqui defender esse ou aquele atleta, mas já faz algum tempo que está ficando clara a parcialidade da entidade maior do esporte, aquela que deveria servir de exemplo. É triste quando fica exposta a intenção em favorecer alguns em detrimento de outros, seja por nacionalidade, patrocínio ou imagem. 

Kelly Slater é o maior surfista de todos os tempos, onze vezes campeão do mundo, ninguém questionou ou impediu a sua supremacia. Contudo, os dois últimos títulos mundiais do Brasil parecem que afetaram a credibilidade e dignidade da WSL que está agindo de forma criminosa a fim de impedir um possível terceiro título de um brasileiro. 


Quando o Gabriel venceu o título mundial, também venceu ao Julian naquela final em Pipe, mas não permitiram duas vitórias tão importantes num só momento para quem nunca havia vencido. Recentemente vimos no Tahiti o Gabriel sendo prejudicado contra o JJF, onde merecidamente faria a final com o Kelly, e hoje, de forma escandalosa, impediram a vitória do Gabriel contra o Tanner Gudauskas, que com ela chegaria a liderança do circuito, já que os dois que até então estão na sua frente já perderam. 


Quem ama o surf, acompanha as competições e tem um mínimo de entendimento técnico ficou revoltado com a nota absurda nessa bateria que eliminou o Gabriel. O Tanner já havia conseguido um 8,67 numa onda com apenas três manobras sólidas. Gabriel precisava de um 8,34 para virar, fez a melhor onda da bateria com uma sequencia incrível de manobras com força e fluidez, esmerilhou a onda do início ao fim, mas os juizes não viram o que todo o mundo viu, eles deram 8,8/8,5/8,2/8,2/7,8, que na média resultou um 8,3, muito abaixo do real valor daquela onda e míseros 0,04 centésimos abaixo do que ele precisava. 

É triste e revoltante ver isso acontecer, ver o caminho escuso que a WSL está seguindo. Cada vez mais, o que era dúvida fica claro, a entidade ou quem está por trás dela não deseja ver a troca de guarda, a supremacia brasileira tomando conta de um circuito que sempre foi dominado por australianos e americanos. 

Parece que o momento é de extrema reflexão e de necessária mudança nos critérios de julgamento, pois subjetividade é uma característica saudável, mas não pode se transformar em poder tirano.