A música inspira o surf.

Sempre estiveram presentes na minha vida. Chegaram juntos e tomaram conta dos meus pensamentos, fazendo com que, a eles, tudo esteja relacionado.

O surf é o meu estilo de vida. Ele dita o meu ritmo. Um amor que perdura por quarenta anos e está cada vez mais sólido.

A música é essencial. Torna momentos marcantes e inesquecíveis pelo simples fato de estar presente.

Nessa trajetória, já percorremos milhares de quilômetros em busca das melhores ondas, sempre embalados pelo bom e velho Rock 'n Roll.

segunda-feira, fevereiro 27, 2017

WCT 2017


Está quase começando a grande maratona do surf mundial...Novamente o WCT virá com as 11 etapas, no mesmo formato e mesma disposição de países, apenas o Rio de Janeiro mudará de praia, saindo da "Cidade Maravilhosa", indo para onde tudo começou, Saquarema. 

A Australia, "perna" do circuito mais importante - digo isso pois é o único pais que sedia 3 etapas - já está preparada e recebendo os 34 surfistas da elite. Falando neles, a sempre incógnita Kelly Slater continua assombrando. Manteve-se entre os 10 no ano passado e volta pra briga, sempre perigosíssimo; Owen White, afastado por contusão há um ano, deve ser presença garantida como convidado. Entre os brasileiros, o time perdeu dois nomes e ganhou um: caíram Alejo - uma grande perda - e Alex - não fará falta. Chegou o Ian Gouveia. Paira sobre ele muitas dúvidas. Terá o garoto surf para a grande arena? Não aposto alto. Diria que as chances dele são pequenas, não acredito em grandes resultados, não vencerá qualquer etapa, mas com um pouco de sorte pode ficar entre os 22, veremos. Dos 8 já conhecidos, acredito que 4 continuarão nas "cabeças", Gabriel, Adriano, Filipe e Italo; os outros 4, Caio, Wiggoly, Miguel e Jadson, lutarão mais uma vez para manter-se.

Outras surpresas virão, os 3 europeus, Frederico Moraes(Por), Joan Duru(Fra) e Leonardo Fioravanti(Ita). Três excelentes surfistas, um alerta para o domínio australiano, americano e brasileiro.

Esse é o cenário composto  por monstros, feras, zebras e cordeiros.  Há quem profetisa, há quem reza, há quem amaldiçoa. Só há uma verdade, chova ou faça sol, a mãe natureza conduzirá a festa; os chefões da ASP distribuirão milhões; os guerreiros se matarão; e nós, estaremos aqui, acompanhando tudo, vibrando, sorrindo e gritando, xingando, fazendo nossa parte...living the dream...

Primeira fase do Quiksilver Pro Gold Coast

1 Michel Bourez (PLF), Conner Coffin (EUA), Jadson Andre (BRA)
2 Matt Wilkinson (AUS), Stuart Kennedy (AUS), Ian Gouveia (BRA)
3 Kolohe Andino (EUA), Kanoa Igarashi (EUA), Jack Freestone (AUS)
Gabriel Medina (BRA)Wiggolly Dantas (BRA), Ezekiel Lau (HAV)
5 Jordy Smith (AFR), Miguel Pupo (BRA) e wildcard
6 John John Florence (HAV), Connor O’Leary (AUS) e wildcard
7 Kelly Slater (EUA), Mick Fanning (AUS), Jeremy Flores (FRA)
8 Julian Wilson (AUS), Caio Ibelli (BRA), Leonardo Fioravanti (ITA)
9 Joel Parkinson (AUS), Italo Ferreira (BRA), Joan Duru (FRA)
10 Filipe Toledo (BRA), Adrian Buchan (AUS), Frederico Morais (POR)
11 Adriano de Souza (BRA), Josh Kerr (AUS), Bede Durbidge (AUS)
12 Sebastian Zietz (HAV), Owen Wright (AUS), Ethan Ewing (AUS)

sábado, fevereiro 11, 2017

John Mayall - Talk About That


A expectativa de vida da população brasileira é de 75 anos, a inglesa é de 80 anos. Até que a diferença não é tão grande. Mas vamos analisar sob uma outra perspectiva: quem nessa avançada idade permanece ativo, criativo, trabalhando, produzindo com a mesma qualidade que algum dia alcançou? Tenho certeza que praticamente ninguém, poucos são aqueles que ainda estão lúcidos e independentes.

Pois bem, é mesmo um privilégio para poucos. Um desses iluminados chama-se John Mayall. Nasceu e cresceu na Inglaterra. Inclinou-se para a música ouvindo os discos de Jazz e Blues do seu pai, sobretudo os dos guitarristas Big Bill Broonzy, Brownie McGhee, Josh White e Leadbelly.  Tão logo ouviu o Boogie Woogie dos pianistas Albert Ammons, Pete Johnson e Meade Lux Lewis, ficou fascinado e não demorou para começar a tocar esse instrumento, assim como a harmônica, influenciado por Sonny Terry, Sonny Boy Williamson e Little Walter. Por esse histórico, pelos nomes que fizeram a cabeça do garoto, percebe-se que a música americana, sobretudo o Blues do Delta, foi a base da sua formação, e o estilo com o qual ele se identificou e difundiu no velho mundo a partir de meados da década de sessenta.

Mais de cinco décadas passaram-se e o que esperar desse cara que lançou seu primeiro disco em 1965, há 52 anos, e sempre se manteve na ativa? Não muito, pois quem depois de mais de sessenta discos lançados conseguiria superar-se e surpreender seus fãs com um trabalho tão bom quanto os melhores da sua imensa discografia? Pois ele conseguiu.


"Talk About That" acaba de ser lançado. É o 65º disco de Mayall, um album pautado no estilo que percorreu por toda sua carreira, o Blues. Ele canta, toca guitarra, piano e harmônica. São onze faixas, todas de sua autoria. É preciso ouvir esse disco para acreditar no que estou dizendo. É simplesmente surpreendente como ele permanece tão bom quanto antes, até a voz, que normalmente se desgasta com o tempo, está a mesma. 

A faixa título, "Talk About That", "The Devil Must Be Laughing" e "I Didn't Mean to Hurt You" são as minhas preferidas, mas todo o disco é bom, homogêneo. Não chega a ser um clássico, nem acredito que tenha sido concebido com esse propósito, todavia pode ser que seja o último de Mayall, e seria uma ótima deixa para encerrar sua brilhante carreira. 


domingo, fevereiro 05, 2017

Black Sabbath - O Fim


04 de fevereiro de 2017 foi o dia oficial do fim do Black Sabbath, a maior banda de metal de todos os tempos, a maior referência, a criadora do estilo. Foram quase 50 anos de carreira, várias formações, muitos albuns, alguns clássicos absolutos, outros sempre lembrados, alguns fracos. A história dessa banda já foi escrita em vários livros, é uma epopeia musical.

Comecei a ouvir o Black Sabbath ainda na adolescência, mas naquela época a principal formação da banda já havia acabado, no entanto, era como se uma nova banda tivesse surgido e estava tão boa ou melhor que a anterior, há inúmeras discussões e divergências quanto a isso. Para mim, ambas são fantásticas.


Tony Iommi criou a banda em meados de 1968. Chamou seu amigo Bill Ward para formarem uma banda de blues. Anunciaram que precisavam de um vocalista, e foi daí que o garoto delinquente Ozzy Osbourne apareceu. De logo, Iommi não gostou dele, mas o cara tinha um amplificador, e isso fez toda diferença e lhe garantiu a vaga. Ozzy convidou um amigo, Geezer Butler. Indicou-o e estava assim formado o Black Sabbath.

Com essa formação saíram dos subúrbios de Birmingham, do anonimato para o estrelato em muito pouco tempo, bastou apenas o lançamento do álbum homônimo em 1970, o qual conquistou a Inglaterra e os levou de imediato a gravarem o sucessor, "Paranoid", fazendo-os conquistar o mundo.

Foram gravados oito álbuns até 1978, quando a coisa desandou de vez, drogas e egos inflados puseram o primeiro fim à banda. Ozzy debandou e formou sua banda. Iommy não estava satisfeito, queria seguir em frente, e depois de muito escolher, trouxe a melhor voz do rock, Ronnie James Dio, dando assim início a curtíssima, porém estrondosa fase de onde saíram apenas dois álbuns de estúdio e um ao vivo, suficientes para chocarem, mais uma vez, o mundo do metal.


Foi nessa época, início dos anos 80 que escutei o Sabbath pela primeira vez. Foi com o disco "Heaven and Hell", e logo depois "Mob Rules", ambos estupendos. Aquilo me chocou, nada soava como eles, fiquei louco. Nunca vou esquecer o dia que meu pai trouxe de uma viagem que fez ao Rio de Janeiro o album duplo "Live Evil". Tranquei-me no quarto e chorei, passei dias admirando aquela capa, ouvindo sem parar aquele disco maravilhoso, transportava-me para aquele show com meus fones de ouvido no máximo volume...

Nessa época conheci um cara, Emmanuel Vasconcelos, "...um garoto que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones", apaixonado por música que também estava descobrindo o Sabbath. Ficávamos horas escutando aqueles discos e descobrindo os mais antigos, tanto na minha casa, como na maioria das vezes, como preferíamos, no quintal da casa dele, debaixo de uma mangueira, à noite, no escuro, a fim de "sentirmos" todo o poder e impacto daquela música. Ficávamos fascinados, viajávamos no tempo..

Em meados dos 80's a banda mudou novamente e seguiu com várias formações, todas instáveis que nunca mais aplacaram outro disco como aqueles de outrora. Foi nessa época que deixei de ouvir os lançamentos, mas mantive-me fiel aos dez primeiros albuns, até que em 1998, depois de inúmeras tentativas, a formação original voltou a gravar um álbum ao vivo chamado "Reunion", aquele que todos os fãs esperavam há anos. Mas foi só. Queríamos muito mais, mas foi em vão, eles não conseguiam mais ficar juntos.


Mais uma esperança veio em 2009 quando Dio e Appice voltaram com Iommy e Geezer para lançarem "The Devil you Know", um disco do Black Sabbath, embora sob o nome Heaven and Hell. Pesadíssimo, trouxe a energia e o poder do velho metal à tona. Daí veio uma tragédia para nós, fãs, Deus chamou Dio para seu lado, Ele merecia ter "a voz" por perto, já tínhamos tido a grande oportunidade de tê-lo conosco por algum tempo. Foi o outro fim, mais um.

Ainda não, ainda havia uma chama. Eis que surge outra oportunidade de juntarem-se os originais para um derradeiro disco. Foi uma loucura para os fãs, todavia, a tentativa foi frustrada por falta de um acordo com Bill. Uma pena! Os três remanescentes decidiram levar o projeto à frente, mesmo sem Bill. Então convidaram Brad Wilk, um monstro nas baquetas. Queríamos o Bill, mas devemos assentir que esse cara fez um belo trabalho. Nasceu "13", o album, um petardo. O Sabbath estava de volta. Saíram em turnê mundial, saciando a necessidade de milhões de fãs que tanto almejavam por vê-los em ação de novo.

Aqui preciso fazer uma ressalva: comprei o disco, lógico, é muito bom, mas não gostei do que vi nas apresentações ao vivo. Tony e Geezer eram os mesmos, mas Ozzy....fiquei triste em ouví-lo, estava muito aquém daquele que curti por toda minha vida, sua voz já era...Tínhamos o Sabbath, mas faltava algo, foi o que senti. 

Ano passado eles vieram ao Brasil, era talvez a última oportunidade de vê-los ao vivo, mas não me animei, justamente porque sou nostálgico, tenho certeza que não me sentiria totalmente feliz em ouvir um "Ozzy" que não era o Ozzy, isso, de certa forma, me faria algum mal(vai entender?).

Bom, toda saga tem um fim, e essa chegou meio que inesperadamente no dia de ontem, 04 de fevereiro de 2017, justamente no lugar onde tudo começou, em Birmingham. O meu querido Black Sabbath anunciou que seria o último show deles. 

Por tudo, por todo esse tempo, pelas alegrias e tristezas, pelas loucuras, viagens, alucinações, pelas amizades, discussões, paixões, por ter me envolvido tanto...sofri, senti muito. É um sentimento inexplicável. Resta-me apenas passar o resto da minha vida fazendo o mesmo, o que não me canso, o que me dá o mesmo prazer de sempre, ouvir meus discos dessa banda fenomenal, meu querido Black Sabbath.