A música inspira o surf.

Sempre estiveram presentes na minha vida. Chegaram juntos e tomaram conta dos meus pensamentos, fazendo com que, a eles, tudo esteja relacionado.

O surf é o meu estilo de vida. Ele dita o meu ritmo. Um amor que perdura por quarenta anos e está cada vez mais sólido.

A música é essencial. Torna momentos marcantes e inesquecíveis pelo simples fato de estar presente.

Nessa trajetória, já percorremos milhares de quilômetros em busca das melhores ondas, sempre embalados pelo bom e velho Rock 'n Roll.

domingo, fevereiro 05, 2017

Black Sabbath - O Fim


04 de fevereiro de 2017 foi o dia oficial do fim do Black Sabbath, a maior banda de metal de todos os tempos, a maior referência, a criadora do estilo. Foram quase 50 anos de carreira, várias formações, muitos albuns, alguns clássicos absolutos, outros sempre lembrados, alguns fracos. A história dessa banda já foi escrita em vários livros, é uma epopeia musical.

Comecei a ouvir o Black Sabbath ainda na adolescência, mas naquela época a principal formação da banda já havia acabado, no entanto, era como se uma nova banda tivesse surgido e estava tão boa ou melhor que a anterior, há inúmeras discussões e divergências quanto a isso. Para mim, ambas são fantásticas.


Tony Iommi criou a banda em meados de 1968. Chamou seu amigo Bill Ward para formarem uma banda de blues. Anunciaram que precisavam de um vocalista, e foi daí que o garoto delinquente Ozzy Osbourne apareceu. De logo, Iommi não gostou dele, mas o cara tinha um amplificador, e isso fez toda diferença e lhe garantiu a vaga. Ozzy convidou um amigo, Geezer Butler. Indicou-o e estava assim formado o Black Sabbath.

Com essa formação saíram dos subúrbios de Birmingham, do anonimato para o estrelato em muito pouco tempo, bastou apenas o lançamento do álbum homônimo em 1970, o qual conquistou a Inglaterra e os levou de imediato a gravarem o sucessor, "Paranoid", fazendo-os conquistar o mundo.

Foram gravados oito álbuns até 1978, quando a coisa desandou de vez, drogas e egos inflados puseram o primeiro fim à banda. Ozzy debandou e formou sua banda. Iommy não estava satisfeito, queria seguir em frente, e depois de muito escolher, trouxe a melhor voz do rock, Ronnie James Dio, dando assim início a curtíssima, porém estrondosa fase de onde saíram apenas dois álbuns de estúdio e um ao vivo, suficientes para chocarem, mais uma vez, o mundo do metal.


Foi nessa época, início dos anos 80 que escutei o Sabbath pela primeira vez. Foi com o disco "Heaven and Hell", e logo depois "Mob Rules", ambos estupendos. Aquilo me chocou, nada soava como eles, fiquei louco. Nunca vou esquecer o dia que meu pai trouxe de uma viagem que fez ao Rio de Janeiro o album duplo "Live Evil". Tranquei-me no quarto e chorei, passei dias admirando aquela capa, ouvindo sem parar aquele disco maravilhoso, transportava-me para aquele show com meus fones de ouvido no máximo volume...

Nessa época conheci um cara, Emmanuel Vasconcelos, "...um garoto que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones", apaixonado por música que também estava descobrindo o Sabbath. Ficávamos horas escutando aqueles discos e descobrindo os mais antigos, tanto na minha casa, como na maioria das vezes, como preferíamos, no quintal da casa dele, debaixo de uma mangueira, à noite, no escuro, a fim de "sentirmos" todo o poder e impacto daquela música. Ficávamos fascinados, viajávamos no tempo..

Em meados dos 80's a banda mudou novamente e seguiu com várias formações, todas instáveis que nunca mais aplacaram outro disco como aqueles de outrora. Foi nessa época que deixei de ouvir os lançamentos, mas mantive-me fiel aos dez primeiros albuns, até que em 1998, depois de inúmeras tentativas, a formação original voltou a gravar um álbum ao vivo chamado "Reunion", aquele que todos os fãs esperavam há anos. Mas foi só. Queríamos muito mais, mas foi em vão, eles não conseguiam mais ficar juntos.


Mais uma esperança veio em 2009 quando Dio e Appice voltaram com Iommy e Geezer para lançarem "The Devil you Know", um disco do Black Sabbath, embora sob o nome Heaven and Hell. Pesadíssimo, trouxe a energia e o poder do velho metal à tona. Daí veio uma tragédia para nós, fãs, Deus chamou Dio para seu lado, Ele merecia ter "a voz" por perto, já tínhamos tido a grande oportunidade de tê-lo conosco por algum tempo. Foi o outro fim, mais um.

Ainda não, ainda havia uma chama. Eis que surge outra oportunidade de juntarem-se os originais para um derradeiro disco. Foi uma loucura para os fãs, todavia, a tentativa foi frustrada por falta de um acordo com Bill. Uma pena! Os três remanescentes decidiram levar o projeto à frente, mesmo sem Bill. Então convidaram Brad Wilk, um monstro nas baquetas. Queríamos o Bill, mas devemos assentir que esse cara fez um belo trabalho. Nasceu "13", o album, um petardo. O Sabbath estava de volta. Saíram em turnê mundial, saciando a necessidade de milhões de fãs que tanto almejavam por vê-los em ação de novo.

Aqui preciso fazer uma ressalva: comprei o disco, lógico, é muito bom, mas não gostei do que vi nas apresentações ao vivo. Tony e Geezer eram os mesmos, mas Ozzy....fiquei triste em ouví-lo, estava muito aquém daquele que curti por toda minha vida, sua voz já era...Tínhamos o Sabbath, mas faltava algo, foi o que senti. 

Ano passado eles vieram ao Brasil, era talvez a última oportunidade de vê-los ao vivo, mas não me animei, justamente porque sou nostálgico, tenho certeza que não me sentiria totalmente feliz em ouvir um "Ozzy" que não era o Ozzy, isso, de certa forma, me faria algum mal(vai entender?).

Bom, toda saga tem um fim, e essa chegou meio que inesperadamente no dia de ontem, 04 de fevereiro de 2017, justamente no lugar onde tudo começou, em Birmingham. O meu querido Black Sabbath anunciou que seria o último show deles. 

Por tudo, por todo esse tempo, pelas alegrias e tristezas, pelas loucuras, viagens, alucinações, pelas amizades, discussões, paixões, por ter me envolvido tanto...sofri, senti muito. É um sentimento inexplicável. Resta-me apenas passar o resto da minha vida fazendo o mesmo, o que não me canso, o que me dá o mesmo prazer de sempre, ouvir meus discos dessa banda fenomenal, meu querido Black Sabbath.





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