A música inspira o surf.

Sempre estiveram presentes na minha vida. Chegaram juntos e tomaram conta dos meus pensamentos, fazendo com que, a eles, tudo esteja relacionado.

O surf é o meu estilo de vida. Ele dita o meu ritmo. Um amor que perdura por quarenta anos e está cada vez mais sólido.

A música é essencial. Torna momentos marcantes e inesquecíveis pelo simples fato de estar presente.

Nessa trajetória, já percorremos milhares de quilômetros em busca das melhores ondas, sempre embalados pelo bom e velho Rock 'n Roll.

quarta-feira, dezembro 25, 2019

Melhores de 2019

Finalzinho de ano chegando e, para não perder o costume, vou relacionar o que rolou de melhor entre os inúmeros lançamentos que escutei nesse período. Ressalto que, embora utilize o termo "Melhores", na verdade listo aqueles que mais me agradaram, que foram os melhores para mim, para meu gosto, o que é algo pessoal, pois "Melhor" é algo relativo.
Alguns tratei logo de adquirir, em cd ou vinil, outros ainda estão na "lista de desejos" e por enquanto vamos escutando nos "streamings" da vida. 

1. Bad Religion - Age of Unreason


Essa é uma veterana, uma banda fiel aos seus princípios. Escuto Bad Religion desde que os filmes de surf começaram a trazer bandas de Punk Rock na trilha sonora. Nesse album eles estão ótimos, fazendo o mesmo de sempre, e não esperava que fosse de outra forma, pois é assim que curto, foi assim que fizeram minha cabeça e instigaram meu surf por anos e anos... 

2. The Black Keys - Let's Rock!


Escuto The Black Keys há alguns anos e gosto de tudo deles, no entanto nunca havia comprado um disco sequer. Porém, logo que ouvi esse "Let's Rock!" garanti meu exemplar. O álbum é de um astral singular, Blues Rock na veia. Vale dizer que depois deste, já adquiri mais três outros discos da banda, agora vai...

3. Black Mountain - Destroyer


Gerar expectativa às vezes causa frustração e pode levar ao erro. Foi isso que aconteceu logo quando ouvi o primeiro single de "Destroyer". Eu esperava a continuação do disco anterior, mas, naturalmente, a banda vive outro momento e está soando diferente. Estranhei muito o novo álbum e cheguei a criticá-lo. Errei, reconheço. O disco é bom, muito bom, apenas diferente.

4. Bruce Springsteen - Western Stars


Passei a gostar de Bruce Springsteen com o tempo, e não gosto de tudo, mas de alguns discos gosto muito, e esse é um deles. Não sei sobre o que ele canta, não traduzi as letras, mas imagino que seja sobre lembranças, momentos bem vividos, de alegrias ou tristezas, mas momentos profundos e marcantes, pois é o que sinto ouvindo esse album, um misto de prazer e melancolia. 

5. Datura4 - Blessed is the Boogie


Não conhecia a Datura4 até esse ano, embora este seja o terceiro trabalho dessa banda que vem do oeste australiano. Classic Rock, Blues Rock e Psychedelia é o que esses caras fazem, e muito bem feito. Este album é o meu preferido, um dos que mais ouvi este ano, foi a melhor descoberta que fiz, até porque não conheço ninguém que já tenho ouvido esse som.

6. Gin Lady - Tall Sun Crooked Moon


A Gin Lady tem sido um das minhas queridinhas há quase uma década, todos os seus albuns estão entre os meus preferidos. É verdade que a sonoridade vem passando por leves mudanças, está cada vez mais melódica, sem perder o peso. Uma pena que seja impossível conseguir os três primeiros lps, mas pelo menos tenho os dois últimos.

7. JJ Cale - Stay Around


Já faz seis anos que JJ Cale se foi, mas este album é de inéditas, uma compilação cuidadosa da sua esposa, músicas gravadas em vários períodos da sua vida, guardadas por ele para futuros lançamentos. Algumas são de Cale com sua banda, outras ele toca todos os instrumentos, em estúdio ou mesmo em gravações caseiras. Um grande album para encerrar uma brilhante carreira.

8. Kadavar - For the Dead Travel Fast


Kadavar é uma das bandas mais interessantes da nova cena do Metal, a minha preferida junto à Witchcraft. Assim como ocorreu com a Black Mountain, quando ouvi este album as primeiras vezes estranhei. Neste trabalho o som está mais "profundo", denso, viajante, ou como disse um amigo, "mirando o pop", o que ainda não percebi. Agora, depois de devidamente degustado, posso dizer que é um discaço, um grande disco do novo Metal que não tira os olhos dos anos 70.

09. Rival Sons - Feral Roots


Mais um petardo dessa ótima banda americana que faz um dos melhores Hard Blues Rock da atualidade. Outra banda que tenho todos os discos, seja em lp ou cd. "Feral Roots" é o quinto album dos caras e talvez o mais completo, amadurecido, uma evolução natural desses grandes músicos.

10. Sad About The Times


Aqui está um lançamento fora do eixo, pois se trata de uma compilação com vários artistas obscuros da cena Folk e Pop da costa oeste americana dos anos 70, faixas que poderiam estar nas paradas dos radios daquela época, mas que, sem razão, só agora nos chegam para nosso deleite.

Para complementar, aqui abaixo estão outros tantos que rolaram e também valem menção...
11. Tedeschi Trucks Band - Signs
12. The Reverberations - Changes
13. Trey Anastasio - Ghosts of the Forest
14. Fu Manchu - Godizilla's
15. Brad Armstrong - I Got no Place Remembers Me
16. Rose City Band - Rose City Band
17. Baroness - Gold & Grey
18. Chris Robinson Brotherhood - Servants of the Sun
19. Calexico, Iron & Wine - Years to Burn
20. The Claypool Lennon Deliruim - South of Reality
21. GospelbeacH - Let it Burn
22. The Last Internationale - Soul on Fire
23. Mark Lanegan - Somebody's Knocking
24. The Raconteurs - Help us Stranger
25. Jake Xerxes Fussel - Out of Sight
26. Britanny Howard - Jaime
27. North Mississippi Allstars - Up and Rolling
28. The Who - Who
29. Beth Hart - War in my Mind
30. Bob Mould - Sunshine Rock
31. Dommengang - No Keys
32. Gary Clark Jr. - This Land
33. Kenny Wayne Shepperd - This Traveller
34. Pristine - Road Back to Ruin
35. Nick Cave & The Bad Seeds - Ghosteen 
36.Whiskey Myers - Whiskey Myers
37. The Steel Woods - Old News
38. Tool - Fear Incolum
39. Yola - Walk Through Fire
40. Black Pumas - Black Pumas
41. Friendship - Ain't no Shame
42. Durand Jones & The Indicators - American Love Call
43. Joanne Shaw Taylor - Reckless Heart
44. Lonesome Shack - Desert Dreams
45. Lucas Nelson and Promise of the Real - Turn Off The News
46. Neil Young - Colorado
47. New Model Army - From Here
48. Reingwolf - Hear me Out
49. Son Volt - Union
50. Steve Mason - About The Light

Escute as 100 + aqui: Link para Playlist

domingo, dezembro 15, 2019

Leitura é vicio


- Você é usuário?
- Sim....
- Quanto tempo já?
- Faz tanto tempo....Não me lembro não.
- Qual foi o motivo pelo qual começou?
- Fugir da minha realidade, não aceitava minha condição, sempre fui criado sozinho nesse mundão.
Balançou a cabeça como se compreendesse.
- Começou como?
- Coisa leve tipo Quintana, Drumond...depois afundei, até Allan Poe usei.
                                                                                                                         - Sr. Bolivar

A leitura é uma porta para o mundo, um mundo muitas vezes desconhecido e geralmente fascinante.

segunda-feira, dezembro 09, 2019

WCT 2019


Chegamos à última parada do Tour 2019, novamente em Pipeline, a "rainha" do North Shore de Oahu, no Hawaii. Dessa vez, mais do que nunca, o título está super disputado. Temos 5 caras com chances reais de se tornar campeão do circuito, embora 2 deles estejam mais distantes e precisem torcer para que os outros percam nas primeiras fases.

Sou do tempo que surfista brasileiro na elite era "estranho", um ou outro conseguia entrar e logo saia, quando chegava aos Top 16 era motivo de orgulho, de glória e de muita alegria entre nós. Nos últimos 10 anos, essa situação vem mudando e em 2014 tivemos nosso primeiro campeão. Em 2015, outro, e ano passado novamente. Como se isso não bastasse, o Brasil vem se impondo não só com campeões, mas principalmente por ter o maior número de surfistas na elite e ainda muitos entre os melhores, tanto da primeira divisão como da segunda. Definitivamente o surf brasileiro alcançou o maior patamar e a maior prova disso é essa situação atual, essa disputa pelo título de 2019 por 5 surfistas, sendo 3 brasileiros, dos quais 2 são os favoritos.

Amanhã deve começar a etapa final e são enormes as expectativas, muitas especulações, palpites, tanto por parte daqueles fissurados como este que aqui escreve, como por mídias, especializadas ou não. O mundo do surf está em alerta, todos os olhos estão naquele pequeno espaço chamado Pipeline. O Hawaii não tem representante na disputa, pois seu melhor filho, o bicampeão mundial John John Florence, esteve machucado por metade do ano, sem pontuar, e embora volte a competir nessa etapa visando à vaga nas olimpíadas, não tem chance de título este ano. Mas e o americano Kolohe Andino? Para quem não sabe, no surf, Estados Unidos e Hawaii não são o mesmo território. 

Kolohe está em quinto e quase 6 mil pontos atrás do líder. Suas chances são mínimas. Ainda, contra ele, está o seu histórico naquelas águas. Nunca foi muito bem, não é um grande surfista naquele tipo de onda. Entuba bem, mas em ondas médias e principalmente para a direita, ou seja, vai precisar de muita sorte, tanto para que o mar colabore com ele, quanto para que seus adversários caiam logo, o que é muito difícil de acontecer.

Em quarto aparece Filipe Toledo, que mais uma vez chega ao Hawaii entre os primeiros, mas quase ninguém o vê como favorito, não é. Filipe é genial, ninguém discorda, mas é outro que perde para ele mesmo em ondas cabulosas. Se Pipeline quiser que Filipe vença, ela vai virar para a direita, o Backdoor, e não subirá muito. Aí sim, Filipinho pode virar esse jogo e conquistar seu primeiro e merecido título, mas caso isso não ocorra, também não vejo ele com esta taça, ainda não.

O gigante Jordy Smith está em terceiro e é o cara a ser batido, perigosíssimo. Jordy é um surfista completo, excelente nos tubos, principalmente para direita, ou seja, se o mar estiver grande para o Backdoor será muito difícil vencê-lo. O cara vem de uma das melhores ondas do mundo, mas sabe que para ser campeão  mundial precisa ser bom no Hawaii, então o que ele fez? Mudou-se para lá e vem treinando pesado naquelas ondas. Vejo Jordy com grandes chances de estragar nossa festa, esse é seu melhor momento, e não seria injusto.

Ítalo ou Gabriel? Que coisa!! Dois monstros, dois caras com características diferentes, ambos sedentos por títulos. Gabriel já sabe o caminho, já esteve no topo duas vezes, sentiu o gostinho e quer mais. Não tenho dúvida que Gabriel é o melhor surfista do mundo, o mais preparado, o mais completo, uma máquina mortífera! Quanto maior o mar, maiores são suas habilidades, maiores suas chances, não importa se para esquerda ou direita, ele surfa tão bem em qualquer condição, e isso é seu maior diferencial, ele não tem ponto fraco. Já Ítalo é meu preferido para vencer, é por ele que eu torço. Gosto de como ele surfa, sua abordagem é divertida, inovadora, sem deixar de ser agressiva e atender ao que exigem as regras. O baixinho é destemido e até inconsequente às vezes. Ítalo fez um ano fantástico! Chega ao Hawaii na liderança merecidamente, acaba de receber o prêmio de "Melhor do Ano" pela Surfer, maior publicação do mundo, está no seu melhor momento e seria maravilhoso se vencesse esse evento e se tornasse mais um brasileiro campeão do mundo.

Não se pode esquecer, contudo, todos os demais que também estão no jogo e podem estragar a festa de qualquer um desses candidatos. Seja quem for o campeão, será bonito de ver. Afinal, só temos uma certeza, que será um grande espetáculo, emocionante, vamos torcer...

sábado, dezembro 07, 2019

WQS 2019


E a história se repete...
Mais uma vez as duas últimas etapas da gigantesca maratona anual do circuito da segunda divisão, o WQS, ou Qualyfing Series, fizeram a diferença. Se dar bem nessas etapas é essencial, isso todos sabem, mas numa análise mais crítica, será que só essas duas etapas não seriam suficientes para garantir a tal almejada classificação? É uma boa questão, pois alguns caras chegam ao Hawaii muito atrás no ranking e com apenas duas boas colocações conseguem vagas para o CT.

O circuito WQS teve esse ano 76 etapas espalhadas por diversos países. Chegou ao Hawaii em novembro para o encerramento com as duas últimas e mais valiosas etapas, ambas com 10.000 pontos em jogo. Ressalto que das 76 paradas, apenas 5 valem 10.000 pts, uma na Africa do Sul, uma na Califórnia, outra em Portugal e as 2 havaianas. 

Em todos os últimos anos vimos que os 10 melhores do ranking, aqueles que passam para a primeira divisão, alcançaram um pouco mais de 20.000 pontos, ou seja, essa é a marca a ser atingida para a tão almejada vaga na elite. Com isso, é fato que vitórias ou excelentes colocações em duas ou três etapas de nível 10.000 garantem a vaga. Para que então se desgastar tanto durante todo o ano? Para que valem etapas de 1.000 ou 1.500 pontos senão para aqueles que estão apenas começando no circuito sem chances de classificação? É apenas treino, é como vejo. Prova disso é que os cinco campeões dessas cinco principais etapas estão na lista dos 10 melhores do ranking, todos garantidos para a elite do próximo ano. Os outros cinco ou venceram uma ou outra etapa de pontuação 6.000 e também foram bem nas demais.

Jack Robinson
Encerrado o circuito, o ranking ficou assim:
1º. Frederico Moraes(Portugal - 26.400) - venceu Haleiwa, a primeira do Hawaii. Grande surfista, sobretudo em ondas grandes. Não tem o jogo aéreo, mas é excelente nas bordas. Surf polido e muito forte. Merece muito a vaga.
2º. Jadson André(23.800) - venceu o Oi Hang Loose, etapa de 6.000 pts. Jadson entra pelo QS e sai pelo CT, entra e sai. Não o vejo mais como surfista do CT, é muito inconstante,vamos ver como se comporta.
3º. Yago Dora(23.200) - venceu na California. Yago surfa muito, mas também é inconstante. Está perdendo sua vaga na elite, mas voltando pelo QS. Acredito nele e torço para que se encontre próximo ano;
4º. Matthew McGillivray(Africa do Sul - 22.580) - estreante, não venceu nenhuma, porém se deu bem nas duas etapas mais valiosas e se garantiu, é uma incognita.
5º. Jack Robinson(Australia - 21.930) - campeão da última etapa em Sunset. Outro estreante e, a meu ver, uma grande promessa para se manter na elite por muito tempo. Em ondas tubulares é exímio, tem surf de borda e jogo aéreo. Meu favorito;
6º. Alex Ribeiro(21.580) - venceu o Burton, na Africa, etapa de 6.000 pts. Alex já foi da elite e fez muito feio. Pra mim não tem nível para a primeira divisão;
7º. Miguel Pupo(21.000) - venceu em Portugal. Miguel também já foi do CT, teve seus momentos de glória, porém ainda o acho um tanto limitado. Não deve se manter.
8º. Ethan Ewing(Australia - 20.400) - Não ganhou nenhuma, mas foi muito bem em etapas importantes. Já foi da elite, surfou muito, mas sempre perdia por pouco. É outro que vejo como forte candidato a continuar entre os melhores;
9º. Connor O'leary(Australia - 19.650) - Esteve no CT por dois anos com ótimas performances e alguns desastres. Ganhou duas esse ano e foi bem em outras reconquistando uma vaga que lhe merece;
10º. Deivid Silva(18.650) - venceu na Africa do Sul. Estreou este ano no CT e está se reclassificando, o que, se assim continuar, abrirá uma vaga para o 11º no ranking.

Então temos, 1 português, 1 sul africano, 3 australianos, 5 brasileiros e nenhum americano!! Novamente o Brasil coloca o maior número de surfistas na elite, embora sem renovação, o que não vejo com bons olhos. Seria isso uma falha do próprio circuito? Pois dos 10 classificados, apenas 2 são novatos. Este é o momento para a WSL repensar esse formato, tornar a coisa mais dinâmica e atraente, há tantos nomes novos que gostaríamos de ver nas melhores ondas do mundo, enquanto alguns outros sem qualquer brilho continuam se requalificando e tornando o circuito um tanto repetitivo.