A música inspira o surf.

Sempre estiveram presentes na minha vida. Chegaram juntos e tomaram conta dos meus pensamentos, fazendo com que, a eles, tudo esteja relacionado.

O surf é o meu estilo de vida. Ele dita o meu ritmo. Um amor que perdura por quarenta anos e está cada vez mais sólido.

A música é essencial. Torna momentos marcantes e inesquecíveis pelo simples fato de estar presente.

Nessa trajetória, já percorremos milhares de quilômetros em busca das melhores ondas, sempre embalados pelo bom e velho Rock 'n Roll.

segunda-feira, dezembro 09, 2019

WCT 2019


Chegamos à última parada do Tour 2019, novamente em Pipeline, a "rainha" do North Shore de Oahu, no Hawaii. Dessa vez, mais do que nunca, o título está super disputado. Temos 5 caras com chances reais de se tornar campeão do circuito, embora 2 deles estejam mais distantes e precisem torcer para que os outros percam nas primeiras fases.

Sou do tempo que surfista brasileiro na elite era "estranho", um ou outro conseguia entrar e logo saia, quando chegava aos Top 16 era motivo de orgulho, de glória e de muita alegria entre nós. Nos últimos 10 anos, essa situação vem mudando e em 2014 tivemos nosso primeiro campeão. Em 2015, outro, e ano passado novamente. Como se isso não bastasse, o Brasil vem se impondo não só com campeões, mas principalmente por ter o maior número de surfistas na elite e ainda muitos entre os melhores, tanto da primeira divisão como da segunda. Definitivamente o surf brasileiro alcançou o maior patamar e a maior prova disso é essa situação atual, essa disputa pelo título de 2019 por 5 surfistas, sendo 3 brasileiros, dos quais 2 são os favoritos.

Amanhã deve começar a etapa final e são enormes as expectativas, muitas especulações, palpites, tanto por parte daqueles fissurados como este que aqui escreve, como por mídias, especializadas ou não. O mundo do surf está em alerta, todos os olhos estão naquele pequeno espaço chamado Pipeline. O Hawaii não tem representante na disputa, pois seu melhor filho, o bicampeão mundial John John Florence, esteve machucado por metade do ano, sem pontuar, e embora volte a competir nessa etapa visando à vaga nas olimpíadas, não tem chance de título este ano. Mas e o americano Kolohe Andino? Para quem não sabe, no surf, Estados Unidos e Hawaii não são o mesmo território. 

Kolohe está em quinto e quase 6 mil pontos atrás do líder. Suas chances são mínimas. Ainda, contra ele, está o seu histórico naquelas águas. Nunca foi muito bem, não é um grande surfista naquele tipo de onda. Entuba bem, mas em ondas médias e principalmente para a direita, ou seja, vai precisar de muita sorte, tanto para que o mar colabore com ele, quanto para que seus adversários caiam logo, o que é muito difícil de acontecer.

Em quarto aparece Filipe Toledo, que mais uma vez chega ao Hawaii entre os primeiros, mas quase ninguém o vê como favorito, não é. Filipe é genial, ninguém discorda, mas é outro que perde para ele mesmo em ondas cabulosas. Se Pipeline quiser que Filipe vença, ela vai virar para a direita, o Backdoor, e não subirá muito. Aí sim, Filipinho pode virar esse jogo e conquistar seu primeiro e merecido título, mas caso isso não ocorra, também não vejo ele com esta taça, ainda não.

O gigante Jordy Smith está em terceiro e é o cara a ser batido, perigosíssimo. Jordy é um surfista completo, excelente nos tubos, principalmente para direita, ou seja, se o mar estiver grande para o Backdoor será muito difícil vencê-lo. O cara vem de uma das melhores ondas do mundo, mas sabe que para ser campeão  mundial precisa ser bom no Hawaii, então o que ele fez? Mudou-se para lá e vem treinando pesado naquelas ondas. Vejo Jordy com grandes chances de estragar nossa festa, esse é seu melhor momento, e não seria injusto.

Ítalo ou Gabriel? Que coisa!! Dois monstros, dois caras com características diferentes, ambos sedentos por títulos. Gabriel já sabe o caminho, já esteve no topo duas vezes, sentiu o gostinho e quer mais. Não tenho dúvida que Gabriel é o melhor surfista do mundo, o mais preparado, o mais completo, uma máquina mortífera! Quanto maior o mar, maiores são suas habilidades, maiores suas chances, não importa se para esquerda ou direita, ele surfa tão bem em qualquer condição, e isso é seu maior diferencial, ele não tem ponto fraco. Já Ítalo é meu preferido para vencer, é por ele que eu torço. Gosto de como ele surfa, sua abordagem é divertida, inovadora, sem deixar de ser agressiva e atender ao que exigem as regras. O baixinho é destemido e até inconsequente às vezes. Ítalo fez um ano fantástico! Chega ao Hawaii na liderança merecidamente, acaba de receber o prêmio de "Melhor do Ano" pela Surfer, maior publicação do mundo, está no seu melhor momento e seria maravilhoso se vencesse esse evento e se tornasse mais um brasileiro campeão do mundo.

Não se pode esquecer, contudo, todos os demais que também estão no jogo e podem estragar a festa de qualquer um desses candidatos. Seja quem for o campeão, será bonito de ver. Afinal, só temos uma certeza, que será um grande espetáculo, emocionante, vamos torcer...

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