Essa postagem é para mim muito especial por uma série de motivos, dentre esses vou apenas citar alguns, porque precisaria de muito espaço para esgotá-los. Para mim e para milhões de pessoas por todo o mundo, o próximo dia 10, segunda feira, também será muito especial, pois, depois de vinte anos sem lançar um disco inédito, uma das maiores bandas de todos os tempos, o meu querido, idolatrado, precioso, amado Pink Floyd lançará seu tão aguardado e último disco, The Endless River.
Para fans como eu, o sentimento é certamente ambíguo, pois ao saber que a banda estava em estúdio trabalhando nesse disco, um estado de euforia, alegria e curiosidade me tomou conta, mas ao mesmo me vem a tristeza, a desesperança, a saudade ao saber também que essa será a despedida da banda.
Ouvi o Pink Floyd pela primeira vez entre 1979 e 1980, então com 11 ou 12 anos, e se não me engano foi pelo álbum Atom Heart Mother que se deu essa iniciação, e para um garoto que estava ainda conhecendo o rock, aquilo foi sublime, inesquecível, aquela música era transcendental, e foi amor a primeira escutada.
É claro que o acesso a essa música naquela época era muito restrito, ainda mais para uma criança. Não havia muitos discos disponíveis, não havia rádios especializadas em rock, mas talvez essa dificuldade tenha estimulado meu interesse em descobrir outros sons, tanto dessa como de outras bandas do estilo.
E assim foi crescendo o meu interesse, minha curiosidade, minha ânsia em experimentar novas músicas, pois aquelas que estavam acessíveis já não me satisfaziam. Por sorte, tive na família uns tios que curtiam rock e tinham alguns discos bem interessantes.
Logo depois dessa iniciação, lembro-me perfeitamente quando em 1983, no extinto cinema Palace, foi exibido por uma semana o filme The Wall. Não tinha idéia do que seria, mas como soube que tinha a música do Pink Floyd, fui assistir. Aquilo foi talvez o evento mais marcante da minha vida musical. Foi um susto. Causou-me transtornos irreversíveis no modo de pensar sobre a sociedade. Não estava preparado para aquele impacto, e não foi possível absorvê-lo naquela sessão, então voltei todos os dias daquela semana ao cinema para captar melhor as mensagens e a música daquela produção.
Desde então passei a consumir vorazmente tudo que se relacionava à banda, sua música, livros, revistas, fotos, tudo. Comprei todos os discos, em várias versões, algo impulsivo tomou conta de mim. São passados trinta anos e ainda mantenho os mesmos sentimentos, amadurecidos.
Agora chega a nós o derradeiro trabalho dessa jornada, que apesar de não contar com a banda na íntegra, representa muito bem seu legado. Nas suas 18 faixas, a maioria delas instrumental, a beleza sublime é onipresente. Os gritos e choros das guitarras de David Gilmour nos transportam para outros planos. Wrigth, mesmo em estado espiritual, está presente e flutua por todo o álbum. As faixas estão bem conectadas, mesmo tendo sido produzidas independentemente, pois são sobras de estúdio do disco The Division Bell.
Este não é um disco clássico do Pink Floyd, nem poderia ser diante das circunstâncias. Soa como uma despedida, o adeus de uma banda que fez história, que encantou milhões pelo mundo, que sempre será referência no rock clássico e progressivo. É o fim.
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