A música inspira o surf.

Sempre estiveram presentes na minha vida. Chegaram juntos e tomaram conta dos meus pensamentos, fazendo com que, a eles, tudo esteja relacionado.

O surf é o meu estilo de vida. Ele dita o meu ritmo. Um amor que perdura por quarenta anos e está cada vez mais sólido.

A música é essencial. Torna momentos marcantes e inesquecíveis pelo simples fato de estar presente.

Nessa trajetória, já percorremos milhares de quilômetros em busca das melhores ondas, sempre embalados pelo bom e velho Rock 'n Roll.

domingo, novembro 15, 2015

Carta para Sandy


Você não sabe, sempre te escondi minhas verdades. Também nunca se revelou completamente a mim, por que? Meus sentimentos estavam nos meus olhos e nos meus ouvidos, os seus na tua voz e na tua alma. 
Por tanto tempo você foi Sandy, até quando soube que Alexandra era seu verdadeiro nome, mas nunca vai deixar de ser a minha Sandy, mesmo sem nunca ter sido minha.
Tão cedo quando começou a tocar já me chamou a atenção, violão e depois piano. Então ainda tímida soltou a voz dos campos de Wimbledon, suave e doce, características suas.
Sua passagem rápida pelo The Strawbs era certa, sabia que seria apenas um trampolin, seu talento seria reconhecido. Seu disco solo foi o fortalecimento, foi a confiança que precisava para alçar voos.
1968, aquele ano maravilhoso, inesquecível. O Fairport Convention era o grupo para o qual você estava predestinada, foi lá onde você se mostrou, cresceu e desabrochou, Leige and Lief é ainda hoje um dos melhores álbuns de folk de todos os tempos, com você à frente, linda, sublime.
Não fiquei feliz com sua saída do Fairport para o Fotheringay, não acho que fora uma boa escolha, você estava iludida, eu estava certo, apesar de ter-me surpreendido com a qualidade que o grupo alcançou, mérito de todos, não nego.
Seu casamento com Trevor Lucas me abalou, tão de repente, não esperava. Sei que foi um período turbulento, mas como tudo na vida, passa.
Quando começou a gravar seus discos solo, sabia que voltaria a alcançar seu lugar na música, seu reconhecimento seria novamente fortalecido.
Quando o Robert Plant te fez aquele convite para gravar com o Led Zeppelin a música The Battle of Evermore, eu pensei, ela está no céu. A maior banda do mundo, fechada a todos, abriu apenas e unicamente para você essa oportunidade, e ainda, como pleno reconhecimento, te fotografou e publicou aquela capa linda do Riverside Blues onde você está entre os deuses.
Pronto, bastou para que recebesse seus dois prêmios como melhor cantora britânica de 1971 e 1972.
Depois de 1975 você me entristeceu, seu mergulho nas drogas e no álcool não traria boas consequências, óbvio, mas você não percebia, estava em busca de um sucesso do qual não precisava, bastava focar na sua musicalidade, no seu talento, e as coisas aconteceriam naturalmente como antes.
Foram apenas mais três anos para o fim trágico te levar, tão precoce, tanto a oferecer, que perda lastimável para todos, para a música, para seus fãs.
Hoje lembrei de você ouvindo a maravilhosa caixa com todas as suas gravações que acabou de ser lançada para que o mundo te conheça.
Um trabalho magistral, alcançando as alturas por onde você deve estar vagando nesse momento.
Deixou saudades, nunca te esquecerei.




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