Essa é uma postagem de tipo inédito neste blog. Nunca fiz, não por qualquer motivo senão por nunca ter pensado nisso. Não acho, inclusive, que seja algo legal a se fazer, mas nesse momento talvez o seja. Comparar dois artistas que têm inúmeras semelhanças não é algo absurdo, muito embora, em se tratando de dois dos maiores, melhores, mais importantes, mais respeitados e mais reconhecidos artistas do mundo seja uma ousadia da minha parte, por isso, não vou compará-los, vou me ater aos seus dois mais recentes lançamentos estimulado por um simples comentário. É tão pouco, algo tão insignificante, para tão muito, algo tão relevante.
Ambos têm quase a mesma idade e começaram a gravar quase no mesmo ano, Dylan em 62 e Clapton em 63, porém, divergem totalmente no que diz respeito às suas carreiras, pois enquanto Clapton tocava em bandas(Yardbirds, John Mayall & Bluesbreakers, Cream, Blind Faith, Delaney & Bonnie), Dylan já partiu para carreira solo. Clapton aparece em mais de 70 discos, Dylan tem uns 40, é uma diferença a se considerar.
Feitas essas considerações, vamos aos atuais trabalhos. Para começar, vou citar o que ouvi de um crítico e que me estimulou a esta postagem, ele disse: "É triste ver dois artistas do calibre de Eric Clapton e Bob Dylan chegarem ao final de carreira gravando discos ridículos só para atender aos seus contratos com as gravadoras". Quando li isso, já tinha escutado parte do novo disco de Dylan, e não tinha gostado do que ouvi. Sei que muitas vezes acontece realmente o que o cidadão falou com relação aos contratos, muitos artistas já não têm mais inspiração, nem disposição para produzir, estão esgotados, mas mesmo assim precisam honrar o compromisso e fazem coisas descartáveis, às vezes até ridículas.
Como sempre admirei muito esses dois, o comentário atiçou minha curiosidade e voltei a escutar "Fallen Angels", o disco de Dylan, e corri atrás do novo álbum de Clapton, "I Still Do". Precisava tirar minhas conclusões. Confesso que não me agradei com o "Fallen Angels", por duas vezes tentei, mas não me convenceu ser um trabalho à altura do grande Bob Dylan, ao contrário, fiquei muito surpreso ao escutar "I Still Do", pois já tinha um pré-conceito, mas foi logo afastado com a primeira música do álbum, "Alabama Woman Blues", uma música fantástica, um blues clássico como Clapton sempre fez. Com "Can't Let You Do It", a segunda, abri um sorriso, lembrou-me na hora as maravilhosas parcerias de Clapton e J.J. Cale. Na sequência, "I Will Be There", uma linda balada, como tantas que Clapton já fez. Poderia discorrer sobre todo o álbum, faixa a faixa, mas é desnecessário e ficaria cansativo.
Assim, deixo aqui minha impressão sobre esses dois discos bem distintos desses dois ilustres senhores. Quanto a Bob Dylan, não sei o porquê desse disco fraco, cansativo, descartável dentre tantas obras que ele já produziu. Mas quanto ao Eric Clapton, desconsiderei totalmente o comentário inadequado, pois este seu último trabalho é simplesmente excelente, à altura de toda sua gigantesca discografia, magnífica e impecável carreira. Espero que Dylan se retrate e lance pelo menos mais um disco antes do fim para que sua imagem não fique manchada. Clapton pode pendurar suas lindas guitarras, já fez muito pela música.
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