A música inspira o surf.

Sempre estiveram presentes na minha vida. Chegaram juntos e tomaram conta dos meus pensamentos, fazendo com que, a eles, tudo esteja relacionado.

O surf é o meu estilo de vida. Ele dita o meu ritmo. Um amor que perdura por quarenta anos e está cada vez mais sólido.

A música é essencial. Torna momentos marcantes e inesquecíveis pelo simples fato de estar presente.

Nessa trajetória, já percorremos milhares de quilômetros em busca das melhores ondas, sempre embalados pelo bom e velho Rock 'n Roll.

sábado, outubro 01, 2016

Devon Allman - Ride or Die


É obvio que o fato de ser filho de uma lenda abre todas as portas até para um músico mediano, o sobrenome será sempre levado em consideração e seu trabalho pode ser muito mais valorizado em respeito às suas origens do que ao seu real valor. Essa é uma regra geral, mas não se aplica para o sujeito em tela. Apesar do sobrenome respeitadíssimo que por si só já arrebataria milhões de curiosos e poderia ofuscar a preciosidade do ser, este nunca esteve sob a proteção ou foi carregado ou alçou voos pelas asas da família, mas sim pelo seu talento nato e pelos seus diversos trabalhos, tanto com os mais variados músicos e projetos dos quais já participou, como posteriormente pela sua própria banda e mais recentemente pelos seus discos solo.

Devon Allman nasceu em 1972, filho de Gregg Allman, um dos fundadores da magnífica banda The Allman Brothers Band, referência absoluta no Southern Rock. Mas Devon, ainda muito cedo foi viver com a mãe logo após a separação do casal e só veio a conhecer o pai na adolescência, logo, embora tenha começado a tocar ainda bem jovem, não sofreu influências diretas do pai, Segundo ele, suas influências no início foram Beatles e Kiss, e quando conheceu o pai, aí sim, a ligação foi imediata e então seu estilo foi se consolidando, tendenciando ao Classic Rock e ao Blues Rock que eram a tônica da família. Passou então, naturalmente, a curtir Santana, Stones, The Doors e, lógico, a banda da família. Certa vez, quando perguntado se havia um disco que teria sido o divisor de águas, ele citou "Layla", de Derek and The Dominos, onde Eric Clapton e seu tio, Duane Allman, tocam com o coração, com energia e paixão.


Em 1999 ele formou a Devon Allman's Honeytribe, gravou apenas dois discos até 2010, quando a banda se desfez. Logo no ano seguinte deu início a um novo projeto, a Royal Southern Brotherhood. Com eles foram mais quatro discos, inclusive o último lançado em 24 de junho deste ano, ainda em processo de digestão.

Nesse meio tempo ele começou umas sessões com uma baita seleção de músicos para dar início a sua carreira solo e em 2013 soltou seu primogênito, "Turquoise". Saiu em turnê e não demorou para lançar logo outro album, "Ragged and Dirty". Mais algumas turnês para divulgar seu trabalho e algumas participações na banda de seu pai o levaram a uma grande evolução e maturidade no seu som que estão claramente refletidas nesse novo disco que já impressiona pela sua lindíssima capa, instigando-nos a descobrir o que ela oferece no seu interior.

Devon Allman - Ride or Die
Música orgânica da melhor qualidade, Rock sem firulas, bateria muito bem marcada com inúmeras variações de ritmo que enriquecem o som desrotulando-o; guitarras fortes tocadas com bastante estilo, muito swing e paixão que vêm do fundo do seu íntimo seio familiar; solos cortantes, sutis, sem extremismos; baixo notável, contagiante; e Devon, que também toca guitarra e baixo, cantando melhor do que em qualquer outro dos seus trabalhos anteriores, notadamente uma grande evolução que só uma elite de músicos carregados de feeling conseguem externar.

"Ride or Die" é um grande disco, são 48 minutos de prazer, deve figurar entre os melhores do ano no estilo, tem tudo que se espera de um album de Blues Rock. O time de músicos é de arrebentar, mostram grande harmonia e as composições são inspiradíssimas, teclados, saxofone e violinos são primorosamente inseridos e tudo se encaixa. É o tipo do album no qual logo que colocamos a agulha no primeiro sulco sentimos nos arrebatar, e segue sem redeas, a galope, faixa a faixa. 

É preciso um certo esforço para destacar algumas faixas, há desde rockões clássicos como a faixa de abertura, "Say your Prayers", talvez a mais pesada do disco, carregada de Riffs e Wah Wah; "Find Ourselves" que vai fazer você dançar mesmo que esteja engessado; "Lost", uma linda canção com belíssimos violões e Devon afirmando que "true love never die", é a minha preferida; e "Pleasure and Pain", um blues rock para fechar o album com muito estilo, todas contagiantes. Minha sugestão é que faça o que um bom disco de vinil sugere, não escolha músicas aleatoriamente, apenas deixe rolar sem interrupções que seu coração e sua alma agradecerão.




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