A música inspira o surf.

Sempre estiveram presentes na minha vida. Chegaram juntos e tomaram conta dos meus pensamentos, fazendo com que, a eles, tudo esteja relacionado.

O surf é o meu estilo de vida. Ele dita o meu ritmo. Um amor que perdura por quarenta anos e está cada vez mais sólido.

A música é essencial. Torna momentos marcantes e inesquecíveis pelo simples fato de estar presente.

Nessa trajetória, já percorremos milhares de quilômetros em busca das melhores ondas, sempre embalados pelo bom e velho Rock 'n Roll.

sexta-feira, novembro 25, 2016

The Paul Butterfield Blues Band


Hoje quero compartilhar um tesouro que está completando 50 anos. Não foi relançado, não está disponível no mercado, não é um disco popular e nunca teve sucesso comercial, porém é fenomenal.


Conseguir um exemplar original de época é tarefa árdua, é preciso muito empenho, contatos no exterior com disposição e paciência para mergulhar no mercado negro até encontrar alguém que possua uma cópia em bom estado e esteja disposto a vender, e ainda tenha certeza que precisará dispor de uma boa quantia em dólares para adquirí-la.


Bom, eu fiz tudo isso e consegui. O meu chegou recentemente, com 50 anos de idade e novinho como se estivesse em um baú, lugar onde se guarda e esconde jóias raras como essa. É algo quase inacreditável, uma sensação indescritível, imaginar como pode um disco ficar tanto tempo, meio século, e ainda estar em perfeitas condições, capa e mídia, qualidades que só um bom disco de vinil é capaz de perpetuar.

East-West é o segundo disco da carreira de Paul Butterfield, um gaitista de Chicago. Seu talento lhe proporcionou aproximar-se de grandes músicos da época. Lembrando que era meados dos anos 60, quando o blues, o soul e o jazz dominavam a cena musical ao tempo em que passavam por uma tremenda transformação, eletrificando-se, tanto na América, como na Europa.

Um desses músicos foi Elvin Bishop. Eles se conheceram por acaso, quando Paul praticava na sua varanda e Bishop, de passagem pela rua, ouviu aquele som e aproximou-se, surgindo dali uma grande amizade e parceria. Juntos foram aceitos no circuito de clubes onde só tocavam os grandes standarts, Otis Rush, Muddy Waters e Howlin' Wolf, com quem os dois passaram tocar regularmente, até quando decidiram formar a própria banda.


Jerome Arnold(baixo) já tocava com eles. Convidaram então Mark Laftalin(órgão e piano) e Billy Davenport(bateria), mas sentiram a necessidade de contratar outro guitarrista. Essa foi uma grande sacada e o escolhido não poderia ser melhor, Mike Bloomfield.

Com essa formação fantástica, em 1966, lançaram este petardo de blues com nove faixas. Aqui não se ouve, como era de costume na época, garotos brancos homenageando os mestres do blues, mas sim seis jovens - quatro brancos e dois negros - com muito feeling absorvido pela região onde nasceram e cresceram, fazendo sua própria música, conquistando um espaço dominado pelos negros.
Esse time conseguiu, sobretudo neste disco, atingir um nível de excelência tão alto que chega a ser estupendo. Já escutei alguns outros trabalhos deles, todos muito bons, mas esse é especial, o nível aqui é excepcional. Você põe o disco na vitrola e logo se espanta com a musicalidade, com o conjunto, o ritmo contagiante, o groove jazzistico, o baixo elegante e vigoroso, os solos sensacionais dos dois guitarristas que, mesmo em início de carreira, estão tão à vontade e soltos como feras predadoras no seu habitat.

Desde o dia que peguei este álbum que ele tomou conta da minha pick up e não tenho escutado outra coisa, estou completamente envolvido com ele, e não é pra menos, garanto. Sugiro para quem curte blues com pitadas de jazz recheado de guitarras e gaitas que procurem ouvir esse disco, todo ele, faixa a faixa, para sentir uma música que, embora esteja completando 50 anos, é tão atual e apaixonante, tão distante da mesmice da maioria que a industria se esforça para massificar. É um álbum único e indispensável.

Com essa fantástica formação, em 1966, lançaram este petardo de blues com nove faixas. Aqui não se ouve, como era de costume na época, garotos brancos homenageando os mestres do blues, mas sim seis jovens - quatro brancos e dois negros - com muito feeling absorvido pela região onde nasceram e cresceram, fazendo sua própria música, conquistando um espaço dominado pelos negros.

"Walkin Blues" abre o disco com uma faixa carregada de peso, bem marcada e com solos de gaita e guitarra. "Get out of my life, womam" é muito sensual, cheia de feeling, enriquecida pelo piano e ritmo jazzistico. "I got a mind to give up living" é um dos pontos altos do disco, é um blues que retoma as raízes, vocais rasgados e profundos solos de guitarra. "All these blues" não vai deixar você parado, tem muito groove. "Two trains running" introduz a força do rock na essência da banda, muito da influência de Bloonfield. "Never say no" é puro lamento, uma carta de amor como o blues é por natureza. O disco encerra com a faixa título, outro ponto alto, longa, quase como uma jam, com treze minutos nos quais todos participam ativamente, é outra faixa jazzistica com muitos solos de guitarra e gaita onde os músicos literalmente se apresentam individualmente e como banda demonstrando muita afinidade, uma viagem sonora com vários climas que se interligam e chegam ao clímax desse maravilhoso álbum que deveria estar em qualquer coleção de quem é fã da extraordinária música dos anos '60.

sábado, novembro 05, 2016

Cidadãos de Papel


"Se um país é uma árvore, as crianças são seus frutos".

Cidadania

Quem é cidadão? Todos são, responderia o ignorante. Não sejamos ignorantes. Para ser cidadão não basta estar vivo e fazer parte de uma sociedade, mas sim viver em uma cidadania, onde todos têm todos os seus direitos garantidos, conhece-os e têm liberdade para exercê-los. Um país que pensa e respeita a cidadania não ignora nem seus filhos, nem seus pais, os polos mais fracos, não os exclui, seja porque ainda não contribuem economicamente ou porque deixaram de contribuir, sendo assim vistos apenas como "despesas" e não "investimentos".
"Um menino de rua é mais do que um ser descalço, magro, ameaçador e mal vestido. É a prova da carência de cidadania de todo um pais, onde uma imensa quantidade de garantias não saiu do papel da Constituição."
Onde estão os Direitos Fundamentais senão na Constituição. Não deveriam ser respeitados acima de tudo? E os Direitos Humanos expressos na Carta da ONU? Apenas faz-se de conta que se cumprem. Ainda não saíram do papel.

Estado Democrático de Direito

A democracia se propõe a ser o regime mais civilizado que existe, porque todos – do presidente ao menino de rua – deveriam ter seus direitos assegurados. Direito à vida, à liberdade, direitos sociais e políticos, direito à educação, ao lazer e ao bem estar, à segurança e a um meio ambiente equilibrado e saudável. O Estado nos deve tudo isso, mas nem sempre paga, não se comporta como deveria, na maioria das vezes é ausente quando deveria ser presente; e é excessivamente presente, ou abusivamente autoritário, quando deveria garantir a liberdade e os direitos do cidadão.


Violência

Não deveríamos admitir a violência, não é algo natural. No entanto, o que vemos é a instalação de toda e qualquer forma de violência no nosso dia-a-dia. Vivemos com medo, quase exilados da nossa condição de liberdade, de ser, de ter, de agir, de sentir. As nossas assombrações que outrora eram lendas, hoje são reais, temos medo de pessoas, de menores infratores, de mocinhos e de bandidos. A polícia, representante da força do Estado, tantas vezes é truculenta e despreparada, excede e abusa do poder que lhe foi conferido por Lei para salvaguardar o cidadão e garantir o usufruto da cidadania. Temos a polícia que mais mata no mundo, mata menor, criminoso, mata pessoas de bem, todos são vítimas, e muito disso se deve à impunidade, ausência de agir do Estado, que tem o dever de garantir a paz social.

Economia

A economia de um país costuma ser medida pelo PIB(Produto Interno Bruto), ou seja, todas as riquezas produzidas em um período de um ano. É um índice que dá uma boa idéia e serve de comparação com anos anteriores para que seja avaliado o crescimento ou regresso da economia, no entanto, ele é relativo. Para uma melhor análise, é preciso dividí-lo pela população, assim teremos um PIB per capta, que seria mais próximo da realidade, mesmo que ainda seja irreal, pois o bolo não é dividivo de forma igualitária. Quanto mais democrático e desenvolvido for um país, mais igualitária será essa divisão. Em 2015, o PIB per capta no Brasil foi de R$ 28.876,00, algo em torno de R$ 2.406,00 por mês, o que sabemos ser um valor totalmente fora da realidade, haja vista existirem no país mais de 30 milhões de habitantes vivendo na pobreza, com menos de R$ 150,00 por mês, algo bem distante da média do PIB, o que comprova a imensa desigualdade social.

Recessão + Inflação

A recessão não é algo novo, mas continua atual. É um dos maiores problemas que enfrentamos, embora nem sempre esteja presente. Ela se apresenta quando um Estado deixa de crescer, a produção diminui e o maior reflexo disso é o aumento do desemprego. Com menos dinheiro circulando, menos impostos são arrecadados, o governo não paga as contas, fica em déficit, e aí uma das saídas é emitir moedas. Isso automaticamente gera um reflexo negativo, que é a desvalorização da moeda, gerando inflação.


Educação

A falta da educação leva à pobreza. É um círculo vicioso. Sem a devida educação, a criança torna-se um adulto incapaz de galgar a um bom emprego, a um bom salário que possa lhe garantir e a sua família uma boa casa, saúde, alimentação adequada, segurança e lazer.
O nível de instrução da pessoa está diretamente ligado a sua rentabilidade e a sua produtividade. Quanto maior a produtividade, menor o tempo de produção e menor o desperdício, gerando mais rentabilidade.
Infelizmente são os mais pobres que menos estudam, tanto por falta de estímulos, quanto pela necessidade de produzir alguma renda imediata para a família que já é carente de recursos.
Um país com baixo índice educacional é uma ponte para as desigualdades sociais. Com a educação vem o conhecimento, o acesso aos direitos e obrigações, à cidadania. A educação é um dos pilares que sustentam a verdadeira democracia.
Quanto mais conhecimento, mais informação, mais politização, mais fiscalização, mais exigências, mais isonomia.
O analfabetismo priva o cidadão do exercício da cidadania, nega a ele direitos que lhe foram conferidos, mesmo estando garantidos nas constituições, valorados como bem maior, mas que sem capacidade e possibilidade de conhecê-los, jamais serão reclamados.
Esse desequilíbrio afeta de alguma forma toda a população, ninguém estará imune. Os mais pobres sofrerão mais e mais diretamente, mas os mais ricos sofrerão de outra forma, sofrerão as consequências da pobreza e das desigualdades pela violência que estas geram, ou seja, a paz social, que por todos é almejada, jamais será alcançada. A democracia será utopia, a cidadania, prevista como fundamento da República e do Estado Democrático de Direito, apenas pela minoria será exercida, ambas não sairão do papel.

quarta-feira, novembro 02, 2016

Social Distortion



Ninguém, nenhuma banda nesse mundinho conseguiu a receita perfeita misturando Punk, Blues, Country e Rockabilly além do Social Distortion. O sabor dessa mistura é algo único, inusitado e altamente viciante. 

São trinta e três anos de carreira e apenas sete discos de estudio e um ao vivo. Muito pouco? Não, porque quem se importa com quantidade? O que queremos é qualidade, ou não é? Sim, e o Social Distortion arrebenta em todos os albuns. 


Meu primeiro contato com a banda foi quando, lá pelos idos de 1990(aproximadamente), chegou em minhas mãos uma cópia do filme de surf da Billabong "Filthy Habits", que trouxe a música "Prison Bound"

Naquela época ainda só tínhamos discos de vinil e K7, mas era praticamente impossível conseguir um disco importado de uma banda que quase ninguém conhecia, então o que fazíamos era copiar a trilha do filme numa fita K7 e compartilhar com os amigos, isso era o máximo!!

Com a chegada dos cds e da internet ficou muito mais fácil conseguir qualquer disco, mas por outro lado, os lps sumiram do mercado.

Só nos últimos dois ou três anos é que muita coisa voltou a ser relançada, e mesmo assim só no exterior, mas isso já era o bastante para, mesmo pagando preços absurdos, conseguirmos aqueles albuns que jamais conseguimos em vinte ou trinta anos.

Este ano, a gravadora "Music on Vinyl" começou a relançar os discos antigos do Social Distortion, e logo que soube disso comecei a buscar uma loja que os vendesse. Não foi fácil, pois como disse, trata-se de uma banda do underground, mas recentemente encontrei um lojista em São Paulo que me conseguiu dois dos quatro discos relançados e me prometeu para breve os outros dois.


"Prison Bound", numa edição comemorativa de 25 anos, e "White Light, White Heat, White Trash", comemorando 20 anos. Fiquei maluco! Embora já tenha todos os discos da banda em cd, nada se compara a um LP novinho prensado em 180 gramas com alta qualidade.


Essa semana recebi meus exemplares e agora vou ficar na expectativa dos outros dois que já encomendei e em breve estarão chegando. O Social Distortion é uma das minhas bandas favoritas, é daquelas que marcaram meu coração, minha vida, é amor incondicional.