Vou contar uma historinha de amor...
Em uma fazendinha pequena, mas muito bem cuidada, cultivava-se um lindo pomar. Era tão bonito, tão bem cuidado, que seus frutos eram especiais. o sabor e as cores atraiam algumas espécies de pássaros que não se viam em todos os lugares, somente alí.
Um desses passarinhos nasceu e se criou naquela fazenda. Até experimentou voar por outras terras próximas, mas decidiu voltar e ali se fixou. Conhecia todas as árvores, já havia experimentado viver em algumas delas, até que escolheu a sua. Era uma ave bonita, delicada, seu canto encantava as manhãs e o dono das terras já o reconhecia e o admirava. Muitos outros pássaros viviam por alí, mas este tinha algo singular.
Na chegada de uma certa primavera, numa manhã qualquer, o passarinho ouviu um canto que o atraiu, não era como os outros com os quais estava acostumado, tinha algo diferente e que ao mesmo tempo lhe era familiar, como se o reconhecesse, embora há muito estivesse esquecido.
Nos dias seguintes ele ficou atento e parecia que aquela ave estava a se aproximar, então, sentindo-se cada vez mais atraído, foi-se a procurar. Não demorou para encontrá-la. Era uma fêmea da mesma espécie. Voaram juntos por alguns momentos e foi o bastante para se reconhecerem, pois aquela avezinha já estivera naquelas bandas, há muito tempo, mas seu instinto era inquieto e por muito tempo ela voou e pousou por longínquas terras.
Eles sentiram que tinham algo em comum, aliás, muito. Ele convidou-a para conhecer sua árvore, seu galho, onde esteve por todo aquele tempo no qual ela estivera distante. Demonstrou sua vontade em tê-la por perto. Ofereceu-lhe os melhores frutos, levou-a às suas árvores preferidas, mostrou-lhe os mais belos lugares. Os dias e as estações foram passando. Compartilhavam de tudo, passaram frio e calor, estavam cada vez mais próximos, voavam juntos, cantavam juntos, tudo levava a crer que aquele casalzinho vivia em perfeita harmonia.
Mas certo dia, quando o passarinho retornou do seu exercício matinal, tomou por surpresa a ausência da sua querida companheira. Ela sempre estava lá lhe esperando, porém algo tinha acontecido. Temeu o pior, mas naquela área passarinho não era matado, passarinho vivia em paz, em liberdade, solto. Então seu coraçãozinho se apertou, e ele cantou, e cantou esperando ouví-la, mas era só silêncio, nem o vento assoviava. Decidiu então voar à procura dela, e do alto do seu voo, conseguiu identificar, como bem conhecia, algumas de suas peninhas caídas pelo chão. Seguiu-as na tentativa de encontrá-la, mas não precisou ir muito longe para perceber que ela tinha feito o caminho de volta, que ela tinha-se ido, que seu tempo para ele tinha-se exaurido.
Não havia nada a fazer senão retornar à sua árvore. A partida da sua querida lhe entristeceu, mas ele a entendia. Ela seguia seu coração, sua alma era livre, estava em busca de algo que ele não podia lhe oferecer. Seu canto não foi mais ouvido, todos estranharam. Até que um dia, ele criou coragem e pensou: sou um pássaro, sou livre, devo voar e devo cantar, pois só assim haverá uma chance de um dia encontrar-me novamente com aquela que mesmo tendo escolhido outros caminhos, um dia escolheu ficar ao meu lado, e por ela eu voarei e cantarei até reencontrá-la.
Nenhum comentário:
Postar um comentário