A música inspira o surf.

Sempre estiveram presentes na minha vida. Chegaram juntos e tomaram conta dos meus pensamentos, fazendo com que, a eles, tudo esteja relacionado.

O surf é o meu estilo de vida. Ele dita o meu ritmo. Um amor que perdura por quarenta anos e está cada vez mais sólido.

A música é essencial. Torna momentos marcantes e inesquecíveis pelo simples fato de estar presente.

Nessa trajetória, já percorremos milhares de quilômetros em busca das melhores ondas, sempre embalados pelo bom e velho Rock 'n Roll.

domingo, julho 31, 2016

Rush - Moving Pictures


Há dias nos quais quando nos dispomos a ouvir um som ficamos meio que "perdidos" entre as centenas de cds e lps da nossa coleção, isso acontece com todo maluco por música e colecionador de discos. Porém, há outros que como por "obra" do além "piscam" para nós logo que olhamos para as prateleiras a fim de escolher aquele que começará tocando o dia.


Hoje foi assim, acordei cedo e assim que pensei em escolher um cd para tocar, o "Moving Pictures" saltou aos meus olhos. Peguei a caixinha na mão como quem pega um bichinho de estimação e fiquei a analisá-la antes mesmo de por o cd no player. Li um pouco do livreto que a acompanha e peguei-me lembrando de como e quando escutei a banda pela primeira vez.


É interessante como alguns fatos da nossa infância/adolescência permanecem vivos na nossa memória. Eu tinha acabado de mudar de colégio, estava começando o 2º ano de ensino médio, era 1984. Nessa época eu já curtia muito som, mas por incrível que pareça, não conhecia o Rush. Logo nos primeiros dias de aula, ainda desambientado com a turma, um colega conhecido por Jó aproximou-se e trocando idéias descobrimos que partilhávamos a paixão pelo Rock 'n Roll. Foi quando ele ofereceu-se a gravar uma K7 pra mim com uns sons que ele curtia. Foi nessa fita que estava "Finding My Way", música do primeiro album do Rush, de 1974. Lembro-me que tinha também Rainbow, Sabbath, Dio, Iron Maiden, mas esses eu já curtia, não eram novidade, mas aquela música acertou-me em cheio. Tinha a fúria de uma banda de Metal, mas tinha algo diferente, lembrava o Zeppelin, todos os instrumentos se sobressaiam, e o vocal era muito instigador. Precisava descobrir mais sobre a banda.


Foi a partir daí que comecei a comprar todos os lps que encontrava. Busquei logo pelo primeiro, o "Rush", com o qual fiquei maravilhado. Esse disco me cativou de tal forma que nunca mais desde então fiquei longe dele, seja com o Lp, o Cd, uma K7 ou outra gravação qualquer. Em todas as seleções que eu fazia tinha pelo menos alguma música daquele disco. Logo depois vieram os outros,  "Fly By Night", "Caress of Steel" e "2112". Aqui preciso tecer um pequeno comentário. Esse último disco citado foi outro que me conquistou e ainda hoje, assim como o primeiro, estão entre os meus discos preferidos e mais escutados. 


Voltando ao "disco de hoje", este marca uma fase bem distante daqueles anteriores, tanto temporal quanto musical. Costumamos brincar afirmando se tratar de uma outra banda. Claro que isso é uma hipérbole, pois no Rush nunca houve substituições, o que sempre houve foi experimentos e desprendimentos, liberdade total para músicos excepcionais, os quais necessitam exteriorizar suas capacidades.
Lançado poucos antes da minha "iniciação" à banda, em 1981, depois de três albuns bons, mas inferiores aos destacados, época na qual o Heavy Metal estourava na Europa e se expandia para a América, Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart pareciam ignorar o movimento e chegavam já consagrados com um disco atemporal, perfeito numa classificação simplista.


Numa das primeiras entrevistas no radio para divulgação do disco que já estourava no Top 10 do Canadá, um DJ após ressaltar os sucessos dos trabalhos anteriores, direciona a palavra ao Geddy Lee e fala:
"Let's go out with a hit...", ao que Geddy meio que surpreso questiona: "A hit?", e logo responde honestamente: "We don't have any hits". Estava assim de forma sutil esclarecida a proposta desse novo album. Talvez não fosse para ser tocado nas radios, talvez não fosse para fazer sucesso, não era comercial, no entanto, contrariando os incrédulos, ao longo do tempo este disco se firmou a tal ponto que é considerado por muitos como o melhor trabalho do grupo até os dias de hoje. 


O trio estava afinadíssimo, as composições atingiram o equilíbrio entre todos os estilos pelos quais a banda flertava, naquele momento o Rush era um gigante com capacidade para conquistar o mundo com sua música. Tinham segurança suficiente para se impor em composições complexas, preenchidas pela técnica e virtuose dos seus membros sem perderem a energia e o feeling com que chegaram até ali.


Geddy Lee nunca foi um grande vocalista, mas era(é) um exímio baixista e já mostrava domínio e excentricidade nos teclados. Alex Lifeson sempre impressionou como guitarrista, seguro nas passagens de ritmo e incrível nos solos, muitas vezes extensos e altamente técnicos, e o que dizer do Neil Peart? O cara é uma unanimidade como um dos melhores baterista do mundo. O que esses três caras alcançaram com este disco é algo quase inatingível para 99% das bandas, a perfeição.


Do longinquo ano de 1974, quando se lançaram na fria cidade de Toronto como uma banda de Hard Rock, aos dias atuais, mesmo depois de passarem por duas crises que forçaram a banda a interromper as atividades, o Rush ainda é reconhecido e amado por milhões ao redor desta terra. De toda sua extensa discografia, tenho apenas alguns títulos, gosto de todos, amo alguns, e esses me reconhecem logo quando me aproximo, demonstrando sua reciprocidade quando piscam pra mim.

quarta-feira, julho 27, 2016

domingo, julho 24, 2016

Monterey Pop Festival


Em um belo fim de semana de junho de 1967, no auge do "Verão do Amor", o primeiro e único Monterey Pop Festival International capturou o espírito de uma década dando início a uma nova era do Rock 'n Roll. O clima era de paz e harmonia, famílias inteiras estavam ali para ouvir as grandes bandas da época.


Jimi Hendrix, Janis Joplin e Otis Redding estavam se lançando a um grande público, mas eles eram apenas mais uns entre um elenco bastante diversificado, como Simon and Garfunkel, The Mamas and The Papas, The Who, The Byrds, The Paul Butterfield Blues Band, Ravi Shankar, entre outros.











quinta-feira, julho 21, 2016

The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars


David Bowie dispensa apresentações, foi um dos artistas mais relevantes para a música pop internacional. Como "camaleão", cognome que lhe foi atribuído pelas suas mutações artísticas e visuais, assumiu as mais variadas tendências desde o início da sua longa carreira. Sua extensa discografia é volúvel, atingiu picos de excelência, mas percorreu longos períodos inférteis. Alguns dos seus discos beiram o ridículo.

Particularmente, nunca fui um grande admirador da sua obra, no entanto, quando se tem nas mãos espécies criadas durante os picos a que me referi, não podemos simplesmente ignorá-las, pois são importantes e singulares. Dos aproximadamente 40 albuns que Bowie lançou, apenas três causam-me prazer, além de algumas outras poucas músicas espalhadas pelo restante dos discos.

Poderia até citá-los como uma trilogia, mesmo que não haja qualquer semelhança entre eles além do fato de terem sido lançados em sequencia entre 1969 e 1972, não à toa, um dos períodos mais férteis da música em geral.


"The Man Who Sold The World", "Honky Dory" e "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars" são, nessa ordem, os discos obrigatórios na discografia de Bowie. Não faz muito tempo que comprei o primeiro deles em vinil. O segundo nunca tive, embora talvez o considere o melhor dos três, e o último comprei em cd quando do seu lançamento comemorativo de 40 anos em 2012.

Por acaso, quando estive há alguns meses no restaurante de um amigo, o Tadeu do Almeida's, bisbilhotando seus discos, vi um exemplar do "Ziggy Stardust" em ótimas condições. Uma edição nacional relançada nos anos '80 com capa dupla e muito bem conservada. É claro que tentei convencê-lo a me vender o disco, mas não consegui persuadí-lo.

Para minha total surpresa, essa semana recebi uma mensagem no celular do meu amigo perguntando se ainda tinha interesse no album. É claro que mesmo sem entender a razão da sua repentina mudança de posição, disse que sim um tanto desconfiado e questionei-o o que queria por ele. Maior foi minha surpresa quando a resposta foi "o que você quiser me dar". Como assim? Qualquer coisa? Não sou injusto, nem oportunista, e listei uma série de discos à altura do dele para trocarmos. De logo ele escolheu um do Eric Clapton que eu tinha em duplicidade e não me faria falta, o clássico "Backless".


Marcamos então para ontem, dia 20 de julho, "Dia do Amigo", para fazermos a troca. Não sei se foi o efeito da data, que para mim nada significa, assim como não todas essas outras descabidas. O mais importante foi que tivemos uma noite bastante agradável ouvindo os nossos discos na companhia de velhos e novos amigos, relembrando momentos da juventude e comemorando nossas aquisições.

Antes de sair de lá, como de praxe, dei uma vasculhada nos seus discos e descobri que ele também possui o "Honky Dory", sem nunca sequer tê-lo escutado, o que logo percebi pelo mofo que estava nos sulcos do disco, o que foi confirmado por ele. Não podia deixar de tentar mais uma vez fazer-lhe uma proposta que assim como a primeira foi ignorada, só que dessa vez eu sei que aquele coração não é tão impenetrável assim, talvez baste apenas uma outra data comemorativa, alguns discos que nos façam relembrar momentos marcantes e alguns amigos agradáveis que nos arranquem largos sorrisos para fazê-lo mudar de ideia. Agora tenho pelo menos um motivo para comemorar o 20 de julho.



terça-feira, julho 19, 2016

The Piper at the Gates of Dawn


Era 1967, a música pop se transformava, os jovens estavam em busca de algo novo, contagiante, os ânimos se exaltavam, a psicodelia causava ebulição social.
Foi nesse clima que os Beatles lançaram "Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band" e o Pink Floyd surgiu com "The Piper at the Gates of Dawn", ambos lançados quase que simultaneamente, um choque sem antecedentes.


O jovem Syd Barret, gênio, lunático, cantor, guitarrista e compositor era tudo para a banda, mas mergulhou tão fundo no seu mundo interior que dele não conseguir sair, causando sérios e irreparáveis distúrbios na sua mente e danos ao grupo que até então dependia totalmente dele e apenas o seguia. Sua loucura chegou a um nível insustentável e seus amigos, embora relutantes, não tiveram outra opção a não ser afastá-lo, convocando o guitarrista David Gilmour para a principio suprir suas falhas e ausências, mas logo ocupar em definitivo seu lugar. 


Este é um album icônico, tão importante para o rock por justamente mostrar o que estava por vir, era uma nova fase, foi um divisor de águas, é a essência da psicodelia como arte em forma de música. Um album obrigatório para quem pretende entender como e de onde veio o rock progressivo, uma instituição na qual o Pink Floyd ditou regras e quebrou tabus, elevou o estilo a níveis inimagináveis, alcançou o topo e de lá nunca saiu.


Esse vinil é de uma tiragem alternativa, lançado na Itália com a foto da capa diferente da original, desconhecida pelo grande público, mas que mantém a mesma tracklist.




segunda-feira, julho 18, 2016

J-Bay Finals Day Highlights


J-Bay sempre é uma das etapas mais aguardadas do tour, suas ondas são fabulosas e as performances arrebatadoras. Este ano a expectativa era ainda maior devido à situação emblemática em que se encontravam os surfistas no ranking e à volta do Mick Fanning às águas infestadas por tubarões que por milagre não lhe ceifaram a vida ano passado.

Uma semana antes do início o mar já deu a graça e as ondas estiveram no nível esperado, porém esta situação mudou completamente logo no terceiro dia e tudo foi suspenso à espera de condições dignas. Só no último dia da janela de espera foi que as últimas baterias voltaram e o show recomeçou, embora as condições não fossem as esperadas.

Os oito surfistas que chegaram até ali estavam em perfeita sintonia com o mar, qualquer um podia vencer. As baterias foram disputadíssimas, mas parecia que estava escrito que Mick Fanning seria o campeão. Desde o início ele esteve impecável, cirúrgico, superior nos detalhes, e foi o que se confirmou. 

O ranking após o evento ficou aquecido, quase não houve mudanças nas posições, mas todos chegaram mais perto do até então lider absoluto Matt Wilkinson, que a partir de agora pode perder seu posto no primeiro deslize. Gabriel Medina e John John estão sedentos por derrubá-lo, e acredito que o farão já na próxima etapa, Teahupoo, onde ambos são bem superiores ao maluco australiano. Agora ficou mais emocionante. 

sexta-feira, julho 15, 2016

A verdade do coração


A dor é a verdade do coração pedindo cura.

A verdade transborda, a verdade pede presença, a verdade essencialmente é presença, mas nem sempre a verdade do momento é agradável. 
A verdade de um momento pode ser uma dor, e frente a uma dor podemos fugir na tentativa de adormecer ou ficar e ter a oportunidade de cura.
Quando o mal estar de uma emoção vem à tona, uma das maneiras de tentarmos nos livrar dela é sobrepô-la com uma emoção mais intensa. 
Uma alegria superficial, um canto encenado, um sorriso forçado ou uma pressão para viver a vida intensamente.
Hoje em dia há um culto a uma vida vivida intensamente, a partir de uma idéia de que viver intensamente é viver em movimento, em velocidade, em alegria, sugando o máximo da vida. Mas essa intensidade pode se tornar pressa, e quem a busca de maneira inconsciente pode se tornar presa.
O que dá intensidade à vida não é a velocidade, mas a presença. Viver intensamente é viver com sinceridade cada momento, seja ele prazeroso ou não. É aceitar cada emoção como ela surge, ter essa sinceridade consigo mesmo, sem precisar fugir.
Há uma beleza incrível na permanência, a beleza da contemplação.
A pressa é inimiga do amor. Qualquer apreciação pede calma. Nenhuma dor é produzida para afastar, mas para aproximar, para ser curada. Cura em italiano tem o sentido de cuidado, de atenção. Cuidado que é presença, carinho e atenção. Nesse cuidado temos a oportunidade de encontrar na dor uma força, a força da sensibilidade, a força de uma abertura para si mesmo e para o outro, e nela uma elevação acima da dor. Essa elevação é amor, e amor é a verdade do coração.
A dor é a verdade do coração pedindo cura.

Tales Nunes

quarta-feira, julho 13, 2016

Black Sabbath - Solitude

Tempo


"Há tempo para tudo.
Tempo de ser deserto ou chuva grossa.
Tempo de ser orvalho na janela dos olhos ou terra seca na aridez dos dias.
Tempo de transbordar em sorrisos ou desaguar em lágrimas fartas.
Tempo de ser frágil sorrindo, tempo de ser fortaleza chorando.
Tempo de diminuir a rigidez dos ombros, a censura das palavras, a secura do pensamento.
Tempo de aprender a ser rio, cachoeira ou água do mar..."

Fabíola Simões

segunda-feira, julho 11, 2016

The 4 On The Floor


Este é aquele tipo de som que eu coloco ou quando estou muito feliz, com o astral nas alturas, abro os braços e alço voos imaginários, ou quando sinto um aperto no coração e algo entala na minha garganta e preciso gritar para soltar o oxigênio preso e voltar a respirar. Estes são por natureza sentimentos antagônicos que me fazem ouvir bandas "cruas" como a "The 4 on the Floor". 

domingo, julho 10, 2016

Itacaré 2016


Itacaré é um dos meus destinos preferidos para passar alguns dias durante as férias. Já estive por lá diversas vezes e em todas as estações, de inverno a verão, e sempre é muito bom, sempre tem boas ondas, o crowd é suportável, as pessoas são amigáveis, a comida é boa e barata e existem diversas opções de hospedagem. É um lugar onde me sinto muito à vontade, já fui com a família, com grupo de amigos e dessa vez havia combinado de ir com apenas um amigo quando na véspera meu filho decidiu nos acompanhar, o que foi uma surpresa, me deixou muito feliz e durante os cinco dias que passamos juntos ele se mostrou um grande parceiro, como já havia demonstrado em outras viagens.

Sabíamos que provavelmente pegaríamos boas ondas, pois já estávamos monitorando as previsões há alguns dias. Tudo se confirmou e logo na tarde que chegamos vimos um bom swell na praia da Tiririca, mas ainda um pouco prejudicado pelo vento que castigara a região durante a semana anterior.

Ficamos hospedados na casa do meu amigo Ademar, que há pouco havia construído dois flats anexos à sua residência. De logo fizemos amizade com um paraense, o Alexandre Cals, que estava no segundo flat


No segundo dia, seguimos a orientação do nosso amigo Ademar que nos acompanhou e fomos à Jeribucaçu, uma praia mais ao sul que pela sua posição geográfica fica mais protegida dos ventos do quadrante sul que ainda sopravam com pouca intensidade. Optamos por uma trilha alternativa que passa primeiro por uma pequena praia frequentada apenas pelos locais que a mantém em segredo e nos deparamos com um visual incrível. Ondas grandes e perfeitas lambiam as pedras e arrebentavam na praia. Por estar um tanto perigoso, seguimos até Jeribucaçu. O mar estava lindo, apesar de ainda não tão perfeito, o que fazia com que as ondas quebrassem com muita força e fechassem muito rápido. Ficamos o dia inteiro lá, o clima estava ótimo, todos surfaram muito, embora ainda esperássemos por uma condição melhor no dia seguinte.


Acordamos cedo no terceiro dia e sugeri irmos para a Engenhoca, a minha onda preferida na região. O swell ainda estava grande e forte, o que nos proporcionou um dia intenso de surf, mas que com a facilidade do canal que existe colado nas pedras que ficam à esquerda da praia foi possível surfarmos por longas horas. Deixamos a praia no final da tarde certos que fizemos a melhor escolha, todos estavam felizes e ansiosos para voltar no dia seguinte, o qual prometia ser ainda melhor.


À noite saimos para passear na rua principal da cidade, a Pituba, onde todos se encontram para comer, encontrar os amigos, compartilhar as experiências do dia e comemorar a benção de estar naquele lugar repleto de opções de surf, skate, rafting, trilhas, baladas e lindas praias fechadas pela ainda preservada Mata Atlântica.

Chegou o dia mais esperado, a ondulação estava na medida certa, não havia qualquer vento para interferir, a questão era decidir pela praia a seguir. Não foi fácil, eram várias possibilidades, sabíamos que todas estariam perfeitas, mas pelo prazer que tivemos no dia anterior na Engenhoca, voltamos pra lá. Não foi surpresa, mas foi espanto quando chegamos no final da trilha e vimos um mar tão lindo, liso e perfeito que ficamos em êxtase. Apressamo-nos para cair logo e surfarmos por horas as melhores ondas da viagem. Foi tão bom, todos surfamos tantas ondas que apesar dos nossos corações implorarem para ficarmos o dia inteiro naquele lugar, nossos corpos não suportavam mais, e fomos obrigados a voltar e descansar.


Depois de uma farta refeição, fomos até a Tiririca para curtir o fim de tarde no gramado à beira da praia onde fica o bowl e a galera se reúne em volta para ver os skatistas e apreciar o pôr do sol. Chegando lá, o Gabriel mesmo sem o objetivo de andar de skate, até mesmo devido ao dedo ainda fraturado, sentiu-se instigado e decidiu dar um rolezinho apenas para relaxar. Foi só o moleque começar a se soltar e todos pararam para assistí-lo, e aí o show começou. A cada volta o garoto extrapolava ainda mais e começaram a vir as palmas e os urros da platéia que se formou em volta da pista. 


Ficamos lá até as últimas luzes do dia, quando então sentamos na última cabana da praia que ainda estava aberta para bebermos uma cerveja felizes pelo dia incrível que tivemos juntos, um dia inesquecível, marcante, especial, onde a amizade é reforçada pelos inúmeros momentos de alegria compartilhados com pessoas queridas e até desconhecidos que vivem os mesmos sentimentos e estão com seus corações abertos à felicidade.


A previsão anunciava que no dia seguinte as condições mudariam. O vento sul voltaria com bastante força, o mar deveria subir, mas não de forma perfeita. Assim, o melhor a fazer seria levantar bem cedo para aproveitar o pouco tempo antes da chegada do vento. Como a praia mais próxima é a Tiririca e ainda não tínhamos surfado lá, foi para lá que fomos. O dia estava frio, coberto de densas nuvens carregadas. A opção era fazer um surf rápido, e foi o que eu fiz. Os outros não quiseram mais surfar, então surfei por pouco mais de uma hora, foi minha despedida de mais uma trip por essa pequena e maravilhosa região abençoada por Deus na certeza de voltar e poder desfrutar de tudo de bom que essas viagens nos trazem.