Toda construção necessita de uma base sólida. O mesmo serve para o esporte, e no surf não é diferente.Todos os surfistas da elite passaram por essas categorias, sejam elas: gromets, iniciantes, mirins, juniores.
O surfista que pretende fazer carreira precisa começar cedo. É essencial passar pelas categorias de base, pois isso dará ao atleta experiência para que ao chegar nas categorias principais esteja amadurecido em competições. Aliado a isso, o acompanhamento e a orientação técnica, principalmente no início, fará muita diferença. Os australianos e os americanos são os maiores exemplos. Vou citar o maior fenômeno de todos os tempos, Kelly Slater. O cara fez parte da NSSA junto com Rob Machado e Taylor Knox. Correu em todas as categorias adquirindo experiência até ser eleito “Rockie of the Year” em 1991. Com apenas dezenove anos entrou para a elite, o WCT, e conquistou até hoje nove títulos mundiais.
A Austrália também forma campeões há anos. Todos com a mesma trajetória, Joel Parkinson, Mick Fanning e Dean Morrison treinaram juntos na mesma escola por muitos anos. Conquistaram juntos vários títulos amadores naquele país e até no mundo.As maiores marcas do esporte estão nesses países e têm em suas equipes garotos talentosos sendo treinados por técnicos experientes, geralmente ex-competidores, que filmam os treinos e corrigem cada detalhe da equipe, direcionando-os no caminho certo, com muita disciplina, muito estudo, e ai abro um parêntese, pois estudar o esporte é fundamental. Não basta surfar bem para conseguir bons resultados. Isso é coisa do passado. Até os melhores diamantes precisam ser lapidados. O surf hoje é extremamente técnico.Os garotos precisam dominar as regras até mais que as ondas, porque com muito treino você será um bom surfista, mas sem conhecer as regras não vai muito longe.O Brasil vem se destacando no cenário amador. Existem hoje vários circuitos amadores pelo país e campeonatos disputadíssimos até vinte e um anos de idade. O nordeste é um celeiro de novos talentos, mas não dispõe da estrutura do sul, das marcas, das equipes, do investimento que é feito nesses atletas com objetivos a longo prazo.Trazendo a situação para a nossa realidade, para o nosso estado, acho que estamos carentes de novos talentos. Tivemos vários no passado, em épocas diferentes, inclusive com destaques nacionais, mas hoje os nossos amadores estão abaixo da média. Não são competidores, não entendem as competições, não têm objetivos concretos, parece que estão brincando de competir. Tivemos recentemente campeonatos com a participação de atletas de outros estados e pudemos comparar a diferença, a postura, a disciplina, a técnica dos moleques. É bem diferente!
Sergipe é hoje a terceira capital do nordeste em termos de organização do esporte, atrás apenas de Pernambuco e do Ceará. Teremos vários campeonatos esse ano e nos próximos e queremos ver nossos surfistas nos pódios, mas sabemos que para isso teremos de realizar grandes esforços, treinar bastante dentro d’água e sermos mais comprometidos.Queremos ver mais garotos iniciantes orientados nos campeonatos, mais meninas, mais amadores interessados na competição, buscando resultados a médio e longo prazo. Só com muito trabalho e perseverança chegaremos onde queremos.
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