Quem me conhece sabe que sou louco por discos, principalmente vinil, mas nem sempre foi assim. Comecei a me interessar por música e por discos muito cedo, ainda muito novo, com 12 ou 13 anos já curtia uns sons malucos como Secos e Molhados, Raul Seixas, A Cor do Som, entre outros. Logo logo conheci o Pink Floyd e fiquei fascinado. Dai pra frente foi só som Underground e Rock 'n Roll. Comecei então a comprar meus próprios discos, em vinil, claro, porque era o que existia na época. Havia pouca opção aqui em Aracaju, apenas duas lojas tinham a nata do estilo, a Cine Foto Walmir e o Cantinho da Música. Walmir era um fotógrafo, não sacava nada de música, mas trabalhava uma garota lá, chamada Iranir, que era nossa salvadora. Além dela curtir um som, curtia a vibe da galera, e fazia os pedidos como nós sugeríamos. A loja então passou a ser o ponto de encontro dos rockeiros da cidade, e foi assim até a chegado dos cds, quando o Sr. Walmir desistiu de vender discos.
Bom, nessa época, quando os cds tomaram conta do mercado, eu já tinha uma coleção memorável de vinil. Não sei o número exato, mas era entre 800 e 1000, dos quais uns 200 eram importados e outros tantos já raros. Tinha até alguns repetidos, porém em versões diferentes, coisa de colecionador.
Mas aí lançaram o CD, algo totalmente inovador, muito mais prático, com uma proposta de qualidade superior e durabilidade. Foi um divisor de águas. Muitos colecionadores, inclusive eu, começaram então a substituir os títulos em vinil pelo novo disquinho. O vinil foi perdendo valor até ficar praticamente extinto. Não havia mais comércio, nem sequer vitrolas eram mais fabricadas.
Então, vendi vários dos meus discos, dei outra grande parte, e fiquei apenas com alguns, aqueles que mais gostava e os mais raros, até o dia que um cara me procurou dizendo que estava abrindo na sua casa uma espécie de museu, onde os discos seriam expostos e poderiam ser ouvidos por quem se interessasse. Poxa, fantástica a ideia do cara! Levei então todos os meus melhores discos pra lá, acho que entre 100 e 200 títulos, coisas raríssimas, importados, verdadeiras pérolas.
Passei um tempo sem visitar o cara, e certo dia, quando fui à casa dele, tomei um susto: o imóvel estava desocupado. O FDP sumiu com todos os discos! Fiquei desesperado, além do valor monetário perdido, havia o emocional, incalculável, irrecuperável. Foi-se então tudo que tinha, fiquei zerado.
Comecei ai a buscar esses títulos em cd, mas nunca seria a mesma coisa, além do que muitos nunca foram lançados nesse tipo de mídia, e quando lançados, não tinham a mesma riqueza de materiais dos LPs. Como fui idiota!! Choro essa perda até hoje, mas as coisas estão mudando...
Ano passado, uma reviravolta aconteceu: O vinil renasceu com força total. Várias pessoas passaram a negociar discos na internet, feiras por todo o Brasil, e as gravadoras voltaram a apostar nos LPs. Com isso, lógico, os preços explodiram. Discos que estavam guardados há anos, sem valor, voltaram ao mercado valendo fortunas. Quem ainda os tinha, ficou rico de uma hora pra outra.
No meu caso, vislumbrei a possibilidade de conseguir alguns dos títulos perdidos, mesmo pagando caro por eles, e assim o foi...Certo dia, passeando pela orla à noite, vejo um maluco com uma banquinha com alguns LPs e achei o primeiro do Iron Maiden por R$ 25,00. Levei na hora. Foi o primeiro dessa minha nova coleção que hoje conta com 68 discos, tudo em menos de um ano(Caramba! Isso dá em média um disco por semana...Sou mesmo compulsivo!).
Dentre as pérolas perdidas, algumas já foram recuperadas, e assim pretendo formar meu novo acervo, focando não em quantidade, mas em qualidade. Não tenho a mínima pretensão de possuir centenas de discos como antes, apenas buscarei aqueles que considero importantes e que me trazem o máximo de prazer.
Das minhas três bandas preferidas, Pink Floyd, Led Zeppelin e Black Sabbath, quero ter tudo, e já estou quase conseguindo, graças a um amigo que conheci pela internet e mora nos EUA. O cara é uma mina, consegue discos originais, de época, que parecem recém lançados. Hoje mesmo recebi mais um pacote com cinco discos, todos clássicos!
E assim vou esvaziando minhas economias e enchendo minhas prateleiras com essas bolachas desse plástico negro que para muitos não significa nada, mas para mim traz momentos de alegria, vislumbramento, me faz viajar, me transporta sem movimento, preenche meu coração com os mais diversos sentimentos.