A música inspira o surf.

Sempre estiveram presentes na minha vida. Chegaram juntos e tomaram conta dos meus pensamentos, fazendo com que, a eles, tudo esteja relacionado.

O surf é o meu estilo de vida. Ele dita o meu ritmo. Um amor que perdura por quarenta anos e está cada vez mais sólido.

A música é essencial. Torna momentos marcantes e inesquecíveis pelo simples fato de estar presente.

Nessa trajetória, já percorremos milhares de quilômetros em busca das melhores ondas, sempre embalados pelo bom e velho Rock 'n Roll.

quinta-feira, abril 23, 2015

Drug Aware Margaret River Pro


Margaret é mesmo uma "garota" temperamental. Nem todos os anos ela se faz presente no circuito, nem sempre se apresenta de forma adequada, mas este ano ela surpreendeu a todos.
Localizada numa das regiões mais bonitas do oeste da Austrália, região privilegiada com ondulações grandes e constantes devido a sua posição geográfica. Cidade tranquila, onde a população é muito ligada ao surf e o governo, reconhecendo essa oportunidade, apóia de todas as formas qualquer evento ligado ao esporte, inclusive patrocinando esse que é o maior campeonato do ano na região utilizando estratégias de marketing visando alertar os jovens do perigo das drogas.

As previsões indicavam uma semana inteira com ondulações gigantes e perfeitas para a região. A organização montou o palanque principal em frente ao Main Break e um segundo em frente ao pico alternativo conhecido como The Box, uma onda muito perigosa e pouco surfada, tanto pelo perigo oferecido a quem se arrisca, como pela pouca constância que ela funciona.

Além dos 32 ranqueados, entraram no evento o campeão das triagens, o local Jay Davies e o brasileiro convidado Alejo Muniz. Como previsto, no primeiro dia as baterias já foram para a água no pico alternativo de The Box, para alegria de uns e desespero da maioria. Declarações de surfistas super experientes em ondas grandes e perigosas definiam a complexidade e o perigo que era surfar naquelas condições. John John e Michel Bourez afirmaram que surfaram com medo e foram, junto com o local Jay Davies, Mick Fanning e Kelly Slater os destaques do dia. Ficou claro que o conhecimento e experiencia naquela onda foram o fator determinante para suas performances. Dos oito brasileiros, somente o Miguel Pupo venceu sua bateria passando direto para o terceiro round e os outros sete ficaram para o segundo round, o round de repescagem.


No segundo dia as condições se mantiveram e a organização manteve as disputas em The Box. Poucos surfistas estavam realmente conseguindo surfar naquelas condições, inclusive algumas vacas sinistras foram vistas colocando em risco a vida de alguns. Adriano de Souza deu show, escolhendo as maiores da série, conseguiu vencer sua bateria e Italo Ferreira e Jadson André também conseguiram se recuperar e voltar para o terceiro round. O local Jay Davies surfou muito e despachou Gabriel Medina. Kai Otton e Owen Write foram os outros dois destaques do segundo round.

No terceiro dia, terceiro round, as condições ficaram ainda mais críticas. Tubos imensos e vacas cabulosas alternavam-se em todas as baterias. Kelly Slater foi o grande destaque do dia. O cara conseguiu duas notas excepcionais, um 9,5 e um 10. Jay Davies surpreendeu novamente eliminando o Mick Fanning, numa bateria de alto nível. Nesse momento, o garoto local virou herói, Já havia eliminado o atual campeão do mundo e acabava de eliminar o tricampeão mundial e herói nacional e atual líder do ranking. Dentre os brasileiros somente o Adriano conseguiu avançar, mesmo somente com uma onda boa, um 7,83, porque seu oponente não conseguiu nenhuma onda decente.

Quarto dia, quarto round. Nesse round ninguém é eliminado. São quatro baterias com três surfistas onde o primeiro vai direto para as quartas de final e os dois perdedores competem em mais um round de repescagem. É um round muito importante. O mar continuou subindo e a comissão técnica transferiu as baterias para o pico principal(Main Break). Ondas de 12 pés com muito volume massacravam os surfistas e suas pranchas. Nunca vi tantas pranchas quebradas num evento. Taj Burrow e Owen Write conseguiram quebrar cada um três pranchas nas suas baterias. Os quatro vencedores deram show e mostraram muito conhecimento e determinação para vencerem. Mais uma vez, John Florence, Nat Young - implacável de back side, Taj Burrow e Kelly Slater surfaram em outro nível e já encabeçavam as quartas de final.

Devido as condições ideais, seguiu-se o quinto round, o round que é a chance de recuperação dos perdedores do round anterior. Na primeira bateria, o local Jay Davies mostrou muito conhecimento, optou pelos tubos e despachou Jeremy Flores. Na segunda, Michel Bourez mostrou muita vontade e surfou com muita pressão para despachar Sebastian Zietz, que também vinha com boas performances. Julian Wilson e Adriano de Souza, que estavam nas próximas baterias, precisavam avançar para tomarem a liderança do ranking. Julian enfrentou Owen Write. Write foi um dos destaques em todas as suas baterias. Fez o primeiro 10 do evento com um tubo gigante e muito profundo, surfou sempre no crítico e começou muito bem essa bateria com três manobras fortes marcando um 9,43, mas ficou por aí. O Julian foi mais técnico, escolheu melhor as ondas e fez duas notas excelentes, 9,73 e 9,33. Agora era a vez do Mineiro. Linhas lindas de 10 a 12 pés constantes no outside. Adriano abriu com uma bomba e parecia no drop que tentaria um tubo, mas a onda espumou e ele optou por atacar com três manobras na face, com segurança e fluidez, rendendo um 6,5. A bateria seguiu de forma tensa onde ambos não conseguiam pegar boas ondas, quando no final o Adriano conseguiu encontrar a melhor onda da bateria e marcar um 8,33 para sacramentar sua vitória.


Imediatamente, aproveitando as ótimas condições, começaram as quartas de final com John Florence e Jay Davies. John John deu mais um show finalizando assim a surpreendente participação do local hero Jay Davies. Na sequencia Nat Young venceu o poderoso Michel Bourez. Muita expectativa para a bateria seguinte porque poderia determinar a liderança do circuito. Julian Wilson surfou bem, mas aquém do que vinha surfando até então e Taj Burrow arrebentou, foi muito crítico nas suas primeiras manobras e conseguiu duas ondas excelentes vencendo o confronto. Assim, com esse resultado, Adriano de Souza passa a ser o novo líder do circuito. Na bateria seguinte ele encara o monstro Kelly Slater. Eu tenho a impressão que todo o poder psicológico que Kelly impõe sobre seus adversários volta-se contra ele quando enfrenta o Adriano. Nos últimos nove confrontos o placar está em 8 x 1 para o Adriano. Mineiro começou bem com um 6,83 e emendou com uma onda excelente, um 8,90. Kelly começou devagar e logo na terceira onda, uma bomba, tomou uma vaca e estourou sua prancha. Trocou de prancha e nada adiantou. Pegou mais três ondas ruins e ficou numa combinação de 15,74. Faltando quatro minutos, uma série monstruosa varreu os dois. Kelly conseguiu voltar ao outside para sua última onda, que foi sua melhor, um 7,13, mas já era tarde demais, o "guerreiro" matou o "monstro".

Definidas as duas semi-finais: John Florence x Nat Young e Taj Burrow x Adriano de Souza, foi preciso esperar alguns dias para que estas baterias fossem decididas pois um vento muito forte insistiu em prejudicar as condições até que no décimo dia do evento elas voltassem para a água. John John surfou no limite, foi arrojado e criativo, escolheu bem as ondas e arriscou em todas as manobras, conseguindo duas ondas excelentes. Nat Young surfou bem, mas lhe faltou regularidade, apesar de ter feito uma onda incrível. Na segunda bateria, Taj abriu numa esquerda com a melhor nota da bateria. Adriano respondeu à altura e assim foi durante toda a bateria. A cada onda surfada, a liderança era trocada, mas no final, Adriano conseguiu uma onda sólida com três manobras bem executadas e virou a seu favor deixando Taj com a prioridade por cinco minutos, que para nossa sorte, a série não veio e Taj não conseguiu reverter a situação.


Estavam então na grande final do Drug Aware Margaret River Pro o melhor surfista de todo o campeonato até o momento, John John Florence, e o guerreiro sempre raçudo Adriano de Souza que, a meu ver, embora esteja passando suas baterias, ainda não surfou todo seu potencial. Começa a bateria com ondas lindas de aproximadamente 2,5 m. e com terral. Adriano abre a bateria com uma onda excelente, da série, com duas grandes manobras de borda e uma finalização crítica, recebendo 8,93! John John veio na sequencia com uma boa onda, com duas boas manobras mas não finalizou e ficou com 7,00. Pegou sua segunda onda e abriu com manobras fortíssimas, fazendo uma nota quase excelente, mesmo caindo na finalização(7,87). Adriano, com a prioridade, escolheu bem sua segunda onda e fez mais duas grandes manobras e finalizou numa junção muito forte(8,60). John passa a precisar de 9,66 e fez sua melhor onda. Destruiu uma direita com três manobras no crítico, arriscando tudo e mereceu uma nota excelente(9,00). Nesse momento, John John muito mais ativo, já tinha seis ondas e Adriano, cirúrgico, escolheu e surfou apenas duas ondas, mantendo a prioridade. Oito minutos de expectativas, de ansiedade, mas Adriano soube administrar sua vantagem e com muita emoção conseguiu garantir mais uma grande vitória para ele e para o Brasil, sua quinta no circuito mundial, conseguindo, com isso, distanciar-se no ranking para chegar ao Rio de Janeiro como líder absoluto.


Uma final épica em um campeonato épico. Difícil uma etapa apresentar tantos dias clássicos com ondas que variaram de dois a quatro metros, sempre perfeitas. Altas performances, show de surf, tanto masculino como feminino. Parabéns Adriano pela força, garra, atitude, foco e alto nível de surf.


quarta-feira, abril 22, 2015

Fleetwood Mac - Box Set


Acaba de sair nos Estados Unidos uma caixa com quatro dos melhores discos do Fleetwood Mac, em vinil, Then Play On, Kiln House, Bare Trees, Future Games. A caixa abrange fases e formações diferentes da banda, do Blues Rock ao Pop. Por que essas coisas não chegam por aqui?

terça-feira, abril 21, 2015

Muddy Brothers


Os Muddy Brothers são um trio capixaba dos bons, fazem um Blues Rock inspirado, com peso e groove suficientes para rachar concreto. Em 2013 lançaram o excelente Handmade, com 12 músicas cantadas em inglês visando, lógico, o mercado internacional, porque é o tipo de som que só uma pequena minoria escuta no nosso país de bunda.


Ano passado eles soltaram mais um trabalho, o EP Seasick, com cinco faixas na mesma pegada do primeiro álbum. Esperava-se que logo viessem com o segundo disco, mas acompanhando as publicações da banda, sei que entraram no estúdio em fevereiro último e já devem estar com tudo prontinho. Essa semana publicaram esse video com uma gravação da música Love Won't Bring You Down, que está no primeiro disco, só para esquentar as expectativas...


https://soundcloud.com/themuddybrothers
https://www.facebook.com/TheMuddyBrothers?fref=ts

domingo, abril 19, 2015

A Música Nunca Parou - Trailer Oficial



Poxa, que filme legal! Pai e filho tentando um reconciliação através da música que foi, no passado, o motivo do rompimento entre eles. A trilha sonora é linda, Bob Dylan, The Beatles, Buffalo Springfield, C.S.N.&Y., The Grateful Dead, entre outros clássicos dos anos '70. Um drama emocionante baseado numa história real. Vale demais!!

Highlights das Meninas



Ontem, quinto dia do Drug Aware Margaret River Pro foi das meninas. Rolaram os rounds 2, 3 e 4. Nossa representante, Silvana Lima, após ter perdido para Tyler Write no Round 1, passou por pouco por Alessa Quizon no Round 2. Foi então para o Round 3, que não elimina ninguém, é apenas classificatório. Silvana perdeu para a havaiana Malia Manuel e precisou correr o Round 4. Infelizmente, mesmo surfando muito bem, caiu frente à Bianca Buitendag, naquela que foi a melhor bateria do round, com a maior média(8,29), finalizando sua participação em 9º lugar. 

Silvana já tinha conseguido um 5º e um 9º lugar nas duas primeiras etapas e está em 8º lugar no ranking. Com essa colocação, deve cair algumas posições, tudo vai depender das suas rivais. O importante é manter-se entre as 10 primeiras para garantir-se na elite. 

É uma pena que ela não venha conseguindo colocações melhores, porque é, sem dúvida, uma das que mais está surfando, impressionando a todos. Mas o ano está só começando, ainda veremos ela brilhar...

sexta-feira, abril 17, 2015

quinta-feira, abril 16, 2015

Highlights - Round 2

Wright's Perfect Bomb



Estamos no segundo dia e segunda fase do Drug Aware Margaret River Pro. Por enquanto o que vimos foram poucas ondas realmente boas, com notas altas, mas vimos muitas vacas, algumas sinistras, surfistas de alto nível sem conseguir nem fazer notas medianas. No entanto, alguns conseguiram se destacar, seja pelo experiência ou pelo conhecimento naquela onda completamente imprevisível. Entre os brasileiros, apenas o Adriano deu show, mas continuam classificados o Italo Ferreira, o Jadson André e o Miguel Pupo, que foi o único a passar direto para o terceiro round. Entre os estrangeiros, destaque para o John John, o Kelly, Mick, Joel e Owen Wright, que fez até agora a maior pontuação e a única nota 10 do evento. 

sábado, abril 11, 2015

Margaret River Pro 2015


Fiz recentemente uma forte crítica à WSL(mais uma na verdade - porque já fiz várias) sobre a final de Bells. Sou surfista há mais de 30 anos. Quando comecei, a organização do surf mundial era responsabilidade da IPS(International Professional Surfers), que durou de '76 a '82. Logo passou para as mãos da ASP(Association of Surfing Professional), que entre muitos erros e acertos levou o surf para o patamar atual. Esse ano o circuito mundial é comandado pela "World Surf League". No fundo, mudou quase nada, em todos os sentidos.


Mas meu propósito aqui é dar mais uma "alfinetada" no dedo do pé dessa organização(só pra ver se ela reage) e para tecer-lhes um elogio. Estava lembrando do último Pipe Masters, etapa decisiva do circuito do ano passado. Havia um movimento entre os havaianos revoltados por não terem a oportunidade de participar do evento, pois é preciso ser ranqueado para tal e eles, os verdadeiros locais do pico, ficam sempre de fora, como meros espectadores. A WSL então, evitando um conflito, criou uma triagem só para eles, com 32 locais de onde só dois seriam encaixados no evento principal.  Foi até uma boa alternativa, mas aí cometeram um crime. O Pipe Masters, patrocinado pela Billabong, é sempre em homenagem ao Andy Irons, havaiano tri-campeão mundial, maior rival de Kelly Slater até hoje, que também era patrocinado pela mesma empresa. Então, na escolha dos 32 locais, "esqueceram" do Bruce Irons, irmão do Andy, excelente surfista que dá show de surf quando o mar tá grande e inclusive já fez parte da elite da ASP e é um dos melhores surfistas do Hawaii. Isso foi inconcebível, imperdoável! Mas ninguém da WSL se manifestou a respeito do critério da escolha. Isso é obscuro, para não usar outro termo.


O campeonato aconteceu de forma tranquila, foram muitas as emoções, afinal o título mundial estava sendo disputado por três surfistas, um brasileiro, um australiano e um americano. Mas um cara que ninguém esperava começou a "bagunçar" a festa, a fazer história. Esse cara chama-se Alejo Muniz. Como ele não tinha tido um bom ano no circuito, precisava chegar às finais para manter-se na elite em 2015. É lógico que ele estava ali para o tudo ou nada, mas Deus ou o diabo resolveram lhe testar e complicar sua vida. Passadas as primeiras fases, Alejo iria encarar Kelly Slater, um dos pretendentes ao título mundial que para ser campeão precisava da vitória. Alejo o ignorou e o despachou. eliminando assim um dos candidatos. Com isso, sobraram o Gabriel Medina e o Mick Fanning na disputa pelo grande troféu. Aconteceu que na fase seguinte, Deus ou o diabo novamente forçaram a barra e colocaram o Alejo contra o Mick Fanning. Coitado do Alejo, pensou o mundo. Mas erraram, coitado do Mick Fanning, pensou o Alejo. O brasileiro pegou dois tubos impressionantes e Mick disse adeus a sua chance, incrédulo. 


A praia foi à loucura, o mundo do surf foi à loucura, uma nova história estava sendo escrita. Gabriel Medina consagrava-se Campeão Mundial de Surf Profissional, título inédito para o Brasil.

Bom, mas contei essa historinha para concluir fazendo um elogio a nossa "querida" WSL. Na próxima semana começa a janela de espera para a terceira etapa do ano que acontece em Margaret River, também na Australia - país favorecido, único com três etapas. Margaret tem uma onda poderosa, onde geralmente se destacam aqueles que possuem um estilo de surf mais forte. Então, essa semana, a WSL convidou oficialmente o Alejo Muniz para a etapa, o "gladiador matador de candidatos a título mundial" que está fora da elite esse ano por não ter conseguido os pontos suficientes no ano passado terá uma grande oportunidade. Ele já competiu em anos anteriores naquele lugar e fez ótimas apresentações, seu surf se encaixa muito bem naquelas ondas. Acho que os caras quiseram redimir-se de alguns dos seus pecados...


A comunidade do surf brasileiro comemorou, Alejo deve estar "no céu". Hoje ele ocupa a 2ª posição no ranking classificatório e um bom resultado nessa etapa seria um passo gigantesco para seu retorno à elite em 2016. Parabéns a WSL por acertar uma e parabéns ao Alejo, pois seu lugar é na elite, de onde não merecia ter saído, na arena dos leões.

sexta-feira, abril 10, 2015

The Fisherman’s Son (Trailer)



Trailer do novo filme da Patagonia, estrelado por Ramón Navarro, chileno, big rider  que já concorreu ao prêmio "Aventureiro do Ano" em 2013. Expressa muito bem a realidade das ondas e da situação do país e do seu povo. Lindas imagens e triste realidade.

quinta-feira, abril 09, 2015

Surfa Melhor Quem Mais Se Diverte


Já fazia três dias que ia à praia já sabendo que não tinha onda, as previsões mostravam isso, mas como sou persistente, vou dar minha conferida. Hoje, no entanto, fiz uma outra opção, ao invés de levar minha pranchinha merrequeira, levei o Stand Up, pelo menos aproveitaria para dar uma remada sem frustração. 

Quando cheguei a Cinelândia, percebi logo que apesar de ainda pequeno, as condições estavam melhores que os dias anteriores, o mar estava mais liso, o período entre as séries maior e as ondas mais perfeitas. Até pensei em voltar para casa para deixar o SUP e levar minha pranchinha, mas desisti, queria curtir uma vibe diferente.

Tinha apenas quatro ou cinco pessoas na água. Entrei um pouco afastado para não incomodar e para não colocar em risco aquelas pessoas, pois já faz um tempo que não surfo de SUP e não me sentia seguro. Besteira, foi só começar a remar e já estava na base. Fiz primeiro uma remada para o outside e logo tive a grata companhia de dois golfinhos que nadaram ao meu lado. É lindo vê-los tão de perto, tão tranquilos no seu habitat.

Após alguns minutos, voltei para a arrebentação pensando em pegar umas ondinhas. Achei logo uma esquerda longa, lisinha e bem divertida. Voltei e logo peguei uma direita também muito gostosa. Surfar de SUP nessas condições é diversão garantida. Já tinha garantido meu dia.

Foi então que de longe avistei uma amigo, o Wanderlei, que havia me falado dias antes que estava fazendo uma "Mini Simon", modelo de prancha bem pequena(5' x 21,5) com quatro quilhas, ideal para aquelas condições de mar. Aproximei-me dele e pedi para experimentar sua prancha, pois nunca havia usado uma daquelas. Foi impressionante! Saí de uma prancha com o dobro do tamanho(9'6") e imediatamente peguei uma longa esquerda fazendo a onda com velocidade até a beira, um surf completamente diferente, pura diversão. Voltei para ele e pedi mais uma. Dai peguei uma direita e mandei um floater com muito estilo e velocidade. Pronto, estava amarradão!

Nesse momento, um conhecido que vejo sempre na água se aproximou para elogiar minha onda e ver a prancha, pois ele também usava um modelo semelhante, só que um pouquinho maior(5'5" x 20,5) e bi-quilha. Não perdi a oportunidade e pedi para testar a dele. Mais uma deliciosa experiencia. Apesar de um pouco diferente, a proposta era semelhante. Nada de performance, surf divertido, pra frente, usando a parede da onda com curvas bem abertas. Só peguei mais duas ondas e foi o suficiente para ganhar o dia.

Isso me fez lembrar o real espirito do surf: "O melhor surfista é aquele que mais se diverte". Como podemos diante de tantas possibilidades e escolhas tornar nossos dias melhores ou piores, fazermos o que já fazemos ou arriscar, tentar coisas novas, buscar alternativas a fim de quebrar a rotina. Muitas vezes ficamos cegos às oportunidades que estão à nossa frente e optamos pela segurança daquilo que já conhecemos, deixando assim de experimentar novas sensações. Foi um ótimo dia, obrigado àqueles que compartilharam disso comigo.

quarta-feira, abril 08, 2015

Rip Curl Pro Bells Beach 2015


Mais uma vez foi emocionante, apesar de revoltante e frustante acompanhar mais essa etapa do circuito mundial. A WSL mostra-se cada vez mais uma entidade política e injusta. Uma etapa super tradicional como essa, uma das mais importantes do tour, disputada na Austrália, patrocinada pela maior empresa do surf do mundo, a também australiana Rip Curl, com o seu atleta número um na final contra um brasileiro, o nosso guerreiro Adriano de Souza, que já venceu aqui em 2013. Numa bateria disputadíssima, de alto nível técnico, quando nos minutos finais o Adriano pega uma onda da série onde presisava de uma nota 7,78 para virar a bateria, dois juízes dão a nota 7,80, um dá 7,70 e o último dá 7,50, o que na média faz com que a nota final fique em 7,77, um centésimo mudou a história. Com isso, a bateria fica empatada em 15,27 e no desempate a vitória fica com o Mick Fanning por ter a melhor nota da bateria. 

Parabéns aos dois que deram show! Mas não concordo com esse critério, já fiz vários comentários contra esse sistema que permite aos juízes saberem antes de soltarem suas notas quanto o surfista precisa para vencer ou perder a bateria, e isso dentro de uma escala de dois pontos onde ele pode dar a nota que quiser, na verdade eles dão " a vitória" a quem eles quiserem. Isso não é justiça!

Na minha opinião, o Adriano mereceu a vitória, fez manobras maiores, arriscou e variou mais. Seria seu segundo título nessa etapa, mas foi um excelente resultado e com isso ele se posiciona agora em terceiro no ranking, muito bom para começar bem o ano. Mick Fanning conseguiu igualar o record de Kelly Slater e Mark Richards com quatro títulos nesse evento, e passa a ser o líder do circuito, por enquanto.

Devemos também reconhecer e valorizar as excelentes atuações dos outros brasileiros, em especial os quintos lugares conquistados pelo Filipe Toledo e pelo Gabriel Medina, que passam a ocupar a segunda e a nova posição no ranking, respectivamente. Essa foi apenas a segunda etapa das onze para o ano, muitas águas vão rolar, e o que sempre esperamos é que os melhores vençam, independente da nacionalidade e dos patrocinadores. Mantemos a esperança e que o surf prevaleça.

A Arte do Rock


Título pomposo, pretensioso, mas com uma capa irresistível. Encontrei essa obra na Livraria Nobel, lacrado. Pedi ao vendedor outro exemplar para folheá-lo, mas era único. Solicitei então para abrí-lo e fiquei fascinado. O título original é "The Art of Classic Rock", lançado em 2011, por Paul Grush,  baseado na coleção de Rob Roth.
O livro/enciclopédia, embora com esse título abrangente, foca apenas em oito bandas, as preferidas do colecionador.
Rob Roth é diretor de teatro da Broadway e apaixonado por música e pela arte em geral. Sua obsessão começou pela música dessas bandas e tudo que estivesse atrelado a elas: material promocional, anúncios, capas, cartazes, adesivos, ingressos, chaveiros, bottons, e até mobiles e displays expostos nas lojas pelas gravadoras. Sua coleção chega a mais de três mil itens, e continua crescendo.
Realmente os últimos anos da década de '60 e os anos '70 foram o período mais fértil da música e da arte ligada à ela. O Rock dominava completamente esse período. Claro que em todas as épocas se produziu coisas boas, acho até que estamos colhendo nesses últimos anos uma safra espetacular com diversas bandas fazendo referências explícitas àquelas daquele período de outrora.
Voltando ao livro, o trabalho desse cara realmente encanta. São centenas de imagens raras, em sua grande maioria inéditas, todas com os devidos créditos e textos muito bem escritos que contam a história de cada peça alimentando a curiosidade sobre a arte, muitas delas fazendo referência a determinadas músicas em especial ou a capas de álbuns clássicos.
Contudo, abro um parágrafo para fazer uma crítica(é preciso ser muito crítico - todo crítico é um chato - para encontrar defeito em algo tão bonito). O universo da música é gigantesco e seria impossível abrangê-lo totalmente, entendo, mas o Rob Roth, o colecionador em questão, tinha suas preferências, como qualquer outro, então o fato de ele selecionar para a obra apenas as artes das suas queridas oito bandas deixou uma lacuna gigantesca e cometeu uma injustiça enorme com tantos outros ícones da música que ficaram de fora. Tenho certeza que assim como eu, todo apaixonado pelas músicas e bandas daquele período que adquiriu essa enciclopédia sentiu falta de outras bandas tão ou mais importantes do que algumas aqui expostas. 
Como disse, o período foi muito fértil(as drogas usadas na época deveriam ter mais qualidade do que as atuais...) e para conseguir abranger todas as mais importantes e relevantes bandas a obra precisaria de vários volumes, o que inviabilizaria sua comercialização.
Todavia, o fato da restrição não prejudica em nada o valor desse trabalho luxuoso de mais de 40 anos, realizado com bastante esmero. Uma peça histórica que imortaliza belíssimas imagens as quais sem a boa vontade e obsessão dessas pessoas nunca chegariam a nós, simples mortais. Valeu cada real.

Mia Couto


Mia Couto é  moçambicano. Foi professor e jornalista, hoje é um biólogo, escritor e poeta. Estava lendo recentemente alguns dos seus textos e copiei alguns que chamaram minha atenção.

"Fazer amor, sim e sempre. Dormir com mulher, isso é que nunca.
Dormir com alguém é uma intimidade maior.
Não é fazer amor.
Dormir, isso é que é íntimo.
Um homem dorme nos braços de mulher e a sua alma se transfere de vez.
Nunca mais ele encontra suas interioridades.
Nunca dormi com mulher, é verdade.
Mas dormi em mulher.
E isso pouco homem fez..."

"Encheram a terra de fronteiras, carregaram o céu de bandeiras.
Mas só há duas nações - a dos vivos e a dos mortos".

"Vantagem de podre é saber esperar.
Esperar sem dor.
Porque é espera sem esperança"

"Não passe a mão pelas fotos que se estragam.
Elas são o contrário de nós;
apagam-se quando recebem carícias"

"Para que as luzes do outro sejam percebidas por mim devo por bem apagar as minhas,no sentido de me tornar disponível para o outro"

"Cada um descobre seu anjo tendo um caso com o demônio"

terça-feira, abril 07, 2015

Rip Curl Pro Bells Beach - Quartas de Final Definidas



Ontem, dia 06/04, mesmo com as condições difíceis do mar de Bells, com muito vento, foram disputadas as baterias dos rounds 4 e 5, tanto do feminino quanto do masculino. Com isso estão definidos os nomes que irão para as quartas de final. Três brasileiros continuam na disputa: Adriano de Souza, Gabriel Medina e Filipe Toledo. A nossa Silvana Lima perdeu no round 4, apesar de ter surpreendido a todos com seu surf, mais uma vez.

quinta-feira, abril 02, 2015

Bells Beach Por Um Drone



Imagens incríveis capturadas por um drone mostram muita ação e beleza nas ondas e na região de Bells Beach, local onde acontece a segunda etapa do Tour.

Rip Curl Pro Bells Beach - Melhores Momentos do 1º Dia

Kelly Slater Anuncia Aposentadoria


Ontem foi o dia da mentira, muita gente gosta dessa brincadeira para pregar peças nos outros, e tudo que se fala gera dúvidas, será verdade ou será mentira? 
O fenômeno e maior surfista de todos os tempos, Kelly Slater, fez uma declaração polêmica e deixou todo o mundo curioso. Palavras dele:
"Grandes decisões na vida não são fáceis e me levou muito tempo para refletir e chegar a essa conclusão. O Rip Curl Bells foi meu primeiro evento no Tour e caminha para ser meu último na WSL. Há muitas pessoas a agradecer e memórias a relembrar, mas espero que eu possa tirar o coelho da cartola e vencer um último evento esta semana. Minha prancha está ótima e estou animado como nunca para surfar e aproveitar. Espero ver todo mundo em Bells Beach esta semana. Não é a melhor previsão, mas estou voltando às minhas raízes da Flórida!

Desde quando Kelly conquistou seu 10º título que se fala na sua aposentadoria, mas ele sempre brinca com a idéia e surpreende a todos surfando como nunca e ganhando campeonatos. Mas a idade deve estar pesando, ninguém chegou nem perto do que esse cara já fez e já conquistou, e para ele se manter na elite, no ritmo do circuito, manter-se estimulado depois de mais de vinte anos, não é nada fácil.

Eu não sei, sinceramente acho que pode ser verdade, uma hora isso vai ter que acontecer, e se ele vencer a etapa seria um ótimo momento. Ontem, assistindo as primeiras baterias do primeiro round, considerei, e inclusive comentei hoje com uns amigos, que Kelly foi o melhor do dia. Bom, só nos resta torcer para que ele vença essa etapa e, se for verdadeira sua declaração, que ele consiga alcançar mais esse objetivo e termine sua carreira como herói.