A música inspira o surf.

Sempre estiveram presentes na minha vida. Chegaram juntos e tomaram conta dos meus pensamentos, fazendo com que, a eles, tudo esteja relacionado.

O surf é o meu estilo de vida. Ele dita o meu ritmo. Um amor que perdura por quarenta anos e está cada vez mais sólido.

A música é essencial. Torna momentos marcantes e inesquecíveis pelo simples fato de estar presente.

Nessa trajetória, já percorremos milhares de quilômetros em busca das melhores ondas, sempre embalados pelo bom e velho Rock 'n Roll.

terça-feira, março 27, 2012

Peru - Lima



Lima - Peru
Chegamos a Lima para os nossos dois últimos dias da viagem. Sabíamos que Lima também oferece ondas excelentes, mas já estávamos satisfeitos e queríamos dar um pouco mais de atenção às nossas esposas, afinal elas passaram 11 dias só vendo ondas e mais ondas, desertos e estradas, sem nenhum conforto. Era a hora de recompensá-las.

Miraflores - Lima
Conseguimos ficar no bairro de Miraflores, o melhor da cidade. Lima é uma grande metrópole, e este bairro é incrível, seguro, super movimentado e muito bonito. Passamos os dias perambulando pelos mercados e lojas. O Shopping Larcomar, que fica em frente ao mar, no meio do penhasco, é bem agradável. Tem lojas bem legais e uma praça de alimentação ao ar livre ótima para tomar uma cerveja vendo o mar.

Shopping Larcomar - Miraflores
Depois de dois dias gastando o resto do dinheiro que ainda tínhamos, comprando lembranças para os nossos amigos e familiares, estávamos exaustos e afim de voltarmos para casa. Foram quinze dias longe, e mesmo curtindo muito, pegando altas ondas, também queríamos voltar à nossa família, às nossas casas, estávamos todos muito cansados.

Essas foram as melhores férias da minha vida. Realizei um sonho que me acompanha há mais de 30 anos. Surfei ondas incríveis, grandes e pequenas, inclusive Chicama, a esquerda mais longa do mundo, que tanto desenhei nos meus cadernos.

Acredito que tudo na vida tem o momento certo, nada acontece por acaso, e esse foi nosso momento. Estávamos entre amigos, alguns com esposas, e isso fez fortalecer nossa amizade, nossa união. Viajar é a melhor coisa do mundo, ganhamos experiência, cultura, fazemos amigos e aprendemos a dar mais valor a tudo que temos.

Agradeço aos meus amigos pelo incentivo, agradeço aos meus pais que também contribuíram e sempre nos apoiaram, ao meu filho que foi muito compreensível, a minha esposa que está sempre ao meu lado, e a Deus, por tornar tudo possível.

Fim.

Peru - 11º dia - Lobitos

Minha varanda
Nosso último dia pelas praias peruanas. Mais um dia lindo, sem vento, com ondas perfeitas e longas.
Surfar pelo Peru foi uma experiência incrível. Passamos algumas dificuldades, enfrentamos perigos, sorrimos, brincamos, nos estressamos também, porque viajar num grupo tão grande trás segurança, mas há muitas divergências que precisam ser trabalhadas com paciência para que se consiga chegar a um acordo.

Perfeição

Nosso principal objetivo era surfar boas ondas, e surfamos as melhores das nossas vidas! Viajamos muito, fomos ao norte, descemos até o centro do país e voltamos ao norte. Viajamos por autoestrada, a Pan-Americana, de carro, de ônibus e de vans, muitas vans... Cruzamos o deserto, quente, seco, inóspito! Surfamos em águas quentes, frias e geladas. Fundos de pedras, reefs, point-breaks e beach-breaks. Esse país oferece inúmeras condições, basta ter disposição para buscá-las. Suas ondas são maravilhosas, sempre perfeitas!! O mar é muito vivo, a vida marinha é riquíssima. Todos os dias acordávamos com inúmeros pássaros cantando e sobrevoando as praias. A culinária é bem diferente da nossa. Quase não há carne de boi. Come-se muito frango, marisco, camarão e pescados. O arroz é a base da alimentação. É uma realidade completamente diferente da nossa no Brasil.

Pôr do Sol em Lobitos
Não posso deixar de citar o pôr do sol. É um espetáculo à parte. É sagrado. Todos os dias ficávamos esperando o momento para registrarmos aquela maravilha!
O Peru não é só surf. Tem muita história, muitas ruínas, civilizações antigas, montanhas, vales, mas nós não visitamos, porque mesmo uma viagem de 15 dias é pouco para tudo isso. Espero algum dia voltar a surfar essas ondas incríveis e conhecer outras regiões. Agradeço a Deus por tudo.
Estava na hora de arrumarmos as malas para subirmos mais para o norte, no limite com o Equador, na cidade de Tumbes, a fim de pegarmos nosso vôo para Lima, onde ficaríamos nossos dois últimos dias.

Olhar para não esquecer

Peru - 10º dia - Lobitos

Amanheceu mais um dia lindo em Lobitos. O mar estava ainda mais liso e maior. Da varanda do nosso quarto dava pra ver as séries por detrás das pedras, passando por Lobitos, esticando até "Generalis". Aqui no Peru, numa mesma praia, dá-se nomes diferentes para cada formação da onda. Na grande baia de Lobitos, num espaço de aproximadamente 2 km., existem seis picos, da esquerda para a direita: "El Hueco", "Baterias", "Lobitos", "Generalis", "Los Muelles" e "Piscinas".
Los Muelles
"Los Muelles", ou "Os Molhes", é uma onda muito perigosa, e só surfa lá quem conhece muito bem o pico. Quebra em frente ao paredão de pedras, e quando tá bom, estica até "Baterias".

Baterias
Logo ao lado está "Baterias", também bem difícil, pois quebra muito próximo às pedras e é bem cavada.

Lobitos
"Lobitos" é a continuação de "Baterias". É a  mais longa, justamente pela sua posição, que começa a quebrar onde terminam as últimas pedras. É uma onda fácil que propicia várias manobras até o inside. Se a correnteza não tiver muito forte, dá até para voltar remando por fora da arrebentação.

Generalis
No meio da baia está "Generalis", uma onda mais cheia, com mais volume. Tem que ter um bom tamanho para funcionar. Às vezes até rola umas direitas mais pra beira.

Los Muelles
Um pouco mais afastada, ao lado de um pier, está "Los Muelles". Onda bem cavada, com tubos quadrados. O drop é difícil, muito rápido, não há tempo para pensar, é só botar pra dentro e segurar os tubos. É bem raso, porque quebra bem perto da praia, mas o fundo é areia, então não oferece tanto perigo. Gostei muito de surfar essa onda.

Piscinas
Logo a direita, depois de mais uma molhe de pedras, está "Piscinas". Onda também bem em pé, não tão longa, mas bem forte, boa para manobras de pressão. Assim como "Lobitos" está sempre crowdeada.

Soubemos que em direção ao sul também existem várias outras ondas surfáveis, mas não chegamos a conhecê-las.

Pracinha de Lobitos
Pensávamos que "Lobitos" era apenas um pequeno povoado, uma colônia de pescadores, mas é um município. Fomos dar uma volta para fazer umas fotos e vimos a prefeitura, uma pequena praça, uma vila de casas iguaizinhas, resquício da ocupação dos militares quando a base estava ativa, e muitos casarões aos pedaços.

terça-feira, março 20, 2012

Peru - 9º dia - Lobitos


Hotel Lobitos

Estávamos de volta a Lobitos. Acordamos cedo e o mar já estava lindo. Havia baixado um pouco, mas estava liso e perfeito, algo bem comum por aqui! Preferi tomar meu café da manhã sossegado, porque a maré estava bem seca, e as ondas deveriam melhorar mais tarde.
Fiz uma primeira caída em frente da pousada, mas estava muito baixo, com as séries demorando demais. Como meu amigo Xandinho que já estava na área por vários dias me disse na noite anterior que estava quebrando boas ondas no pico chamado "Los Muelles", que fica um pouco ao norte de Lobitos, a uns vinte minutos caminhando, fui lá dar uma checada.

Xandinho em Los Muelles
Uau!! Que onda!! Foi uma grata surpresa ver aquilo. Ondas de meio metro com séries de um metro, lisinho e perfeito. A onda dos "Muelles" é bem diferente de Lobitos. Quebra muito próximo da praia, só esquerdas, não tão longas, mas extremamente rápidas, só tubos. Tinha só dois caras surfando quando cheguei. Era o paraíso! Tomei umas "na cabeça" até achar o ritmo, mas também peguei ondinhas iradas. Fiz um tudo longo e muito rápido e fiquei amarradão! Xandinho chegou logo depois e vi como o cara está dominando o pico. Pegou as melhores, "fi da pé"!! Foi uma sessão de surf bem divertida.

Piscinas
Ainda um pouco mais para o norte, avistá-se mais um pico, "Piscinas". Outra onda muito boa, bem parecida com "Lobitos", porém não tão longa. Aproveitei para ficar um pouco com minha esposa, passeando e fazendo fotos. O lugar é muito bonito. Já passava das 13:00 h. e decidimos voltar para Lobitos para almoçarmos. Quando estávamos chegando, avistamos os nossos amigos na praia e nos juntamos para mais outra sessão. Continuava bom, mas demorava demais para as séries entrarem, então saimos para almoçar.

Lobitos
No final da tarde, descemos para mais uma checada. Nesse horário, o crowd é intenso, e pela primeira vez, estava cheio de locais. Com as séries cada vez mais demoradas, ficou muito difícil pegar uma boa, então preferi sair e deixar para amanhã.

Peru - 8º dia - Lobitos



Finalizamos a segunda etapa da viagem. Saímos do centro-sul de volta para o norte. Estávamos programados para retornar a Mancora, mas por decisão unânime, já que não ficamos totalmente satisfeitos com os primeiros dias em Mancora, preferimos ficar em Lobitos. A viagem, novamente numa van fretada, foi muito cansativa. Saímos por volta das 9:00 h. de Pacasmayo e só chegamos a Lobitos às 17:00 h. Passamos logo por um susto: todas as hospedagens estavam lotadas! Felizmente, um grupo que havia reservado no Hotel Lobitos, justamente onde pretendiamos ficar, ligou adiando a vinda e fomos colocados no lugar deles. Foi ótimo, porque conseguimos ficar onde queríamos. Esse hotel, além de ter a melhor estrutura, tem a melhor localização. Os quartos são ótimos, todos de frente para o pico, um visual alucinante!


Pelo horário e pela canseira da viagem, ninguém foi mais surfar, preferimos descansar. Também estávamos morrendo de fome, porque não tínhamos comido nada na viagem. Fomos todos dormir cedo para acordarmos dispostos a fim de surfar essa onda que nos encantou quando passamos por aqui no início da trip.

Peru - 7º dia - Chicama


Chicama - Peru(Foto Valdeck Junior)
O Peru é um dos melhores destinos em termos de ondas. Contudo, uma de suas ondas sempre aparece na lista das 10 melhores do mundo: Chicama, merecidamente!! Acredito que não exista surfista no mundo que nunca tenha sonhado com está onda. Quando decidimos pela nossa trip pelo Peru, fizemos questão de incluí-la no roteiro, embora não seja fácil chegar lá. Esperamos pelas melhores condições, porque nos disseram que Chicama sem swell fica flat. Estávamos em Pacasmayo há três dias e o swell estava subindo. Este seria o último dia de todo o grupo na viagem, pois metade voltaria no dia seguinte. Novamente fretamos duas vans para nos levar até Chicama. Saímos por volta das 8:30 e chegamos umas 10:00 horas. Tratamos logo de fretar um barco, dessa vez com um motor mais potente, porque a correnteza não é nada fácil.


O visual de cima do penhasco é algo alucinante, inacreditável! As ondas não param, sempre perfeitas, parecendo uma máquina em série. De onde os carros ficam até o "reef" tem mais de 1 kilômetro. Descemos a escadaria e andamos até o pico enquanto o barco chegava. Entrar no mar não é tão complicado. Remamos um pouco abaixo do pico a favor da corrente até o barco que nos esperava fora da arrebentação. A água estava mais fria do que os dias anteriores, e um vento de sul complicava ainda mais a situação. Passar as séries no barco até o pico já aumenta a adrenalina. O barco nos deixa atrás do pico, em frente a parede de pedras, e é preciso remar rápido para se posicionar. Havia muita gente na água, umas 40 cabeças, a grande maioria brasileiros.


A onda de Chicama é mais fácil que a de Pacasmayo. Tem menos volume e é muito, muito perfeita, porém é preciso acelerar para passar todas as sessões, surfar "pra frente". É ótima para manobras, mas sempre no máximo de velocidade. Tivemos sorte, pois a direção do swell estava de sul, ideal para o pico. Surfei as ondas mais longas e mais perfeitas de toda minha vida. Numa delas, perdi a conta de quantas manobras eu fiz. Você faz duas ou três manobras, dá uma acelerada para passar uma sessão mais cheia, manobra mais duas ou três vezes, acelera de novo, manobra, acelera, e isso se repete até enquanto você aguentar... Também vi ondas incríveis dos meus amigos. Após cada onda surfada, enquanto estávamos no barco de volta ao pico, todos comentavam suas ondas de forma frenética. Era pura alegria, simplesmente contagiante!


Como tínhamos contratado um fotógrafo em Pacasmayo, torciamos para que tudo aquilo estivesse sendo registrado. As mulheres também estavam na praia com câmeras, mas a distância é tão grande que mal podíamos avistá-las. Surfamos por duas horas, o tempo que acertamos com o barqueiro. Queríamos mais, mas o frio nos impedia de continuar. O vento também já havia aumentado tanto que estava difícil de passar as últimas sessões. Era hora de sair.


A emoção estava a flor da pele. Éramos só sorrisos. Havíamos surfado as ondas das nossas vidas. Que alegria. Viajamos tanto, passamos por dificuldades, superamos tantas adversidades, investimos muito, mas acreditamos que valeria todo aquele esforço, e valeu. Tudo valeu! Que sensação maravilhosa que uma onda como aquela pode nos proporcionar. É uma realidade completamente diferente da nossa. Por mais que tente descrever, nunca chegarei nem perto. Só mesmo vivendo para sentir. Nesse momento, entendi perfeitamente o "slogan" da Billabong que diz(traduzido): "Só os surfistas, sabem o sentimento".

domingo, março 18, 2012

Peru - 6º dia - Pacasmayo



Nosso terceiro dia em Pacasmayo. Acordamos cedo ansiosos pela chegada do swell e aqui estava ele, como previsto. Agora sim, estávamos vendo a baia de Pacasmayo funcionando. O visual é incrível. Do nosso hotel, avistamos a uns 1.500 metros o pico das ondas. Daqui, já sabíamos que estava grande e perfeito. Vários Tuc-Tucs passavam pela frente da pousada com pranchas em cima em direção ao pico. Um aglomerado se formava em frente. Todos estavam prontos para o desafio.

Ao chegarmos a praia, um crowd já estava disputando as séries e mais gente vinha chegando. Alguns fotógrafos na área prontos para a ação. A visão do mar é um tanto assustadora. Por toda extensão da praia, só pedras soltas, rolantes, que com o movimento das ondas fazem um barulho danado. Em frente ao pico, um molhe de pedras adentra o oceano. Alguns se atrevem a remar para dentro por trás das pedras, mas fomos aconselhados a fretar um bote que nos daria segurança e conforto. Não imaginávamos que a correnteza seria tão forte, mas vimos que quem fazia a onda em toda sua extenção parava a uns 500 metros, ou mais do pico. Voltar remando seria impossível! Acertamos o bote por duas horas por S/50 pra cada. Entramos no braço, a favor da corrente, até chegarmos onde o bote aguardava com segurança. A adrenalina estava a mil. Quando nos digirimos em direção ao pico foi que percebemos a dimensão da coisa. Séries bem maiores do que viamos da praia entravam sem parar. Para entrar nas ondas é preciso remar com toda explosão, porque a onda é muito volumosa, rápida e o vento terral segura o drop. Tive sorte de pegar logo uma das grandes. Quando subi na prancha, pensei que ia voar lá de cima. Graças a Deus consegui completar essa onda!!


Foi uma sessão de surf intensa! Alguns fatores são verdadeiros complicadores, principalmente para quem não está acostumado. A água gelada limita os movimentos, diminui a sensibilidade das mãos e dos pés; a roupa de borracha dificulta a respiração e pesa. O crowd também gera um clima tenso. É preciso muita atitude para dropar uma da série, porque além de tudo, tem várias pessoas te olhando.


Surfei por uma hora e meia e peguei umas cinco ondas. Mesmo com o bote para dar apoio, após cada onda surfada, é preciso remar bastante até sair da zona de arrebentação, porque o bote não pode chegar muito perto. Tremia de frio, os pés estavam ficando dormentes, não sentia mais segurança nem para dropar, pois não sentia mais a prancha. Era hora de sair. Ouvi um cara delirando. Dizia que estava vendo tudo cinza e que só queria sair dali para ver a filha. Ofereci ajuda, mas o cara remava pra fora sem parar, sinistro! Consegui pegar uma intermediária e estiquei o máximo que pude para chegar o mais próximo da praia. Mesmo assim ainda remei muito até chegar a beira. Esse dia foi o mais irado até então.

Todos estávamos exaustos, mas felizes. O resto do dia foi pura alegria. Saímos para almoçar todos juntos, demos uma volta pela cidade e voltamos para curtir o pôr-do-sol. Amanhã teríamos mais um grande desafio, iríamos surfar a esquerda mais longa do mundo: Chicama!!

sábado, março 17, 2012

Peru - 5º dia - Pacasmayo

Nosso segundo dia em Pacasmayo. Nessa região, sempre amanhece ventando e com o sol subindo, o vento vai diminuindo. O mar estava bem bonito, mas havia baixado. Começamos a ficar preocupados e um certo desequilíbrio se abateu sobre nós. Não chegávamos a um acordo para decidir o que fazer. Viajar num grupo grande dá segurança, mas é um verdadeiro "big brother".


 Esperamos o dia inteiro pelo swell que não chegou. Foi mais um dia sem surf. Ficamos tomando "cerveza pilsen" na piscina, demos uma volta pela cidade, e voltamos para "assistir" a mais um incrível pôr-do-sol.


À noite, a expectativa aumentou quando confirmamos a chegada de um swell com 6 a 8 pés para amanhã. Era perfeito para Pacasmayo. Fomos dormir cedo, pois amanhã seria o dia!



Peru - 4º dia - Pacasmayo



Chegamos a Pacasmayo e nos instalamos no El Faro Resort. A manhã estava bem fria. O clima por aqui é bem diferente de Mancora. Venta bastante. Ao chegarmos no hotel, que é super bem localizado, ficamos impressionados com o mar. A vida marinha por aqui é riquíssima. Milhões de gaivotas e pelicanos voam por todo lado. A baia de Pacasmayo é enorme. A nossa esquerda vemos o farol e o pico das ondas, que se estendem por toda a baia, algo em torno de 3 três quilometros. A nossa esquerda avistamos um monte de barcos pesqueiros e um pier, um ancoradouro construído em 1873.


Estávamos todos cansados da viagem, então tiramos o dia para descansar, já que as condições não eram as melhores. O visual do hotel é maravilhoso. Vários chalés, todos de frente para o mar. Da piscina, bem em cima do penhasco, tem-se uma visão fantástica de toda a baia. O momento do dia foi o pôr-do sol. O nosso primeiro no Pacífico. Um escândalo!!


quinta-feira, março 15, 2012

Peru - 3º dia - Mancora

O resultado do dia anterior foi uma inflamação na gartanta e uma gripe forte. Antes do café da manhã, fomos logo surfar. O mar continuava pequeno. Os locais disseram que a ondulação ideal para Mancora é de norte, e estava de sul, mesmo assim, deu para sentir o potencial daquela bancada. Na condição que estava, com séries que levavam até dez minutos para entrar e o mar bem pertinho, com muitos longboarders na água, era quase impossível pegar uma boa.


A viagem do dia anterior também tinha deixado todos cansados e ninguém quis fazer nada, a não ser passar o dia na pousada curtindo uma piscininha e tomando umas pilsens. Para ser bem sincero, Mancora desapontou um pouco, em tudo! As ondas são perfeitas, mas o pico é muito pequeno, muito raso e tem muito crowd. O povo é rude, o atendimento é péssimo, e as estruturas são bem precárias. Numa próxima viagem para o norte, acho melhor ficar hospedado em Lobitos. Apesar de ser bem "roots", as ondas são maravilhosas, e ainda tem outras valas por perto, que não exploramos.

Decidimos antecipar nossa ida para Pacasmayo. Aqui terminava a primeira etapa da nossa trip.

Peru - 2º dia - Lobitos

Para nosso segundo dia no Peru, fretamos uma van para nos levar a região de Talara, onde ficam as ondas de Lobitos. Mais uma vez, fomos doze pessoas num carro para nove. Se a região de Mancora é seca, imagine Talara, bem pior! Adentramos num deserto que mais parece o fim do mundo! O terreno é bastante irregular, extremamente seco e quente. Viajamos por quase duas horas num calor infernal até chegarmos à praia.


Lobitos é uma grande baía, com um reef à esquerda por onde entram as ondas que se estendem por uns 300 metros. O primeiro impacto é chocante! As séries entram a poucos metros da parede de pedras. O drop não é tão difícil, mas assusta quando se vê as "cabeças" das rochas levantando a sua frente. Cair ali é perigosíssimo! Feita a primeira virada com sucesso, a onda se torna fácil. Com sorte, pode-se fazer mais de dez manobras, porém é preciso "ter perna" para surfar a onda em toda sua extensão. O problema depois é voltar ao pico. A correnteza é fortíssima, puxando para o meio da baía, e se você arrastado, ficará muito longe da praia. O melhor é sair do mar e caminhar até o pico.


Fizemos duas sessões muito boas. Na primeira, tentei surfar a onda desde a primeira sessão, mas quando o mar tá bom, o crowd é pesado, tornando o clima bem tenso. Também não dá para ficar muito tempo n'água, porque além do frio, remar com a roupa de borracha cansa demais. A segunda caída foi bem divertida. Fiquei na segunda sessão, onde a onda mais cheia, mas dá para mandar uns cut-backs até chegar a última sessão, que é bem vertical.


A maré havia secado e as ondas diminuido. Queríamos ficar mais tempo, mas era chegada a hora, pois atravessaríamos o deserto e à noite seria loucura. Chegamos a Mancora ainda com luz e ainda surfamos um pouco. À noite, fizemos um alvoro no jantar. Os brasileiros são realmente muito barulhentos. Sempre fazendo festa, e numa turma com doze, é só risada...

segunda-feira, março 12, 2012

Peru - 1º dia - Mancora



Foram muitos e muitos anos sonhando, olhando fotos, videos e ouvindo histórias dos amigos que se arriscaram pelo deserto em busca das ondas desse país banhado pelo oceano pacífico que é reconhecido mundialmente pelas suas excelentes esquerdas. Há dois anos, vislumbrei a possibilidade de uma viagem internacional com um grupo de amigos. A princípio, tínhamos três países em mente: Costa Rica, El Salvador e Peru. Após algumas ponderações sobre qualidade das ondas, estrutura e preço, decidimos pelo Peru.

Alguns meses de planejamento e era chegada a hora. O grupo havia crescido, éramos agora quatro casais e oito solteiros. Começamos nossa "maratona" dia 10 de março de 2012. Saímos de Aracaju às 01:55 horas com destino a Guarulhos/SP. Chegamos às 05:00 horas e optamos por um "day use" no Pananby Hotel, próximo ao aeroporto, já que nosso vôo para Lima só sairia às 17:40 horas.


Chegamos a Lima por volta da meia noite e tivemos que amargar outra espera até o próximo vôo para o norte do país com destino a cidade de Piura. Em Piura, fizemos o translado até Mancora numa van com 23 pranchas no teto e muita bagagem, algo ao menos inusitado. Muitas brincadeiras, apelidos, risadas e roubadas, afinal, foram três "blitzes" e o motorista teve que "sofrer" um pouco com as "exigências" dos guardas.


No trajeto, o primeiro impacto foi com o relevo. A região é extremamente seca. Pouquissimas são as árvores. Os únicos animais que se vê são carneiros e alguns cavalos. O deserto é chocante! Passamos por pequenos vilarejos, muito pobres, sem qualquer estrutura. Casinhas minúsculas no meio do nada.


Enfim, chegamos ao Kimbas Bungalows. A pousada é bem agradável, estilo "Indonésia", e em frente a bancada de Mancora. Saímos para comer alguma coisa e checamos as ondas. Estava bem pequeno e só alguns dos meus amigos caíram para um reconhecimento do pico. Optei por ficar na praia com minha esposa. À noite, fomos dar uma volta na única rua que corta o vilarejo, onde estão os restaurantes e lojas onde todos se encontram, e que na verdade é um trecho da Pan-Americana, com muitos Tuc-Tucs, ônibus e carretas passando a poucos metros das pessoas. Uma loucura!


Tivemos uma noite agradável e levantamos cedo para a primeira caída. O mar estava lindo, porém continuava pequeno. Meio metro perfeito, sem vento, com água quente. As linhas quebravam a uns cinquenta metros da beira e se estendiam pela baía com uma perfeição incrível. As séries demoravam bastante e com muitos longboarders na água era difícil pegar uma boa. Tive a sorte de achar uma que rendeu umas cinco manobras até a beira. Com a maré secando, as pedras começaram a aparecer. Mesmo sentados no outside tocávamos as pedras com os pés. Começou a ficar perigoso! Numa ondinha pequena, já saindo do mar, tomei um susto danado quando minhas quilhas bateram nas pedras e a prancha freiou. Caí e levei alguns arranhoões na mão e perna. Minha quilha tinha sido arrancada e meu sangue estava em Mancora.


No final da tarde o tempo começou a mudar e o mar reagiu. O intervalo entre as séries era grande, mas quando vinham, entravam com meio metro e ao passar pela bancada dobravam de tamanho, correndo lisas e perfeitas por toda a baia. O swell estava chegando. Posso dizer que achei umas cinco ondas muito boas, com várias manobras. Estava satisfeito por esse primeiro dia.

domingo, março 04, 2012

Quiksilver Pro Gold Coast 2012


Foi finalizada ontem a 1ª etapa do circuito mundial de surf 2012. Como sempre, a Quiksilver foi a patrocinadora. A ESPN Brasil fez uma excelente cobertura ao vivo. Com ondas que variaram de 0,5 a 1,5 metros, com boa formação, vimos mais uma vez um show de surf. Mesmo com o mar baixando nos últimos dias, a elite começou o ano estraçalhando as ondas.

A partir das quartas de final, todas as baterias foram incríveis. Com muitas notas acima de 8 pontos, e algumas acima de nove. Joel Parkinson foi o único que conseguiu um 10!

Os brasileiros foram muito bem, com destaque para Heitor Alves, Miguel Pupo e Adriano de Souza que, mais uma vez, fez uma final contra Taj Burrow muito polêmica. É a quinta vez que eles se enfrentam e o placar está de 4 x 1 para Taj, embora muitos não concordem com as notas, inclusive eu!!


O ranking ficou assim:
1 Taj Burrow (Aus)
2 Adriano de Souza (Bra)
3 Jordy Smith (Afr)
3 Josh Kerr (Aus)
5 Kelly Slater (EUA)
5 Owen Wright (Aus)
5 Adrian Buchan (Aus)
5 Joel Parkinson (Aus)
9 Miguel Pupo (Bra)
9 Heitor Alves (Bra)
13 Raoni Monteiro (Bra)
25 Gabriel Medina (Bra)
25 Jadson André (Bra)
25 Alejo Muniz (Bra)

quinta-feira, março 01, 2012

ELF



O ELF veio ao mundo em 1972 como "The Biggest Little Band in the Land". No comecinho, lá pelos idos de 1968, quando faziam a vida em barzinhos tocando covers dos Beatles e The Who, ainda se chamavam "The Electric Elves". Logo abreviaram o nome para "The Elves", uma alusão às pequenas criaturas da mitologia, os Elfos, tudo a ver com a pequena estatura dos membros da banda.

Ronnie Dio, que já havia participado de várias bandas tocando baixo e cantando, agora dedicava-se exclusivamente aos vocais. Numa noite, quando tocavam num bar qualquer, receberem a ilustre visita da "cozinha" do Deep Purple, Roger Glover e Ian Paice. A sorte havia chegado! Dizem que Roger Glover ficou tão impressionado que decidiu apadrinhar aquelas pobres criaturas produzindo o primeiro disco deles que se chamaria simplesmente "ELF".


O Deep Purple começou a carregá-los por onde iam para abrir seus shows. Conquistaram a Inglaterra com aquele Boogie pesado, meio caipira.  Era hora de partirem para outros mundos. Foram para os EUA na companhia do Deep Purple e a partir daí, abriram também para outras grandes bandas, Uriah Heep, Manfred Man, Fleetwood Mac. Essa maratona deixara a banda bem afiada, e com material novo, gravaram seu segundo registro, chamado "Carolina Country Ball". Roger Glover estava tão empolgado que chegou a convidar Dio para seu projeto solo, mas o baixinho recusou.


Foi nessa época que o lider do Deep Purple, Ritchie Blackmore, que andava descontente com sua banda, cresceu o olho pra cima de Dio convidando-o, junto com todo o ELF, para gravar a música que foi a gota d'água para sua saída do Deep Purple, "Black Sheep of the Family". Era início de 1975 e a banda estava com todo gás para gravar mais um álbum. Reuniram-se pela última vez como ELF. "Trying to Burn the Sun" veio mais direto e mais pesado. Mas era o fim da curta trajetória do que poderia ter sido uma longa história. "As criaturas" haviam conquistado muitos fans, poderiam continuar fazendo a receita que estava dando certo, mas a oportunidade de formar uma nova banda com um dos maiores e mais respeitados guitarristas da época, saído de uma das mais conceitudas bandas de Hard Rock do mundo, levou os caras a vislumbrar um futuro melhor.


Era o típico caso de canibalismo. Ritchi Blackmore queria a "sua banda", e como não conseguira nenhum dos três vocalistas que sonhara, Paul Rodgers, Rod Stewart e Robert Plant, viu em Dio sua salvação, mesmo que para isso tivesse que "matar" o ELF. E assim foi, morreu ali "a maior pequena banda na terra" para fazer nascer uma gigante do Hard Rock dos anos '70, o Rainbow. Mas isso é uma outra história...