Nosso terceiro dia em Pacasmayo. Acordamos cedo ansiosos pela chegada do swell e aqui estava ele, como previsto. Agora sim, estávamos vendo a baia de Pacasmayo funcionando. O visual é incrível. Do nosso hotel, avistamos a uns 1.500 metros o pico das ondas. Daqui, já sabíamos que estava grande e perfeito. Vários Tuc-Tucs passavam pela frente da pousada com pranchas em cima em direção ao pico. Um aglomerado se formava em frente. Todos estavam prontos para o desafio.
Ao chegarmos a praia, um crowd já estava disputando as séries e mais gente vinha chegando. Alguns fotógrafos na área prontos para a ação. A visão do mar é um tanto assustadora. Por toda extensão da praia, só pedras soltas, rolantes, que com o movimento das ondas fazem um barulho danado. Em frente ao pico, um molhe de pedras adentra o oceano. Alguns se atrevem a remar para dentro por trás das pedras, mas fomos aconselhados a fretar um bote que nos daria segurança e conforto. Não imaginávamos que a correnteza seria tão forte, mas vimos que quem fazia a onda em toda sua extenção parava a uns 500 metros, ou mais do pico. Voltar remando seria impossível! Acertamos o bote por duas horas por S/50 pra cada. Entramos no braço, a favor da corrente, até chegarmos onde o bote aguardava com segurança. A adrenalina estava a mil. Quando nos digirimos em direção ao pico foi que percebemos a dimensão da coisa. Séries bem maiores do que viamos da praia entravam sem parar. Para entrar nas ondas é preciso remar com toda explosão, porque a onda é muito volumosa, rápida e o vento terral segura o drop. Tive sorte de pegar logo uma das grandes. Quando subi na prancha, pensei que ia voar lá de cima. Graças a Deus consegui completar essa onda!!
Foi uma sessão de surf intensa! Alguns fatores são verdadeiros complicadores, principalmente para quem não está acostumado. A água gelada limita os movimentos, diminui a sensibilidade das mãos e dos pés; a roupa de borracha dificulta a respiração e pesa. O crowd também gera um clima tenso. É preciso muita atitude para dropar uma da série, porque além de tudo, tem várias pessoas te olhando.
Surfei por uma hora e meia e peguei umas cinco ondas. Mesmo com o bote para dar apoio, após cada onda surfada, é preciso remar bastante até sair da zona de arrebentação, porque o bote não pode chegar muito perto. Tremia de frio, os pés estavam ficando dormentes, não sentia mais segurança nem para dropar, pois não sentia mais a prancha. Era hora de sair. Ouvi um cara delirando. Dizia que estava vendo tudo cinza e que só queria sair dali para ver a filha. Ofereci ajuda, mas o cara remava pra fora sem parar, sinistro! Consegui pegar uma intermediária e estiquei o máximo que pude para chegar o mais próximo da praia. Mesmo assim ainda remei muito até chegar a beira. Esse dia foi o mais irado até então.
Todos estávamos exaustos, mas felizes. O resto do dia foi pura alegria. Saímos para almoçar todos juntos, demos uma volta pela cidade e voltamos para curtir o pôr-do-sol. Amanhã teríamos mais um grande desafio, iríamos surfar a esquerda mais longa do mundo: Chicama!!
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