Foram muitos e muitos anos sonhando, olhando fotos, videos e ouvindo histórias dos amigos que se arriscaram pelo deserto em busca das ondas desse país banhado pelo oceano pacífico que é reconhecido mundialmente pelas suas excelentes esquerdas. Há dois anos, vislumbrei a possibilidade de uma viagem internacional com um grupo de amigos. A princípio, tínhamos três países em mente: Costa Rica, El Salvador e Peru. Após algumas ponderações sobre qualidade das ondas, estrutura e preço, decidimos pelo Peru.
Alguns meses de planejamento e era chegada a hora. O grupo havia crescido, éramos agora quatro casais e oito solteiros. Começamos nossa "maratona" dia 10 de março de 2012. Saímos de Aracaju às 01:55 horas com destino a Guarulhos/SP. Chegamos às 05:00 horas e optamos por um "day use" no Pananby Hotel, próximo ao aeroporto, já que nosso vôo para Lima só sairia às 17:40 horas.
Chegamos a Lima por volta da meia noite e tivemos que amargar outra espera até o próximo vôo para o norte do país com destino a cidade de Piura. Em Piura, fizemos o translado até Mancora numa van com 23 pranchas no teto e muita bagagem, algo ao menos inusitado. Muitas brincadeiras, apelidos, risadas e roubadas, afinal, foram três "blitzes" e o motorista teve que "sofrer" um pouco com as "exigências" dos guardas.
No trajeto, o primeiro impacto foi com o relevo. A região é extremamente seca. Pouquissimas são as árvores. Os únicos animais que se vê são carneiros e alguns cavalos. O deserto é chocante! Passamos por pequenos vilarejos, muito pobres, sem qualquer estrutura. Casinhas minúsculas no meio do nada.
Enfim, chegamos ao Kimbas Bungalows. A pousada é bem agradável, estilo "Indonésia", e em frente a bancada de Mancora. Saímos para comer alguma coisa e checamos as ondas. Estava bem pequeno e só alguns dos meus amigos caíram para um reconhecimento do pico. Optei por ficar na praia com minha esposa. À noite, fomos dar uma volta na única rua que corta o vilarejo, onde estão os restaurantes e lojas onde todos se encontram, e que na verdade é um trecho da Pan-Americana, com muitos Tuc-Tucs, ônibus e carretas passando a poucos metros das pessoas. Uma loucura!
Tivemos uma noite agradável e levantamos cedo para a primeira caída. O mar estava lindo, porém continuava pequeno. Meio metro perfeito, sem vento, com água quente. As linhas quebravam a uns cinquenta metros da beira e se estendiam pela baía com uma perfeição incrível. As séries demoravam bastante e com muitos longboarders na água era difícil pegar uma boa. Tive a sorte de achar uma que rendeu umas cinco manobras até a beira. Com a maré secando, as pedras começaram a aparecer. Mesmo sentados no outside tocávamos as pedras com os pés. Começou a ficar perigoso! Numa ondinha pequena, já saindo do mar, tomei um susto danado quando minhas quilhas bateram nas pedras e a prancha freiou. Caí e levei alguns arranhoões na mão e perna. Minha quilha tinha sido arrancada e meu sangue estava em Mancora.
No final da tarde o tempo começou a mudar e o mar reagiu. O intervalo entre as séries era grande, mas quando vinham, entravam com meio metro e ao passar pela bancada dobravam de tamanho, correndo lisas e perfeitas por toda a baia. O swell estava chegando. Posso dizer que achei umas cinco ondas muito boas, com várias manobras. Estava satisfeito por esse primeiro dia.
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