Chicama - Peru(Foto Valdeck Junior) |
O Peru é um dos melhores destinos em termos de ondas. Contudo, uma de suas ondas sempre aparece na lista das 10 melhores do mundo: Chicama, merecidamente!! Acredito que não exista surfista no mundo que nunca tenha sonhado com está onda. Quando decidimos pela nossa trip pelo Peru, fizemos questão de incluí-la no roteiro, embora não seja fácil chegar lá. Esperamos pelas melhores condições, porque nos disseram que Chicama sem swell fica flat. Estávamos em Pacasmayo há três dias e o swell estava subindo. Este seria o último dia de todo o grupo na viagem, pois metade voltaria no dia seguinte. Novamente fretamos duas vans para nos levar até Chicama. Saímos por volta das 8:30 e chegamos umas 10:00 horas. Tratamos logo de fretar um barco, dessa vez com um motor mais potente, porque a correnteza não é nada fácil.
O visual de cima do penhasco é algo alucinante, inacreditável! As ondas não param, sempre perfeitas, parecendo uma máquina em série. De onde os carros ficam até o "reef" tem mais de 1 kilômetro. Descemos a escadaria e andamos até o pico enquanto o barco chegava. Entrar no mar não é tão complicado. Remamos um pouco abaixo do pico a favor da corrente até o barco que nos esperava fora da arrebentação. A água estava mais fria do que os dias anteriores, e um vento de sul complicava ainda mais a situação. Passar as séries no barco até o pico já aumenta a adrenalina. O barco nos deixa atrás do pico, em frente a parede de pedras, e é preciso remar rápido para se posicionar. Havia muita gente na água, umas 40 cabeças, a grande maioria brasileiros.
A onda de Chicama é mais fácil que a de Pacasmayo. Tem menos volume e é muito, muito perfeita, porém é preciso acelerar para passar todas as sessões, surfar "pra frente". É ótima para manobras, mas sempre no máximo de velocidade. Tivemos sorte, pois a direção do swell estava de sul, ideal para o pico. Surfei as ondas mais longas e mais perfeitas de toda minha vida. Numa delas, perdi a conta de quantas manobras eu fiz. Você faz duas ou três manobras, dá uma acelerada para passar uma sessão mais cheia, manobra mais duas ou três vezes, acelera de novo, manobra, acelera, e isso se repete até enquanto você aguentar... Também vi ondas incríveis dos meus amigos. Após cada onda surfada, enquanto estávamos no barco de volta ao pico, todos comentavam suas ondas de forma frenética. Era pura alegria, simplesmente contagiante!
Como tínhamos contratado um fotógrafo em Pacasmayo, torciamos para que tudo aquilo estivesse sendo registrado. As mulheres também estavam na praia com câmeras, mas a distância é tão grande que mal podíamos avistá-las. Surfamos por duas horas, o tempo que acertamos com o barqueiro. Queríamos mais, mas o frio nos impedia de continuar. O vento também já havia aumentado tanto que estava difícil de passar as últimas sessões. Era hora de sair.
A emoção estava a flor da pele. Éramos só sorrisos. Havíamos surfado as ondas das nossas vidas. Que alegria. Viajamos tanto, passamos por dificuldades, superamos tantas adversidades, investimos muito, mas acreditamos que valeria todo aquele esforço, e valeu. Tudo valeu! Que sensação maravilhosa que uma onda como aquela pode nos proporcionar. É uma realidade completamente diferente da nossa. Por mais que tente descrever, nunca chegarei nem perto. Só mesmo vivendo para sentir. Nesse momento, entendi perfeitamente o "slogan" da Billabong que diz(traduzido): "Só os surfistas, sabem o sentimento".
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