segunda-feira, fevereiro 29, 2016
domingo, fevereiro 28, 2016
Ética, Moral e Direito
Uma reflexão, científica e filosófica, sobre os costumes e as ações humanas é a base para o estudo da ética, uma ciência que busca estudar a liberdade do homem, seus limites, como deve ser praticada diante do problema do bem e do mal, da consciência moral e da Lei.
Definir a ética ou o que é ético é absolutamente complicado e abstrato. Diretamente ligada aos costumes, a ética está em constante mutação e evolução. Em um mesmo tempo ou período, ou até em uma mesma região ou pais, pode-se questionar a ética. Um comportamento ético nada mais é do que um comportamento adequado aos costumes vigentes, e enquanto vigentes, ou seja, enquanto estes costumes tiverem força para coagir moralmente ou socialmente.
Partindo desse pensamento, é interessante levantar uma questão: se ser ético é viver de acordo com os costumes, é preciso entender os costumes, pois estes vêm da experiência de um povo, da sua história. Voltando bastante no tempo, veremos que não só os costumes, mas também os valores morais que os acompanham, as normas concretas, os ideais, e a própria sabedoria variaram muito de um povo a outro, e de uma época à outra.
Haveria uma ética absoluta que transcendesse o tempo? Acredito que não. A religião provavelmente foi quem primeiro definiu os conceitos morais e éticos, no entanto, nunca houve um consenso total entre as diversas religiões.
O grego Sócrates(470-399 a.C.) foi o primeiro a questionar esses princípios. Sua filosofia era a de "interrogar o interlocutor até que este chegue por si mesmo à verdade", sendo o filósofo uma espécie de "parteiro das idéias". Demasiado polêmico para a época, foi condenado à morte, pois a sua ética não se baseava simplesmente em seguir os costumes do povo, as Leis, mas sim na convicção pessoal, na formação da moral adquirida através de um processo de consulta ao seu próprio "eu".
Outro filósofo marcante foi Kant(1724-1804). Suas idéias buscavam uma igualdade básica entre os homens, uma ética de validade universal. Racionalista, defendia o agir pelo dever, porque é dever. Estimulava práticas morais que pudessem ser universalizáveis, isto é, uma ação moralmente boa é aquela que pode ser universalizável.
Pensadores atuais buscam como ideal ético a ideia de uma vida social mais justa, com a superação das injustiças econômicas a fim de se construir um mundo mais humano.
A liberdade sempre esteve diretamente ligada à questão da ética, da moral e das Leis, mas viver sob os princípios éticos e morais é viver de forma totalmente livre? Há quem questione se o homem é realmente livre. Sim, eu digo. Muito embora a sociedade nos imponha padrões, normas e até Leis condicionadas a sanções, pode o homem decidir, pelo seu saber, seguí-las ou não, arcando, consequentemente, com suas decisões.
O homem consciente, conhecedor do certo e do errado, do bem e do mal, tem o poder de escolha. Essa oportunidade, quando possível, é a sua garantia de liberdade e é também a causa da angustia humana.
sábado, fevereiro 27, 2016
2016, ano sabático
Essa semana, quem acompanha o circuito mundial de surf ficou chocado com o anúncio feito pelo Mick Fanning que tiraria o ano de folga, que precisava de descanso e só participará de três etapas, Snappers, Bells e Jeffreys, todas do seu patrocinador. É uma decisão polêmica, mas compreensível diante de todos os desastres que o cara sofreu. Como se já não bastasse a pressão em permanecer no topo por anos, disputando o título até os últimos minutos, o cara perdeu a esposa e perdeu mais um irmão recentemente, mesmo assim, com tudo isso, ele seguiu firme e disputou o caneco até as últimas baterias do último evento para a conquista do título de 2016. O afastamento de Mick está sendo comemorado por alguns, pois ele como o maior rival de qualquer um que almeje o título, saindo deixará um espaço enorme aos novos pretendentes. Não compartilho dessa euforia. Acho que o surf perde com isso. Sua presença é fundamental, suas performances são fantásticas, sua técnica é a mais apurada, suas linhas cirúrgicas, inigualáveis. Torço por ele, para que supere seus dramas e volte logo para abrilhantar nosso esporte.
Também recente foi a declaração do Owen Wright que ficará de fora por pelo menos seis meses. Depois do acidente ocorrido na véspera do Pipeline Masters, onde ele também tinha chances de título mundial, Owen ficou vários dias hospitalizado e ainda, por orientação médica, deve manter o repouso para garantir sua total recuperação, pois acidentes na cabeça merecem bastante cautela para evitar consequências irreversíveis.
Também em Pipeline, Bede Durbdge sofreu aquela vaca sinistra que lhe fraturou a bacia. Passou por cirurgias e estava prevista sua volta logo na primeira etapa, mas acabou de afirmar que ainda não está 100% recuperado e deverá dispensar pelo menos Snappers. Essa é a primeira contusão de Bede nos 11 anos que está no circuito, mas foi séria, e poderia ter sido bem pior, pois a onda o esmagou, e olha que ele é um gigante.
Lisergia
Novo video da Globe traz Dion Agius em imagens psicodélicas, fotografia incrível, natureza selvagem e humana, além, é claro, de surf progressivo, característica desse cara, tudo ao som "Twenty Four Hours", do disco "Closer", do Joy Division, uma viagem.
sexta-feira, fevereiro 26, 2016
Morocco
Africa, sinônimo de contrastes, beleza e tristeza, tesouros e fome, calor e frio, florestas e desertos, cultura milenar e rebeldia, religião e terror, e ondas incríveis em paisagens selvagens. Uma aventura extraordinária deve ser explorar esse continente. Histórias de surfistas que se aventuraram na década de 70 descrevem até canibalismo. A região da Namíbia foi posteriormente explorada e descobriram uma das ondas mais perfeitas do mundo, chamaram-na "Skeleton Bay", nome apropriado. O Marrocos vem sendo constantemente visitado por surfistas e mostrado em videos incríveis. As direitas daquele país, apesar de geladas, são uma tentação e alimentam a nossa imaginação.
domingo, fevereiro 21, 2016
Mark Lanegan - One Way Street
Vou voltar no tempo, num tempo um tanto conturbado, os anos '90. Já deixei muito claro que na minha opinião nenhum período foi tão prolífico e importante para a música, em especial o blues, o rock e suas vertentes, quanto os últimos anos da década de '60 e a década de '70. As bandas mais importantes, os melhores músicos, as melhores músicas, os discos mais perfeitos, as capas, as letras, tudo.
Dito isso, no entanto, não menosprezo as outras décadas. Posso dizer que os anos '80 tiveram a new wave e o heavy metal como estilos que marcaram o período e os anos '90 tiveram o grunge como revolução musical. E aqui estou para falar um pouco de um cara que foi um ícone desse período, e acrescento que ainda é, pois continua em plena atividade e ainda surpreendendo.
Lanegan estava no Screaming Trees desde 1986, gravou com a banda por dez anos, até 1996, mas, paralelamente, começou sua carreira solo em 1990, expandindo seu horizonte com seu ótimo album de estréia, "The Winding Sheet", um disco com fortes raízes no blues. Eu ainda estava curtindo demais o "Sweet Oblivion" quando descobri que Lanegan tinha este solo. Quando o escutei, fiquei chapado. O que era aquilo? Nada soava parecido, o som era sinistro, a voz do cara impressionante, profunda, rica, sensualmente proibida. Lembro que loquei o cd na extinta CdClub e fiz uma cópia, tanto da mídia como de todo material gráfico, em cores, para que chegasse o mais próximo do original. Como curti esse disco...
A partir daí, busquei os discos mais antigos da Screaming Trees e passei a acompanhar tudo que Mark Lanegan lançou posteriormente, tanto com a banda como em carreira solo. A banda só lançou mais um disco, em 1996, o "Dust", também muito bom, e Lanegan seguiu compondo e gravando vários discos excelentes como também participando de projetos paralelos, destacando-se em todos, Queens of the Stone Age, Mad Season, The Twilight Singers, The Gutter Twins, gravou dois lindos discos com Isobel Campbell, participou dos Soulsavers e ainda do "The Jeffrey Lee Pierce Sessions Project". Será que o cara é requisitado e competente?
Mas aqui, depois desse relato, quero registrar e mostrar para quem interessar o material especial que recebi hoje, essa linda caixa com os cinco primeiros LPs da carreira solo de Lanegan, algo muito merecido que a gravadora Sub Pop acabou de colocar no mercado, "One Way Street". Na sequencia de "The Winding Sheet" veio "Whiskey for the Holy Ghost", depois de quatro anos, mas com Lanegan ainda ligado à sua banda de origem.
Com "Scraps at Midnight", que saiu logo depois, o laço de família estava rompido. Lanegan estava solto, mas só reforçava suas tendencias rústicas, voltadas ao blues e ao country obscuro do noroeste americano.
O tempo entre esses três primeiros discos foi de oito anos, quatro entre cada um. No entanto, agora sem compromissos com seus antigos parceiros, logo no ano seguinte, em 1999, Lanegan lançou "I'll Take Care of You". Um album um tanto diferente dos anteriores, mais folk, mais sensivel e leve, com piano e violino, porém sem abandonar a melancolia que lhe é característica. "Carry Home" abre o disco, uma música linda tocada por uma guitarra acústica dando a pista do que viria a seguir. São todas as canções de autorias diferentes, compositores que Lanegan admirava, e ele fez releituras, dando a elas sua cara. "Creeping Coastline of Lights" é absurdamente contagiante.
Por último, "Field Songs", de 2001. Este album teve a participação de diversos músicos amigos de Lanegan, fato este que talvez aponte para o caminho que ele viria a seguir participando de vários projetos distintos, gravando e contribuindo com inúmeros artistas. Mas a participação de tanta gente não afetou o som característico de Mark Lanegan, aqui mais uma vez está sua marca, é um disco profundo, melancólico e viajante, a voz rouca e sombria dá às músicas aquele mesmo clima lúgubre, macabro, desesperador.
O tempo entre esses três primeiros discos foi de oito anos, quatro entre cada um. No entanto, agora sem compromissos com seus antigos parceiros, logo no ano seguinte, em 1999, Lanegan lançou "I'll Take Care of You". Um album um tanto diferente dos anteriores, mais folk, mais sensivel e leve, com piano e violino, porém sem abandonar a melancolia que lhe é característica. "Carry Home" abre o disco, uma música linda tocada por uma guitarra acústica dando a pista do que viria a seguir. São todas as canções de autorias diferentes, compositores que Lanegan admirava, e ele fez releituras, dando a elas sua cara. "Creeping Coastline of Lights" é absurdamente contagiante.
Este é o Mark Lanegan que curto há aproximadamente 25 anos, tenho grande admiração por toda sua obra. Para mim foi uma grande alegria conseguir essa belíssima caixa com todo esse material, principalmente em vinyl de 180 g., pois permite com toda sua qualidade de gravação abrilhantar as nuances de cada música, tudo graças à boa vontade do meu amigo/irmão/cumpadre Igor Carvalho que não mediu esforços para trazê-la dos Estados Unidos em primeira mão. É algo que sempre terá um lugar especial na minha coleção.
sábado, fevereiro 20, 2016
C, S, N & Y - 1974
Foi no ano passado que soube do lançamento de uma gravação de Crosby, Stills, Nash and Young que ficara guardada por 40 anos. Foi uma baita surpresa! Como e porque demoraram tanto para lançarem esse material? O grupo só gravou como quarteto, com a presença de Neil Young um disco de estúdio em 1970, chamado Déjà Vu e no ano seguinte soltaram o ao vivo Four Way Street. Tenho esses discos em cd há muitos anos, sou fanzaço de todos, principalmente de Neil Young, mas os quatro juntos são insuperáveis, as composições ganham vida e sentimento, pois todos colocam muita emoção quando cantam juntos e a harmonia é impressionante.
Então para surpresa de todos, porque nunca nada havia sido comentado ou publicado a respeito dessa gravação de show que fizeram em 1974, anos depois da saída de Neil do Grupo, em comemoração aos 40 anos do feito, lançaram, a princípio em três CDs, este lindo material. O sucesso foi tanto que a gravadora aproveitou e enriqueceu ainda mais o pacote incluindo um DVD, lançou também uma caixa com um Blu-Ray e um DVD, depois lançando uma caixa incrível em madeira com seis LPs, Blu-Ray e DVD e livro.
Bom, para quem é fã como eu,assim que soube do primeiro lançamento, baixei os arquivos em MP3 porque não tive acesso aos CDs originais e curti bastante, ficou dias no meu toca CDs do carro sem chances para troca. Recentemente, um amigo me deu a oportunidade de comprar o material original e enviar para sua casa nos EUA, porque estaria vindo essa semana e ofereceu-se para trazer. Claro que não desperdicei a chance e busquei logo pelo Box completo, mas tomei um susto quando vi o peço, simplesmente U$ 499, desisti. Mas a caixinha com os CDs e DVD estava por U$ 49, um preço razoável, e mandei bala.
Hoje tenho a grande satisfação em recebê-la, um lindo material que não é novidade pra mim, mas aumenta o prazer em escutar, agora então, com qualidade superior e ainda com o show em DVD que nunca assisti. Nada mais a fazer senão botar pra tocar "in maximum volume"...
Brock Little
Minha pequena homenagem hoje vai para Brock Little, um cara que admirei muito e está vivo em minha memória pelas imagens que vi diversas vezes em vários filmes de surf nos anos '80 e '90.
Há um bom tempo que não ouvia falar dele, não sabia onde estava nem o que fazia. Essa semana soube que estava lutando contra um câncer e falecera nessa quinta. Triste.
quarta-feira, fevereiro 17, 2016
Rory Gallagher
Há muito tempo que venho tentando conseguir uns LPs do Rory Gallagher, muito mesmo, sem êxito. Já tinha visto alguns na internet, mas com preços abusivos. Como tenho alguns Cds originais e quase toda a discografia em arquivos digitais, estava esperando uma oportunidade e ela chegou. Encomendei com o Breno essa edição especial comemorativa de 40 anos do "Irish Tour '74", uma edição com três discos gravados em três datas e três palcos distintos entre os dias 28-29/12/73 em Belfast Ulster Hall; 02/01/74 em Dublin Carlton Cinema e 03-05/01/74 em Cork City Hall.
Nessa época, Rory já tinha quatro discos de estúdio e outro ao vivo, todos excelentes. Sou um fã do Rory desde quando ainda era da banda Taste, quando seus solos já me impressionavam. Com seus discos solo passei a admirá-lo ainda mais, suas músicas ficaram mais íntimas, ele sempre foi um cara tímido e romântico que se expressava e se entregava totalmente em forma de música.
Esta edição é um luxo, a qualidade de gravação é excepcional, Rory está acompanhado de apenas mais três músicos, um baixista(Gerry McAvoy), um baterista(Rod De'Ath) e um tecladista(Lou Martin), mas isso não deixa lacuna alguma no som, a banda estava afiadíssima. São apenas 16 faixas, mas considere mais que suficiente, porque é como se fosse um show completo, você se transporta para os teatros e sente toda a vibração e energia daqueles momentos e todo o feeling e intensidade do blues, é surreal.
O outro disco foi o "Against The Grain", gravado logo depois do Irish Tour '74 com a mesma banda. É outra pérola do Rory, músicas como "Let me In", "Ain't Too Good", "Brought and Sold", são de arrebentar, só para destacar algumas, mas o disco é de alto nível, excelente, um dos meus preferidos de toda a discografia.
Rory Gallagher foi um músico excepcional, um guitarrista admirado e reconhecido como um dos melhores de todos os tempos. Adoro também sua voz e sua interpretação. Sua música é blues, ou blues rock, não importa. O que sinto quando escuto Rory é emoção, é algo que vai além da técnica e beleza, é íntimo, tocante e marcante como uma flecha que atravessa o coração e vai até a alma. Sua alma estava no blues e a minha também está. Então, o que temos é um encontro espiritual.
Irish Tour '74(https://www.youtube.com/watch?v=qL-Br4zMWn0)
Against the Grain(https://www.youtube.com/watch?v=d9cPX374RJY)
terça-feira, fevereiro 16, 2016
Surfing with Icebergs
Tenho uma atração pelos países nórdicos que não consigo definir. Histórias de lutas, vikings, mulheres lindíssimas, natureza selvagem, tudo me atrai. Não sou chegado ao frio, e sei que lá é intenso, mas a natureza preservada, a beleza e a cultura do povo me fazem querer viver naquele ambiente. A música que vem sendo produzida por diversas bandas daquela região e as ondas que vem sendo descobertas e exploradas recentemente também são fortes atrativos. Crowd lá não existe, talvez apenas algumas focas, baleias e leões marinhos disputem com os surfistas os dias mais perfeitos, e talvez alguns ursos apareçam nas trilhas pelos icebergs até se chegar às ondas, mas nada disso me desanima. Islândia, quero te conhecer.
domingo, fevereiro 14, 2016
Bob Dylan - The Cutting Edge 1965-1966
Esta caixa foi um achado. Como já contei aqui, tinha ido buscar meus discos encomendados na casa do Breno e lá estava ela, no chão, encostada na parede, como que se oferecendo...Quando meus olhos lhe fitaram, puxei-a para meu colo e abracei-a como a uma amante, seria minha a partir daquele momento mesmo sem saber exatamente o que ela continha, tinha certeza que teríamos um caso de amor.
Ela é realmente linda! Ao abrí-la, o primeiro contato foi com um luxuoso livro com 55 páginas repleto de fotos e textos contando desde a chegada de Dylan a Nova York em janeiro de 1961, a cena local repleta de artistas em evidência, o envolvimento de tantas pessoas, os shows, a poesia, a história por trás de cada música, uma epopéia.
Três LPs e dois CDs compõem a caixa, são músicas que ficaram de fora dos discos oficiais, demos, ensaios e versões alternativas, todas gravadas em um período de 14 meses entre 1965 e 1966. É algo muito íntimo, mostra como uma ideia e alguns acordes chegam a uma música, ou não, porque algumas são descartadas antes de finalizadas, mas para nossa felicidade, ficaram todas gravadas.
Três LPs e dois CDs compõem a caixa, são músicas que ficaram de fora dos discos oficiais, demos, ensaios e versões alternativas, todas gravadas em um período de 14 meses entre 1965 e 1966. É algo muito íntimo, mostra como uma ideia e alguns acordes chegam a uma música, ou não, porque algumas são descartadas antes de finalizadas, mas para nossa felicidade, ficaram todas gravadas.
A música de Dylan é riquíssima, ele é um dos maiores compositores e poetas da música em geral, um grande artista, uma lenda viva ainda em atividade. Difícil dizer qual foi ou é sua fase mais importante, mais prolífica. Particularmente tenho maior apreço pelo que fez nos anos '60 e início dos '70, embora quase toda sua gigantesca discografia seja de alto nível.
Por enquanto, além de alguns poucos discos que tenho de Dylan, vou curtindo ao máximo essa belezura de raridades e descobrindo nuances em músicas até então desconhecidas. Tenho muito a descobrir e apreciar...
sexta-feira, fevereiro 12, 2016
O Coqueiral
Foi de um dia qualquer do ano de 1982 que tenho minha primeira lembrança desse lugar lindo e maravilhoso. Se estive lá em data anterior não lembro, mas daquele dia que cheguei com meu irmão, meu tio e sua namorada, sim, aquele ficou marcado para sempre.
Tinha apenas 14 anos, meu irmão entre 9 e 10. Começávamos a surfar e fomos levados por esse tio que já pegava onda e já conhecia a magia do lugar. Saímos de Aracaju em um Fiat Elba cinza com as pranchas sobre um colchão no teto do carro para passarmos quatro dias apenas surfando naquele "paraíso".
Temos uma foto datada que infelizmente não consigo encontrá-la, mas tenho-a na minha memória. Estamos em cima de uma duna, eu com a minha K&K verde, meu irmão com uma prancha que foi minha e meu tio com sua garota, todos com a cara da felicidade.
Durante esses dias, só surfávamos, comíamos e dormíamos, apesar dos milhões de mosquitos que nos atormentavam à noite na beira da praia onde ali mesmo fazíamos nossas refeições sob uma lamparina a gás.
Estávamos encantados com tudo, com a beleza da praia, com a força e perfeição das ondas, com a cor esverdeada do mar e dos pôr do sol que esperávamos ansiosos todos os dias para admirar e com aquele coqueiral que estendia-se no nosso horizonte.
Já se passaram mais de 30 anos, sempre voltando e sempre me surpreendendo e me encantando com tudo que aquele pequeno cantinho de praia me proporciona. Nesse tempo, fiz muitos amigos, também tive atritos, alimentei paixões, tive muitas alegrias, algumas tristezas, momentos de glória e de derrota, sorri muito e chorei também, vivi intensamente períodos curtos e outros que duraram férias inteiras.
Muita história tenho de lá, mas não o tenho como passado, pois sempre que posso ainda volto para sentir tudo de novo, afinal, temos pessoas e lugares que são especiais nas nossas vidas, e delas e deles não conseguimos nos separar.
Kelly Slater - 44 years old
O maior surfista de todos os tempos, o "ET" como é mais carinhosamente chamado, completa 44 anos ignorando as consequências e limitações que o tempo impõe a qualquer pessoa normal nesta terra. Sua longevidade ainda será motivo de muitas discussões e estudos. Sua capacidade de manter-se entre os melhores é inacreditável, seus títulos, suas conquistas, todos os seus recordes falam por ele. Talento, foco, vontade, muito trabalho e perseverança, inteligência, estratégia, são inúmeras as suas qualidades. Fez e mudou a história de um esporte. Ainda insiste em estar entre os garotos que com metade da sua idade são seus maiores fãs e hoje rivais. Além do extraordinário surfista que é, o maior exemplo de atleta para quem quer que seja, também destaca-se como empreendedor, empresário e músico.
Minhas poucas palavras para demonstrar a admiração e o respeito que tenho por este homem que há 25 anos me impressiona.
terça-feira, fevereiro 09, 2016
JJ Cale - Collected
Ontem, depois de quase seis meses de espera, meu amigo Breno chegou com meus discos. O que fazemos é algo semelhante ao que faço com o Leonardo Martins, meu amigo e "fornecedor" da Flórida, o cara da Classic Rock Brazil Store. O Breno é um baiano que mora na Bélgica e trabalha em uma das maiores lojas de discos da Europa. Ao longo do ano, ele vai comprando diversos discos de vários estilos e postando na sua página no Facebook e os interessados vão comprando. Só que diferente do Leonardo, ele não envia os discos, mas os traz pessoalmente quando vem ao Brasil, duas vezes por ano.
Desde a última vez em que esteve aqui, fiz duas compras, uma com sete discos e outra que encomendei e esperei ele trazer com oito discos do Led Zeppelin, estes da nova edição, duplos e triplos. Além das encomendas, ele costuma trazer muitos outros para vender a quem se interessar e também em algumas lojas em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte.
Sendo assim, fui buscar os meus na sua casa e aproveitei para ver os novos que tinha trazido, e como comprador/colecionador compulsivo que sou, comprei mais um triplo do JJ Cale e uma caixa do Bob Dylan e ainda deixei mais dez títulos reservados para pagar e pegar no próximo mês e em abril.
Pensei em fazer uma postagem com todos, mas mudei de ideia e vou mostrar um a um, ou juntos quando forem da mesma banda. Então, o escolhido para começar foi o que primeiro coloquei na pick up, esta linda coleção/compilação do JJ Cale.
Collected é um álbum triplo do mestre que foi tão admirado, copiado e gravado por Eric Clapton e tantos outros artistas. O cara nunca foi de aparecer, nunca gostou do mainstream, seu negócio era compor e gravar na sua fazenda e deixar que os outros fizessem sucesso com suas músicas. Não que ele nunca lançasse discos, pois sua discografia é extensa e excelente, embora dificílima de conseguir, principalmente em vinil, justamente devido a sua falta de divulgação.
Assim, quando vi este título entre os discos que o Breno trouxe sem encomenda, não vacilei e junto ao "The Cutting Edge", do Dylan, segurei logo antes que alguém o fizesse. Não sou muito adepto a coletâneas, prefiro os discos originais, mas como os LPs dele são raros e não tenho um sequer(embora tenha alguns em cds), fiquei com esse sem pestanejar.
Como esperado, é um disco fantástico! A compilação fora feita em 2006 e lançada em 2015 em homenagem ao falecimento de Cale ocorrido em 2013. Reúne faixas desde 1972 até 2004. A seleção foi muito bem feita, passa por todas as fases do cara e é uma excelente oportunidade para curtir em apenas três álbuns o melhor da carreira desse grande guitarrista e compositor que sempre viveu na obscuridade, por sua própria vontade. No livreto que acompanha o disco, algumas palavras de Cale expressam sua ideologia: "No, i never waited for the big success".
domingo, fevereiro 07, 2016
quarta-feira, fevereiro 03, 2016
Volcom Pipe Pro 2016
O WQS é um circuito "maratona", este ano serão ao todo 49 campeonatos ao redor do mundo, começou no início de janeiro na California e vai terminar no final de dezembro no Hawaii. É a porta de entrada para o WCT, mas os surfistas precisam selecionar algumas etapas para competir, pois seria impossível correr todas elas e somente são válidas as oito melhores pontuações.
As etapas tem valores diferentes que variam de 1.000 a 10.000 pontos, então isso faz toda a diferença na hora da escolha. Ontem foi finalizada a 5ª etapa, a primeira com valor de 3.000 pontos, na arena de Pipeline. O mar esteve perfeito por todos os dias de competição, e como há dois anos atrás, Kelly Slater foi o grande campeão. Entre os brasileiros, Ian Gouveia e Wigolly Dantas foram os que avançaram até o round 4.
Foram muitos e muitos tubos gigantes e perfeitos, performances de alto nível, mas quem realmente deu um show foram as incríveis ondas de Pipeline.
terça-feira, fevereiro 02, 2016
Moa Bones
Se escutarmos Moa Bones(Dimitris Aronis - 34) sem sabermos nada a seu respeito diremos que se trata de um cantor de folk americano. Este é o seu estilo e da sua música, gaitas, violões acústicos com órgãos e teclados tocados por ele mesmo. Sim, esta se trata de uma banda de um homem só. Mas o cara é um grego, então essas não são suas raízes, ele apenas deve curtir tanto este estilo que mergulhou na música do oeste americano para tomá-la para si e fazer deste seu segundo álbum uma agradável viagem para os campos e com certeza vai agradar a qualquer pessoa que goste de música suave, leve e simples como são as suas fontes de inspiração.
segunda-feira, fevereiro 01, 2016
Janeiro Macabro
Em 2015 foram vários os músicos do Rock 'n Roll que partiram desta para uma melhor, pelo menos é o que esperamos para eles. Entre os mais conhecidos estavam Scott Weiland(Stone Temple Pilots), Phil Taylor(Motorhead), BB King, Chris Squire(Yes), Percy Sledge, Andy Fraser(Free), Bob Burns(Lynyrd Skynyrd), só para citar alguns, e nos últimos dias do ano, foi Lemmy Kilmister, todos grandes perdas para a nossa música.
É até natural que muitos dos nossos queridos músicos dos anos 60 e 70 estejam partindo, pois a maioria deles já está na faixa dos 70 anos e todos sabemos como eles viveram intensamente naquelas décadas.
Este ano já começou bem pesado levando logo a estrela David Bowie, aos 69 anos. Uma perda imensurável.
Uma semana depois foi Dale Griffin, baterista do Mott the Hoople. Dale sofria de Alzheimer e tinha 67 anos.
Glen Frey, guitarrista e fundador da banda Eagles também se foi aos 67.
Talvez o dia 28 tenha sido o mais cruel, dois membros fundadores da Jefferson Airplane no mesmo dia, Signe Toly Anderson e Paul Kantner, coincidência demais.
Janeiro se foi levando grandes nomes, uma banda completa se encontra no céu, um vocalista homem e uma mulher, dois guitarristas, um baixista e um baterista. "Coincidência demais". Talvez alguém lá em cima tenha encomendado um show...
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