Uma reflexão, científica e filosófica, sobre os costumes e as ações humanas é a base para o estudo da ética, uma ciência que busca estudar a liberdade do homem, seus limites, como deve ser praticada diante do problema do bem e do mal, da consciência moral e da Lei.
Definir a ética ou o que é ético é absolutamente complicado e abstrato. Diretamente ligada aos costumes, a ética está em constante mutação e evolução. Em um mesmo tempo ou período, ou até em uma mesma região ou pais, pode-se questionar a ética. Um comportamento ético nada mais é do que um comportamento adequado aos costumes vigentes, e enquanto vigentes, ou seja, enquanto estes costumes tiverem força para coagir moralmente ou socialmente.
Partindo desse pensamento, é interessante levantar uma questão: se ser ético é viver de acordo com os costumes, é preciso entender os costumes, pois estes vêm da experiência de um povo, da sua história. Voltando bastante no tempo, veremos que não só os costumes, mas também os valores morais que os acompanham, as normas concretas, os ideais, e a própria sabedoria variaram muito de um povo a outro, e de uma época à outra.
Haveria uma ética absoluta que transcendesse o tempo? Acredito que não. A religião provavelmente foi quem primeiro definiu os conceitos morais e éticos, no entanto, nunca houve um consenso total entre as diversas religiões.
O grego Sócrates(470-399 a.C.) foi o primeiro a questionar esses princípios. Sua filosofia era a de "interrogar o interlocutor até que este chegue por si mesmo à verdade", sendo o filósofo uma espécie de "parteiro das idéias". Demasiado polêmico para a época, foi condenado à morte, pois a sua ética não se baseava simplesmente em seguir os costumes do povo, as Leis, mas sim na convicção pessoal, na formação da moral adquirida através de um processo de consulta ao seu próprio "eu".
Outro filósofo marcante foi Kant(1724-1804). Suas idéias buscavam uma igualdade básica entre os homens, uma ética de validade universal. Racionalista, defendia o agir pelo dever, porque é dever. Estimulava práticas morais que pudessem ser universalizáveis, isto é, uma ação moralmente boa é aquela que pode ser universalizável.
Pensadores atuais buscam como ideal ético a ideia de uma vida social mais justa, com a superação das injustiças econômicas a fim de se construir um mundo mais humano.
A liberdade sempre esteve diretamente ligada à questão da ética, da moral e das Leis, mas viver sob os princípios éticos e morais é viver de forma totalmente livre? Há quem questione se o homem é realmente livre. Sim, eu digo. Muito embora a sociedade nos imponha padrões, normas e até Leis condicionadas a sanções, pode o homem decidir, pelo seu saber, seguí-las ou não, arcando, consequentemente, com suas decisões.
O homem consciente, conhecedor do certo e do errado, do bem e do mal, tem o poder de escolha. Essa oportunidade, quando possível, é a sua garantia de liberdade e é também a causa da angustia humana.
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